Os acontecimentos ao longo da vida de um indivíduo,
suficientemente relevantes para serem registados em campo próprio, são
denominados Eventos pelos programas de genealogia. Todos os eventos devem incluir a respectiva fonte. Neste tutorial, que não pretende ser exaustivo, mas apenas oferecer algumas
ideias genéricas sobre registo de fontes nos programas de genealogia,
tentaremos dar resposta a perguntas que surgem frequentemente nos espaços de
discussão
online.
REFERÊNCIAS ÀS FONTES
Para além
de permitirem provar a ocorrência dos factos, o registo das fontes serve também de auxiliar de pesquisa.
São usadas pelos genealogistas para determinar o nível de confiança a atribuir
à informação veiculada, comparar informação recente com informação mais antiga,
ou ainda, localizar e consultar a fonte a fim de formarem uma opinião
independente. Se a fonte não é indicada, a informação e conclusões passam a
representar a opinião pessoal do autor, sem qualquer suporte para além da sua
hipotética credibilidade.
A fim de tirar o máximo partido das funcionalidades dos
programas de genealogia, deve-se evitar colocar a fonte em notas do evento,
excepto em casos pontuais, ou temporariamente, quando queremos apenas anotar
rapidamente para não esquecer. Logo que possível, deve-se adicionar a fonte no
local próprio. Desta forma, será mais fácil listar, ordenar e editar as fontes,
para além de permitir padronizar a forma como as fontes são impressas nos
relatórios, quer em rodapé quer na bibliografia.
Os programas de genealogia, em regra, dividem o registo de
fontes em 3 partes: repositório, fonte e citação.
REPOSITÓRIO
O Repositório é o local onde se encontra a fonte, também
chamado de Entidade Detentora, e pode ser de diversos tipos (arquivo,
biblioteca, cemitério...). Incluí campos para morada, correio electrónico,
telefone e página online.
Cota - Dependendo da tradução, este campo pode aparecer como
“Número de catálogo”, “Número de chamada”, ou outro. É aqui que deve ser
introduzida a cota da fonte utilizada pelo respectivo repositório.
Suporte – refere-se ao meio através do qual a fonte está
acessível (livro, microfilme, jornal, lápide …)
FONTE
A fonte é a origem da informação. Num inquérito realizado em
19/10/2015, no grupo do Facebook associado a este blog, obteve-se a seguinte
lista das fontes mais consultadas pelos membros do grupo:
Paroquiais
|
89
|
Notariais
|
33
|
Jornais e Revistas
|
25
|
Cemitérios
|
18
|
Arquivos de família
|
17
|
Genealogias e Nobiliários
|
19
|
Bases de Dados
|
18
|
Transmissão oral
|
16
|
Eclesiásticos
|
12
|
Monografias
|
11
|
Teses e Dissertações
|
10
|
Artigos em repositórios
|
6
|
Registos militares
|
4
|
Passaportes
|
5
|
Livros Electrónicos (e-books)
|
4
|
Censos
|
4
|
Judiciais
|
4
|
Informação Publica ou disponível
publicamente
|
2
|
Honras
|
2
|
Listas Fiscais
|
1
|
Anuário Comercial
|
1
|
O registo da fonte engloba os seguintes campos:
Título – No caso de fontes paroquiais, notariais e
semelhantes, não há uma regra específica. O mais importante é identificar os
livros de forma a serem rapidamente localizados na lista de fontes e que, na
impressão de relatórios, apareça de acordo com a preferência de cada um.
Alguns exemplos:
- ADB
PRQ Espinho B-450 Livro Misto 1563/1691 (iniciais do arquivo, paróquia,
cota, tipo de livro, datas)
- PT/UM-ADB/PRQ/PBRG12/001/0001
Misto 1563/1691 (Referência do livro, tipo de livro, datas)
- PT/UM-ADB/PRQ/PBRG12
Espinho Misto 1563/1691 (Referência da paróquia, nome da mesma, cota,
tipo, datas)
- ADB/PRQ/PBRG12
B-450 Misto 1563/1691
Note-se que no exemplo 2, como se trata de um livro misto, a
referência dá a indicação de que são baptismos. Os casamentos do mesmo livro
têm a referência PT/UM-ADB/PRQ/PBRG12/002/0010 e os óbitos PT/UM-ADB/PRQ/PBRG12/003/0019.
Isto pode tornar-se confuso e obrigar à criação de 3 ou 4 fontes para o mesmo
livro. Se quisermos criar apenas uma fonte para o misto, será melhor usar um
título semelhante ao exemplo 1, 3 ou 4.
A informação no título está relacionada com a informação de
autor. Se em Autor se puser o nome da paróquia, não será necessário repeti-la
no título.
Autor – o autor, ou autores, da obra citada. Podem ser
indivíduos ou colectividades (Câmara Municipal de Esposende, por exemplo). Se forem múltiplos autores, nada impede que
se use apenas o nome do primeiro autor seguido da expressão et al. Para os paroquiais pode
colocar-se aqui o nome da paróquia.
Abreviatura – uma abreviação do título, útil para títulos
longos, é também usada por alguns programas para simplificar a listagem interna
das fontes. Por exemplo, se o título da fonte for “Particularidades do
Parentesco Português: A Memória do Nome de Família Feminino e a sua Outorga aos
Filhos”, podemos abreviar para apenas “Particularidades do Parentesco Português”,
sem perder a referência ao título completo.
Publicação – informação relativa ao local onde foi publicada
a obra, ano da publicação, editora, quando se aplica.
Repositório – Se já existir na base de dados, apenas será
necessário seleccioná-lo, caso contrário, pode-se adicionar um novo a partir da
janela da fonte.
Galeria – local onde é possível adicionar objectos multimédia.
A galeria da fonte é mais apropriada para adicionar multimédia relacionada com
a própria fonte. Para as imagens das referências a eventos e indíviduos dentro
da fonte, como é o caso de um assento de baptismo, é preferível usar a galeria da
Citação.
CITAÇÂO
Uma única fonte pode conter informações relativas a vários
eventos, ou a vários indivíduos. Por esse motivo, a estrutura da fonte, nos
programas genealógicos, incluí um mecanismo para diferenciar múltiplas
referências dentro da mesma fonte. São as chamadas “Citações”, ou “Detalhes da
fonte. O seu propósito é apontar para uma parte específica da fonte onde se
encontra a informação. É aqui que devem ser registadas as informações relativas
ao volume, capítulo, página ou fólio, que inequivocamente localizam a
informação. Se a fonte se encontra online, pode-se também incluir o número da
imagem. Exemplo: fl. 135v, assento nº 3, img 138
Data de registo na fonte – útil, sobretudo quando a data em
que a informação foi registada na fonte é diferente da data em que ocorreu o
evento, por exemplo: um baptismo realizado num determinado ano, mas registado
no livro vários anos mais tarde.
Confiança – refere-se à qualidade da informação e está
relacionada com o tipo de fonte. Pode ser primária ou secundária e, dentro
destas, a qualidade pode ser maior ou menor. Normalmente os programas oferecem
várias opções de escolha.
Texto – campo para a transcrição do texto da fonte.
Galeria – local onde podem ser adicionadas as imagens
(imagem do registo paroquial citado, por exemplo).
Programas diferentes podem incluir outras opções. Note-se
que nem todos os campos correspondem a etiquetas padrão do GEDCOM. O software pode criar etiquetas próprias
para gravação no ficheiro ged. Os
programas podem ainda ter abordagens diferentes, alguns mais elaborados, outros
mais simplificados, mas todos incluem as opções fundamentais para a correcta
identificação e localização da fonte.
SOBRE AS IMAGENS
Evento – Esta secção é onde se colocam as imagens
relacionadas directamente com o evento, tais como as fotografias de um
baptizado, ou casamento.
Fonte
– Normalmente não há necessidade de adicionar imagens na fonte, mas há
situações em que pode ser útil. As imagens de uma Inquirição de Genere, caso
nos interesse guardar todo o documento, podem ser adicionadas aqui, uma vez que
todo o documento constituí uma fonte. Pode-se, inclusive,
criar um documento PDF com essas imagens e adicionar apenas este ficheiro. Este documento pode ser
a fonte de vários eventos. Como já existe na fonte, não será necessário adicionar
imagens dele nas citações, apenas o nº. de página onde consta o evento. Outra
situação em que poderá ser útil é nas fontes de arquivos pessoais, digitalizadas
pelos proprietários e que, normalmente, não se encontram disponíveis
publicamente e nem sempre estão acessíveis físicamente a todos os familiares.
Citação
– É o local ideal para adicionar a imagem a que a citação se refere, como é o
caso dos assentos paroquiais.
SOBRE AS COTAS
Alguns arquivos usam a mesma cota para várias fontes. É o caso do Arquivo Distrital de Braga que repete a cota para vários livros paroquiais de freguesias diferentes. Nestes casos, a cota não chega para identificar a fonte no arquivo, sendo necessário indicar também a paróquia.
Por vezes, pode ser necessário registar também a cota antiga. Se nos servimos de uma fonte publicada há algum tempo (como é o caso de trabalhos de genealogistas), é possível que as cotas referidas sejam as antigas. Ao registá-la, evitamos perder tempo a procurar a cota nova, caso volte a ser necessária no futuro.
EXEMPLO - REGISTO PAROQUIAL
Uma vez que as fontes paroquiais são as mais utilizadas, localizámos um registo paroquial num livro existente no
Arquivo Distrital de Braga, de onde foram colhidas as seguintes informações:
• Arquivo Distrital de Braga
• Contactos: (....)
• Página online:
http://www.adb.uminho.pt/
• Paróquia de Espinho
• Baptismos 1811/1854
• Refª. : PT/UM-ADB/PRQ/PBRG12/001/0005
• Cota: B-454
• Suporte: livro
• URL:
http://pesquisa.adb.uminho.pt/details?id=1008512
• Fólio 67, Registo 1, Imagem 68
• Data de registo na fonte: 23/7/1853
• Texto: (...)
• Imagem:
Esta informação foi inserida da seguinte forma no programa de genealogia (clicar na imagem para aumentar):
Em jeito de conclusão, relembramos que, acima de tudo, a única regra é identificar e permitir localizar, inequivocamente, o documento citado. O formato a adoptar será aquele que melhor se adapta à preferência de cada um, não esquecendo que a consistência ajuda a manter uma base de dados de fontes funcional e de rápido acesso. Dada a grande variedade de programas, o ideal é começar por estudar a forma como o software escolhido processa as fontes e, a partir daí, optar por um modelo abrangente, que se adapte a todo o tipo de fontes.
Publicado em: Fontes, Tutoriais
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