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16 de maio de 2015

16 de maio de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
«A deferença dos tempos e longura das idades escondem ho 
saber das cousas e as metem em esquecimento».
- Pacheco Pereira, «Esmeraldo»


Fotografia de Beth Moon

Por Ana Pires

Não sei donde me vem este gosto de procurar saber sempre mais sobre aqueles que me antecederam, sobre aqueles cujo ADN partilho, sobre aqueles sem os quais eu não existiria. Comecei esta demanda já há alguns anos e lembro-me do gosto extasiado das primeiras descobertas, um gosto sempre renovado a cada nome, cada data, cada local que se soma ao que já sabemos. A minha percepção do tempo histórico mudou, como mudou e se ampliou o meu sentimento de pertença ao Território. Agora, quando viajo em certas zonas e leio nas placas toponímicas os nomes que conheço de outras grafias (e quase apetece escrever "graphias"), penso "no século XVIII andei por aqui"...
Tudo mudou claro, mas a curva do rio, o perfil do relevo na linha do horizonte, a cor das rochas permanecem os mesmos... e este sentimento é tranquilizante, de algum modo atenua o medo da Morte.
Outros por cá andaram. Outros por cá andarão depois da nossa partida. E, o sentimento de fazer parte deste contínuo de tempo e de espaço é quase palpável... e bom! Muito bom.
Depois, mesmo no espaço de poucas gerações é possível perceber como as circunstâncias jogam um papel tão decisivo no sucesso - ou insucesso - das famílias. E, isso, dá outro recorte a tudo o que conhecemos. Torna-nos mais gratos, devolve-nos uma outra noção de humanidade, do que, verdadeiramente, significa ser uma pessoa.


Não pensava escrever nada disto. Desculpem-me este desabafo. Aconteceu, simplesmente.
O que desejava, de facto, relatar tem a ver com o jogo insuspeitado de coincidências que levaram a uma grande descoberta e posso mesmo dizer, parafraseando o imortal Boggie "(to) the beginning of a beautiful friendship".

Não é fácil de explicar, mas vamos a ver se consigo:
Há pouco mais de um ano (7 de Março de 2014) conheci a Aida Caldeira. Eu tinha-me inscrito num grupo (Genealogia: Celorico de Basto e concelhos limítrofes) pois iniciava então o estudo da família do meu marido, cuja mãe é dessa zona. E foi isso mesmo que expliquei no post de entrada, acrescentando que tinha pouco a dar e muito a receber. Já não me lembro porquê mas a Aida perguntou-me donde era a minha sogra. "Do Codeçoso", respondi. "Oh, mas eu sou do Codeçoso"!
Convém aqui explicar que o Codeçoso são meia dúzia de pequenos conjuntos de casas ao longo da estrada... um daqueles lugares onde todos se conhecem.
"Como é que se chamava a sua sogra?"
"Maria Sara Teixeira" e, acrescentei, "vai ser muito frustrante estudar este ramo da família, pois ela era filha natural e ninguém sabe quem é o pai".

Aqui chegadas passámos para as mensagens privadas, cuja cópia com ligeiras alterações aqui deixo:
AIDA - A irmã mais velha da minha mãe, a minha Tia Maria, era casada com um irmão da sua sogra, o José!
EU - Oh my God!!! Mando-lhe esta fotografia de um encontro de família, tirada no Codeçoso em 1999. A senhora de avental era casada com um irmão da minha sogra. Julgo que se chamava Maria.


AIDA - Exatamente. É a minha Tia Maria e parece ser na Levada, onde ela morava. Ela morreu em 2003 com 80 anos. A minha tia Maria casou com José Teixeira, irmão de Maria Sara (por parte da mãe), Nunca o conheci, porque ele morreu afogado quando trabalhava na Barragem em Julho de 1969. Nunca tiveram filhos! Como a minha Tia Maria era mais velha que a minha mãe 23 anos (a minha mãe é a 10ª) e o meu avô morreu qdº a minha mãe tinha 5 anos, a minha mãe foi viver com eles...
EU - Olá Prima!
AIDA - É mesmo. Mas a melhor ainda está para vir.... Como sabe a sua sogra era filha ilegítima! Mas na aldeia todos sabiam quem era o pai! Chamava-se Avelino Pinto e por acaso é tão só pai da minha sogra....que acha disto??? Na família da minha sogra, a filha de solteiro do pai era assunto tabu...mas como eu e o meu marido andamos nestas andanças, e ainda por cima a minha tia era cunhada da Maria Sara, sabia da história!

Tenho mais histórias destas andanças genealógicas, mas nenhuma se compara a esta.
Devo acrescentar que o meu marido não chegou a conhecer o marido da Aida, seu primo direito (!) mas, teve a alegria de saber quem tinha sido o seu avô, informação que recebeu ao mesmo tempo que ouvia "Temos que nos encontrar".

E este "temos que nos encontrar" tão vibrante e genuíno - em tudo o contrário da rejeição de 1919 - foi o melhor de tudo.
Obrigada a ambos, queridos Primos. Temos que nos encontrar!

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