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1 de novembro de 2019

1 de novembro de 2019 por Manuela Alves comentários

Por Maria Isabel Frescata Montargil

Mais um texto desta série, desta vez da autoria da nossa amiga e colaboradora Maria Isabel Frescata Montargil , com a qualidade e o rigor imaginativo que já lhe conhecemos.

O TERRAMOTO DE 1755 E A ANA TERESA, DA ANUNCIADA (SETÚBAL)
(minha antepassada)
Era um dia santo , o 1º de Novembro.

Por Troino, pertinho do rio Sado, já quase- mar, Ana Teresa , a mulher de António Vidal, sabia-o. Trazia no ventre já pesado o seu primeiro filho. Que Deus o protegesse… que nascesse são, numa “hora pequenina” . Hoje, dia de Todos-os-Santos, depois dos fiéis defuntos, no dia que se seguiria. Sentia-se protegida ali … era sítio dos “seus”. Todos ali tinham nascido, em bairro de pescadores, de faina do mar, de salinas tão perto… Menos o avô António Mendes, pai da mãe: viera de tão longe, decerto com o padrinho de casamento, o capitão António Gomes Bravo. Tão novinho… nascido em Montalegre, terra de montanhas lá pelo norte, terra de neves e de serranias. Perto de Espanha. Todos o tinham conhecido menino ainda, já em Setúbal … Casara com a avó Maria da Cruz, já na Anunciada. Há mais de cinquenta anos … 

Ela, poucos meses antes, com o António Vidal. Também dali, claro. E um tanto à pressa, quando descobrira que … Temia as bocas do mundo, a Igreja e o Inferno ! O castigo pelos pecados … Tomara que o filho (ou a filha) nascesse bem ! 

Que a Srª da Anunciada a protegesse, que era o pedido que todos os do hospital da confraria dali faziam. E a Srª às vezes atendia … Que a confraria não tinha que obedecer ao Rei . mas apenas ao Papa, ouvira dizer … No Castelo, ali bem perto sim, o Rei mandava, mas na Igreja não … E era cada discussão entre o Sr. Padre e o Sacristão sobre a quem se devia obediência ! Coisa antiga, já … 

Era ainda manhã cedo, tinham repicado os sinos e muitos se encaminharam para as Igrejas …




Mas aquele foi afinal um dia diferente ! Sentiu que chão e paredes tremiam . Com força… como nunca sonhara ! E não apenas tremiam, como também caíam! Por toda a vila soavam gritos. E a igreja – a sua, a da Srª, a da confraria e do hospital – tinha fendas ! Que se abriam a olhos vistos !!! E as casas … E o ronco do mar , que vinha direito à terra !!! Abria também fendas a terra e jorrava água do mar, a ferver, até bem alto! Mesmo na sua frente … E o fogo, também ali e … acolá, e mais além! 

Coisa do Inferno, só poderia ser, naquele dia quente… Ou castigo de Deus por tanto pecado como mais tarde diria o Padre Malagrida, no exílio de Setúbal. Que o Sr. Ministro, Marquês de Pombal não era de se ficar … E também Malagrida iria experimentar o fogo, mas o da Inquisição …


Mas então já tinha nascido, são e salvo, o Francisco, o seu primeiro filho ! E já tinha também vindo ao mundo e à vila de Setúbal (tão diferente estava …) a Rosa Inácia, irmã do Francisco e minha antepassada também. 

Apenas ano e meio depois do terramoto 



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