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22 de janeiro de 2022

22 de janeiro de 2022 por Manuela Alves comentários

 Indignos de servir: os candidatos rejeitados pelo Santo Ofício português (1680-1780) Luiz Fernando R Lopes, 2018

"Tendo como fontes prioritárias de investigação as Habilitações Incompletas do Tribunal do Santo Ofício, esta tese busca analisar o que foi a política de rejeição da Inquisição portuguesa, privilegiando tanto o aspecto institucional quanto a dimensão social. É interesse maior deste estudo compreender como funcionavam os procedimentos da instituição para se empreender a reprovação de candidatos a agentes inquisitoriais, revelando quais foram os mais frequentes roteiros administrativos seguidos e os principais fundamentos utilizados pelo tribunal para negar o provimento, bem como suas transformações ao longo do tempo. Esta pesquisa lança luzes sobre os dois principais grupos sociais rejeitados pela Inquisição, os infamados como cristãos-novos e como mulatos, buscando revelar quais foram suas estratégias para tentar alcançar a admissão no tribunal e como se deram suas contraditas diante do óbice. Por fim, a investigação concentra-se nas Minas Gerais setecentistas para desvelar o perfil social dos rejeitados da capitania e, por meio do cruzamento das habilitações fracassadas com fontes cartoriais dos arquivos mineiros, revelar, em alguma medida, o que se fez com a rejeição nesta sociedade colonial."

4 de abril de 2020

4 de abril de 2020 por Manuela Alves comentários
Agradecemos ao António Filipe Rebola Rosado a partilha deste ficheiro  de que é co-autor com o Nuno Gonçalo Pereira Borrego  que proporcionará informações de carácter genealógico sobre algumas familias  do Alto Alentejo, vítimas das perseguições inquisitoriais.



2 de novembro de 2019

2 de novembro de 2019 por Maria do Céu Barros comentários

Por Rui Faria

Falar de Braga na primeira metade de Seiscentos é retratar uma cidade impregnada do espírito contra reformista, onde não havia lugar à diferença no que toca ao rito oficial. As dinâmicas comerciais que se faziam sentir, remontam ao século anterior, enraizadas entre a comunidade cristã-nova. A exemplo de outras comunidades do país, algum do fervor religioso mais exacerbado que se vislumbra em Seiscentos, foi propagado por membros destas linhagens que a custo tentavam limpar a mácula no sangue, distanciando-se dos passados, sem nunca abandonar o espírito de sacrifício e a extraordinária capacidade para um incansável recomeçar, quase que inscrito nos genes dos perseguidos pelo Tribunal que se dizia Santo.

Um destes personagens foi Pedro de Aguiar, Familiar do Santo Ofício, descendente da comunidade sefardita bracarense, que, cansado de ver as perseguições a que eram sujeitos os infamados, alinhou no status quo e abraçou a empreitada de limpar a mácula de seu sangue. 

O singelo testemunho de Valério Pinto “homem que sabe todas as notícias antigas de Braga” refere que

na era de mil seiscentos e vinte até mil seiscentos e vinte e cinco houvera na cidade de Braga muitas prisões pelo Santo Ofício, e que por esse motivo as mais das pessoas limpas de infecta nação e possantes se meteram familiares do Santo Ofício e que um deles fora o dito Pedro de Aguiar. 

Mas desenganem-se os que pensam que Pedro renegou os seus, pelo contrário, diz-se que avisou «uns judeus muito ricos que fugissem tendo ele ordem do Santo Ofício para os prender».

De seu casamento, quis Deus que dos vários filhos nascidos nenhum sobrevivesse aos pais; como tal, Pedro de Aguiar, perseguindo o seu objetivo, investiu o capital amealhado de uma vida em obras pias. Fundou «o recolhimento das beatas do Campo de Santa Ana, que hoje são professas como consta da escritura feita a oito de maio de mil e seiscentos e trinta e um deixou vinte e cinco mil reis de renda cada ano ao Santíssimo Sacramento da Sé de Braga fez mais no hospital de Braga a Capela de São Marcos com trinta mil reis de renda cada ano como consta de um epitáfio que está no altar da dita capela que diz o seguinte: esta capela mandou fazer Pedro de Aguiar familiar do Santo Ofício mandou fazer a capela do Nascimento de Nossa Senhora à Branca, e nela rezam seis capelas e para tudo deixou rendas o dito Pedro de Aguiar e consta de um epitáfio que está no lado esquerdo da dita capela que diz esta capela do Nascimento do Senhor mandou fazer Pedro de Aguiar familiar do Santo Ofício faleceu o dito Pedro de Aguiar a vinte e cinco de dezembro de mil seiscentos e cinquenta e seis como consta do letreiro que se vê escrito na sua sepultura na mesma capela que diz aqui jaz Pedro de Aguiar familiar do Santo Ofício e deixou à Misericórdia de Braga muitos dinheiros que andam a juro e do procedido deixou que se casassem as órfãs que fossem suas parentas».

kwADBraga

19 de outubro de 2017

19 de outubro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Já aqui temos falado das Habilitações do Santo Ofício como fontes muito importantes na pesquisa genealógica. Se é certo que os paroquiais, de longe a longe, nos permitem apreender alguns vislumbres da realidade daqueles tempos, é nas habilitações que encontramos as fatalidades, os embaraços pelos antepassados de infecta nação, a ambição a par do desespero perante o desvendar  de vergônteas inconvenientes, as deslocações e ausências da terra natal, ecos de um império impossível, a ilegitimidade, a amizade e a rivalidade... enfim, todo um escrutinar de vidas cujo propósito, com fins nada honrosos aos olhos de hoje, gerou resmas de folhas que nos ajudam a escrever a história das nossas famílias para lá do mero acumular de nomes e parentescos.

Serve esta pequena reflexão de introdução à carta que aqui se partilha, datada de 1695, transcrita de uma habilitação (com alguns arranjos para maior facilidade de leitura), onde nos é dada notícia das andanças de Sebastião Gonçalves e de sua mulher Verónica Dias, bisavós do remetente, vítimas da peste e exemplos de luta pela sobrevivência nesses tempos tão adversos. Nela encontram também a explicação da origem de um apelido.



Meu primo (…) 

Já creio saberá V. Mercê como o Reverendo Dr. Provisor nas inquirições da habilitação (...), saiu com seu despacho, pedindo faça declaração da origem do avô materno chamado Sebastião Gonçalves e, tirando informações (…), me informaram ser filho de Salvador Gonçalves e de sua mulher Verónica Dias, moradores que foram (…) nas casas que ficam por cima das de Jerónimo de Magalhães, na esquina da viela ou travessa que vai para a rua de Trás-o-Terreiro dos Padres Loios, que são as que ficam contíguas às casas do dito Jerónimo de Magalhães, e que nelas ficaram vivendo o dito Salvador Gonçalves, pelo seu ofício de cabeiro, e que aí nascera o dito meu avô e outra sua irmã, Maria Ferreira, que foi a mãe de Maria Carneira (…), isto antes que houvesse a peste nesta cidade que parece foi no ano de 1581, conforme o que achei nas sepulturas que estão fora do postigo de Santo António desta cidade, aonde dizem estão enterradas as pessoas que morreram de peste, e não consta houvesse desde então semelhante mal nesta cidade. O que suposto dizem que quando Salvador Gonçalves, antes que houvesse a peste e sendo então o dito Sebastião, meu avô, criança, o mandaram (…) para casa de seus irmãos, que dizem eram sete irmãos moradores na rua do Bairro da dita freguesia (…), dos quais V. Mercê também procede, e a um dos ditos irmãos se chamava Cabeça de Leitão, donde procederam ao depois os Leitões ou Leitoas suas filhas. E que o motivo que houve para se chamarem ao depois de apelido dos Leitões, foi porque, como estivesse o dito irmão de Salvador Gonçalves doente de doença que foi necessário cortar o cabelo, indo à dita igreja rapado, lhe chamaram então as moças daquela freguesia Cabeça de Leitão. E que, como nesta cidade apertasse o dito mal da peste, se foram o dito Salvador Gonçalves e a dita Verónica Dias dela fugindo e levaram em sua companhia a dita Maria, sua filha, que ainda então criavam ao peito por ser criança; e que, chegando à dita freguesia donde era natural, o dito seu irmão o não quis recolher, com o pretexto e receio de que iam ferrados da peste, e lhe fizeram uma barraca ou cabana no monte pegado à dita freguesia, para lá viverem, e lhe levavam de comer e, com efeito, indo o dito Salvador Gonçalves com sua mulher e filha para a dita cabana, sucedeu, daí a dias, morrer nela o dito Salvador Gonçalves, o qual sua mulher enterrou e para isso lhe deram mortalha acochada, e ficou a dita sua mulher vivendo alguns dias, criando ao peito a dita sua filha Maria, até que sucedeu chegar aos termos de morrer e, sentindo-se desta sorte, pediu mortalha e se enterrou a si própria até aos peitos que deixou de fora para a dita criança neles mamar enquanto pudesse. E que, sabendo-se desse desespero, fora o juiz ou ouvidor daquela terra e freguesia e tiraram a dita criança e, para se acabar de criar, apenaram e constrangeram uma mulher de leite, a qual mandaram pôr em outra barraca ou cabana que para isso fizeram; e sucedeu escapar do dito mal a criança e mulher, e que a dita criança se criou ao depois na dita freguesia, em casa dos ditos parentes, aonde era tratada por a menina do milagre em razão de ter escapado do dito mal de peste, até que veio a ser enamorada do morgado (…) que teve a dita filha (…) que veio a falecer religiosa no convento de Santa Clara desta cidade. E que, tendo notícia disso, o dito Sebastião Gonçalves, seu irmão e meu avô, que nesta cidade estava trabalhando de cabeiro, se foi à dita freguesia a buscar a dita irmã para a matar por se haver desonestado com o dito morgado que saiu com seus criados a impedi-lo, de que resultou brigas e pancadarias e houveram feridos e por essa causa a não tratou mais por irmã… 


9 de outubro de 2017

9 de outubro de 2017 por GenealogiaFB comentários
A fim de facilitar a pesquisa de habilitações a cargos no Santo Ofício, em 2016 elaborámos índices de todos os processos existentes no ANTT, aqui publicados. Existem muitos erros de transcrição e até de ortografia nas descrições da DGLAB, um dos motivos pelos quais a pesquisa no Digitarq é pouco produtiva. Para verificar e corrigir tudo gastaríamos imenso tempo (somos apenas três pessoas), pelo que optámos por não mexer. O facto de estar tudo no índice permitiria a cada um localizar mais facilmente as pessoas que procuravam, ainda que os seus nomes não estivessem totalmente correctos.

Agora, em colaboração com o Repositório Histórico, foi criada uma base de dados para estes processos. Qualquer utilizador pode aí pesquisar a partir da página de índice, e pode também, simultaneamente, indexar o processo, ou processos, que consulta. Estará, assim, a contribuir para o enriquecimento da base de dados, seja pela adição de informações em falta (naturalidades, pais, avós, etc), seja pelo envio de correções a possíveis erros que detectem. 

Clique na imagem para aceder à base de dados
Uma das grandes vantagens desta base de dados é permitir ainda a indexação de cônjuges, ou futuros cônjuges, também habilitados pelo Santo Ofício, o que aumenta imenso as possibilidades de pesquisa.

A pesquisa é livre, mas contamos com a colaboração de todos. Caso se verifique uma elevada desproporção entre consultas e indexação,  a pesquisa na base de dados poderá, eventualmente, ser restringida àqueles que para ela contribuem, continuando, no entanto, a ser gratuita.

Há projectos que são, e serão sempre, gratuitos. É o caso do Repositório Histórico, com quem o GenealogiaFB colabora activamente, participando também na sua gestão, e um leque crescente de colaboradores que fazem isto exclusivamente por gostarem de o fazer, porque acreditam nas vantagens da livre circulação da informação, porque acham que estão a contribuir para o desenvolvimento cultural da sua região e do país, assim como da Genealogia em particular.
A parte informática do projecto é desenvolvida gratuitamente por uma empresa da área. Porque o faz pro bono, faz todo o sentido que o Repositório Histórico faça a respectiva atribuição na sua página, tal como o faz para todos os colaboradores.

Agradecemos à M Eduarda Fernandes, à Cláudia Gil, ao Manuel Silva Lopes, ao Fernando Correia, ao João Carrilho, à Conceição Oliveira e ao Carlos Maia, a disponibilidade e simpatia com que responderam ao nosso pedido de ajuda na fase de testes desta nova ferramenta, assim como toda a colaboração prestada.

Os ficheiros Excel continuam disponíveis aqui, mas não serão actualizados. Recomendamos, por isso, vivamente a utilização da base de dados no Repositório Histórico.


Série ANTT
Índice
Descrição
Habilitações
15[?]-18[?]
Diligências de habilitandos a diversos cargos do Tribunal do Santo Ofício, predominantemente para o de familiar.
Habilitações Incompletas
1588-1820
Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações Incompletas
Habilitações de Mulheres
1606-1818
Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações de Mulheres



31 de outubro de 2016

31 de outubro de 2016 por GenealogiaFB comentários
O Tribunal do Santo Ofício, simultâneamente régio e eclesiástico, foi criado em 1536 e extinto em 1821. Era coadjuvado pelo Conselho Geral, criado em 1569 pelo Cardeal D. Henrique. Ao Conselho Geral competia a apreciação e despacho das diligências de habilitação dos ministros e familiares do Santo Ofício. 

Carta de Familiar do Santo Ofício de Manuel Martins Silveiro - Câmara Eclesiástica do Arcebispado de Évora



Esta documentação encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), existindo ainda processos por digitalizar. Pode, no entanto, ser solicitada ao arquivo cópia digital de processos que eventualmente nos interessem e ainda não estejam disponíveis online. Cerca de um mês após ter sido efectuada a digitalização, os documentos são disponibilizados na página do arquivo, passando a estar acessíveis a todos.

Todos estes processos podem ser pesquisados no Repositório Histórico, onde tem vindo a ser feita a indexação dos mesmos.

Serviam este tribunal: Inquisidores, Deputados, Promotores, Notários, Qualificadores, Comissários, Meirinhos, Alcaides, Guardas, Porteiros, Solicitadores, Médicos, Cirurgiões, Barbeiros e Familiares.
A admissão destes Ministros e Familiares era precedida de um inquérito rigoroso à genealogia e à conduta cívica, moral e religiosa de cada habilitando, que deveriam estar de acordo com as qualidades exigidas pelo Regimento - instrumento normativo inspirado nas normas inquisitoriais espanholas, adaptado às características políticas, sociais e religiosas do país. 

Os habilitandos deviam saber ler e escrever, viver abastadamente, serem capazes de manter segredo sobre os negócios do Santo Ofício, aspecto de suma importância mas nem sempre respeitado, não possuírem infâmia alguma de facto e de direito, nem sangue de «infecta nação» (judeu, mourisco, negro ou cigano) ou culpas de judaísmo (a partir de 1774); não podiam exercer profissões consideradas infamantes e deviam ter capacidade reconhecida para o cargo.

No processo de habilitação, os candidatos, que tanto podiam ser nobres como plebeus, apresentavam as suas naturalidades, moradas, profissões e genealogias: quem eram os seus pais e avós, os cônjuges e respectiva parentela, eventuais filhos ilegítimos ou naturais, e outros parentes, sobretudo aqueles que possuíam cargos no Santo Ofício, nomeadamente Familiares. Os Familiares do Santo Ofício não podiam casar sem autorização do Conselho Geral. Quer fossem já admitidos ou ainda pretendentes, tinham de apresentar os mesmos dados relativos ao futuro cônjuge.

Decorria depois um processo de averiguação e confirmação, as chamadas Diligências, durante o qual eram recolhidos os depoimentos de testemunhas que conheciam bem os habilitandos e respectivos cônjuges, assim como as suas genealogias, vidas e costumes.

A familiatura era vista como um privilégio que conferia estatuto social aos seus possuidores. Com ela se provava a «pureza de sangue», pelo que não surpreende que fosse especialmente ambicionada pelos que padeciam de fama de cristã-novice, chegando alguns a gastar somas consideráveis com as despesas decorrentes das várias diligências solicitadas e das deslocações que faziam a Lisboa, onde por vezes tinham de permanecer vários meses. Note-se, no entanto, que «face ao detectado em milhares de habilitações, poder-se-á conjecturar que a mácula de cristã-novice não constituiu um óbice intransponível. O sucesso ou insucesso de razoável número de pretensões dependeu da inserção, ou não, desses habilitandos em redes de influência e cumplicidade» (Figueiroa Rego, 2009). Quem se ausentava para o Brasil, ou outras terras de além-mar, tinha também especial interesse nestas cartas que funcionavam como justificação da sua qualidade nas comunidades de destino.

As funções dos Familiares consistiam na prisão dos réus nas terras onde não existisse tribunal, ficando na sua posse as chaves das casas dos mesmos, na notificação das testemunhas que seriam ouvidas pela Inquisição, no acompanhamento dos presos nos dias dos autos-da-fé, entre outras. Além da carta de Familiar obtinham ainda uma insígnia, cuja ostentação estava restrita a ocasiões específicas, como, por exemplo, quando efectuavam prisões.

A abundância de dados genealógicos existente nestes processos, confere-lhes um especial interesse em Genealogia. O seu estudo permite, em inúmeros casos, conhecer ascendências impossíveis de descortinar noutro tipo de documentação, oferecendo-nos, por acréscimo, os retratos sociais e psicológicos dos habilitandos e das suas famílias.



Fontes:
Bruno LOPES - «Os Familiares do Santo Ofício de uma localidade do Sul de Portugal (Arraiolos): perfil social e recrutamento»
Eugénio CUNHA e FREITAS - «Familiares do Santo Ofício no Porto»
João FIGUEIROA REGO - «"A Honra alheia por um fio": os estatutos de limpeza de sangue nos espaços de expressão ibérica (sécs. XVI-XVIII)»
Arquivo Distrital de Évora - International Archives Day

26 de outubro de 2015

26 de outubro de 2015 por Manuela Alves comentários
«As principais funções dos Familiares estavam ligadas à máquina policial do Santo Ofício, cabendo-lhes executar as prisões de suspeitos de heresia, sequestrar os bens dos condenados, nos crimes em que coubesse confisco, e efectuar diligências a mando dos inquisidores. Havia ainda Familiares médicos, que examinavam os presos e avaliavam sua resistência à tortura.

No Arquivo Nacional da Torre do Tombo encontram-se os processos de habilitação dos Familiares do Santo Ofício português, incluindo os do Brasil. Esses processos incluíam diligências exaustivas sobre o sangue e a conduta do postulante, de sua esposa (caso a tivesse) e dos seus parentes até os avós. Um simples rumor apurado nessas diligências poderia prejudicar a habilitação, havendo casos de indeferimento por "sintoma de mulatice" em algum parente, ou por "nódoa de sangue judaico" na família. Os que passavam pela prova obtinham, além da familiatura, privilégios consideráveis, como a isenção de certos impostos, além do prestígio social - expresso na ostentação da medalha de Familiar - de ser alguém de confiança da Inquisição.»
in Wikipedia

O Dr. Jorge Hugo Pires de Lima, então Conservador no ANTT, publicou, em  datas que não tive ainda ensejo de averiguar,  na  Revista do Arquivo de Aveiro  ( public. trim.  1935 – 1976)  "O Distrito de Aveiro nas habilitações do Santo Ofício"  que agora se disponibiliza aqui em ficheiro PDF. São mais de 2000 registos, ordenados por ordem alfabética dos nomes próprios, onde constam a filiação e avoenga, além de outros dados de interesse genealógico. Não estão registados só os naturais do distrito de Aveiro, mas todos os que a ele estiveram ligados, por filiação, por casamento ou por funções que nele tenham exercido. 
O PDF é pesquisável: carregue nas teclas ctrl+f para abrir a caixa de pesquisa. Tecle lá o nome a procurar.
Uma última nota para chamar a atenção para o facto de freguesias do concelho de V.N.Gaia, do Distrito do Porto, terem pertencido ao Distrito de Aveiro.

Publicado pela primeira vez em 28.07. 2014

kwADAveiro

6 de outubro de 2015

6 de outubro de 2015 por Manuela Alves comentários
O interesse da Paula nos artigos da autoria de Pedro de Azevedo, publicados no Archivo Historico Portuguez Vol. IX 1914 e Vol. X 1916, que existem na Biblioteca Municipal do Porto, chamaram-me a atenção para o interesse da sua divulgação junto de todos aqueles que investigam as suas origens familiares e que também nem sempre dispõem facilmente do acesso às fontes.

Os volumes onde foram publicados não estão disponíveis online, no entanto podem ser consultadas aqui as fotocópias (pdf pesquisável) desses artigos de Pedro de Azevedo. Estes textos tratam de familiares do Santo Ofício, todos de Vila Real, suspeitos de serem, ou descenderem, de cristãos-novos, com transcrições parciais de processos consultados.

Da introdução feita pelo autor, ressaltamos, em grafia actualizada, o excerto seguinte:


"Em continuação das minhas pesquisas sobre a família do romancista Camilo, compulsei grande número de processos dos familiares do Santo Oficio, naturais e residentes de Vila Real e deles retirei o que havia sobre indivíduos recusados e suspeitos. Por estes processos vim a ganhar a convicção de que o aparecimento numa família de familiares, cavaleiros de ordens militares ou eclesiásticas, tanto seculares como regulares, e de bacharéis em direito, não prova que ela fosse de origem cristã-velha.
Um comissário do Santo Oficio que se deixasse subornar por interesses pessoais ou materiais podia dirigir o inquérito de forma que, um individuo mais que suspeito no sangue fosse dado por limpo, o que é confirmado por casos que se amontoam, quanto mais nos apartamos do século XVI, período em que ainda estavam na lembrança as origens cristãs e judaicas de cada um.
Para aumentar a confusão sucede, que no século XVI e principio do século XVII não havia disposição que proibisse a entrada nas ordens religiosas e na nobreza a cristãos-novos e como mais tarde era ignorada esta circunstância, dava-se como prova da limpeza de sangue de uma família a existência nela de eclesiásticos e cavaleiros.
A ciência ainda não tirou bem a limpo a questão da mestiçagem de raças e a consequente mistura de qualidades a elas inerentes. Quanto a Portugal, o que se pode afirmar, é que depois do século XV se deu uma forte inquinação de sangue israelita, porque não tendo a Inquisição destruído todos os hebreus aqui residentes em grande número, nem tão pouco tendo eles emigrado em proporção notável, segue-se que aqui ficaram aderindo de corpo e alma à religião cristã. Temos ainda hoje entre nós algumas famílias notáveis que mal sonham na existência dos seus orientais antepassados. Nos distritos orientais (Bragança e Guarda) ainda se conserva a lembrança de famílias puras e judias, porém no resto do país já ela se obliterou.
Os extractos que fiz dos processos de habilitações de Vila Real provam o que digo em geral."
Pedro de Azevedo

Do Archivo Historico Portuguez, estão digitalizados 4 volumes, disponíveis online através do archive.org:
Volume I - 1903 : Volume IV - 1906 : Volume V - 1907 : Volume VI - 1908

kwADVilaReal

30 de julho de 2015

30 de julho de 2015 por Manuela Alves comentários
Neste conjunto encontram-se processos  a pessoas acusadas  de diversos crimes de blasfémia,  de heresia, em todas as suas versões, de feitiçaria, de bigamia, de sodomia e suspeitos de ideais maçónicos. Mas apesar da sua variedade, em termos numéricos ficam muito aquém dos processos movidos aos acusados de judaísmo.


Com as leis pombalinas, a Inquisição viu sair da sua alçada as funções de censura  e foi equiparada aos outros tribunais régios O regime liberal deu~lhe a machadada final quando as Cortes Constituintes , em 1821,  decretaram a sua extinção.



PROCESSOS INQUISIÇÃO DE ÉVORA - OUTROS PROCESSOS

DISTRITODISTRITODISTRITO
BEJACASTELO BRANCOÉVORA
FAROGUARDALEIRIA
PORTALEGREOUTROS DISTRITOSAÇORES-IMPÉRIO
OUTROS PAÍSESNÃO IDENTIFICADOSLISTA GERAL
kwADÉvora
por Manuela Alves comentários
Com a indexação dos processos do Tribunal do Santo Ofício de Évora, conclui-se este conjunto de instrumentos de investigação genealógica centrados na investigação das raízes cristãs-novas, por parte daqueles que procuram conhecer melhor os seus antepassados.  
No blogue e nas mensagens dedicadas a esta problemática encontram bibliografia acessível on line que permitem contextualizar as informações veiculadas, bem como auxiliar a leitura e interpretação dos processos.


A tabela dos processos segue o mesmo modelo da tabela de Inquisição de Lisboa, com as diferenças inerentes às disparidade das descrições arquivísticas, bastantes vezes a exigir uma revisão da leitura documental de forma a corrigir erros, mas que não foi possível na falta de digitalizações.
Finalmente, e a jeito de conclusão: melhor poderia talvez ter sido feito com mais tempo, mas preferimos  concluir o tema, deixando material de trabalho para os tempos livres de férias e mais disponibilidade de tempo para as nossas próprias investigações genealógicas.

Os restantes processos que não envolvem cristãos-novos foram publicados num post separado.




PROCESSOS INQUISIÇÃO DE ÉVORA - CRISTÃOS-NOVOS

DISTRITODISTRITODISTRITO
Lista GeralLista XNOVOSNão Identificados
BejaBragançaCastelo Branco
ÉvoraFaroGuarda
LisboaPortalegreSantarém
SetúbalOutros DistritosOutras Origens
kwADÉvora

10 de julho de 2015

10 de julho de 2015 por Manuela Alves comentários
Depois da publicação dos índices de todos os processos do Tribunal da Inquisição de Lisboa pela Paula, é altura de dar seguimento à busca das raízes cristãs- novas  através dos processos do Tribunal da Inquisição de Lisboa relacionados com cristãos-novos, que se encontram todos digitalizados. 
Recomenda-se vivamente a leitura do primeiro post desta série Em busca das raízes cristãs-novas I.


A coluna do Excel intitulada Distrito é referente aos Distritos actuais das localidades mencionadas na naturalidade e, na sua falta, na morada destinada à localização dos Arquivos onde poderão ser procuradas informações genealógicas complementares.




PROCESSOS INQUISIÇÃO DE LISBOA - CRISTÃOS-NOVOS

DISTRITODISTRITOREGIÃO
AveiroLeiriaAçores
BejaLisboaMadeira
BragaPortalegreÁfrica-Ásia
BragançaPortoBrasil
Castelo BrancoSantarémEspanha
CoimbraSetúbalOutras Nações
ÉvoraViana CasteloNão Identificados
FaroVila Real
GuardaViseuLISTA GERAL
kwADLisboa
por Manuela Alves comentários
Como o nosso propósito inicial, ao indexar os processos da Inquisição de Coimbra,  era proporcionar um instrumento de investigação das raízes cristãs-novas dos nossos antepassados, deixamos de parte os outros processos em que os acusados não eram declarados como sendo cristãos-novos, total  ou parcialmente.
São todos esses outros processos da Inquisição de Coimbra que aqui se indexam, com ligação directa NA LISTA GERAL ao documento do ANTT (digitalizado ou nao) com a referência possível aos Distritos/Concelhos como se encontram agrupados nos Arquivos Distritais ou similares. de forma a permitir a sua ligação com outros tipos de fontes.


PROCESSOS INQUISIÇÃO DE COIMBRA (Outros Processos)

DISTRITO
DISTRITO
Aveiro Porto
Braga Viana Castelo
Bragança Vila Real
Castelo Branco Viseu
Coimbra Outros Distritos
Guarda Ultramar
Leiria Outros Países
Portalegre Não Identificados
Lista Geral
kwADCOIMBRA

4 de junho de 2015

4 de junho de 2015 por Paula Peixoto comentários
Tribunal simultaneamente régio e eclesiástico, inseria-se na política de centralização do poder. A sua criação e os seus membros estavam ligados à Igreja, mas todo o funcionamento era superiormente controlado pelo rei.
O Tribunal do Santo Ofício estendeu a sua acção a todo o país e a quase todos os territórios submetidos à Coroa portuguesa no longo período da sua existência (1536-1821).
As leis pombalinas, a que declarou abolida a distinção entre cristãos novos e cristãos velhos e a que equiparou o Santo Ofício aos outros tribunais régios, retirando a censura da sua alçada, fizeram o Santo Ofício perder a sua anterior vitalidade. O regime liberal deu o golpe final à Inquisição portuguesa: em 1821 as Cortes Gerais Constituintes decretaram a sua extinção.
Fonte ANTT



PROCESSOS INQUISIÇÃO DE LISBOA

NATURALIDADE / DISTRITO ÍNDICE








NATURALIDADE / PAÍS ÍNDICE
AVEIRO Excel ÁFRICA/ÁSIA Excel
BEJA Excel BRASIL Excel
BRAGA Excel ESPANHA Excel
BRAGANÇA Excel OUTRAS NACIONALIDADES Excel
CASTELO BRANCO Excel

COIMBRA Excel ÍNDICE GERAL EXCEL
ÉVORA Excel Se detectou um erro no nome, naturalidade, ou outro, do(s) seu(s) familiare(s), p.f. informe-nos para que possa ser rectificado.
Comunicar Correcções aos índices
FARO Excel
GUARDA Excel
LEIRIA Excel
LISBOA Excel
PORTALEGRE Excel
PORTO Excel
SANTARÉM Excel
SETÚBAL Excel
VIANA DO CASTELO Excel
VILA REAL Excel
VISEU Excel
AÇORES Excel
MADEIRA Excel
SEM NATURALIDADE/INCOMPLETA Excel
kwADLisboa

17 de março de 2015

17 de março de 2015 por Manuela Alves comentários
Com a publicação dos índices do Tribunal da Inquisição de Coimbra, relativos aos processos por Judaísmo, damos mais um passo na busca das raízes cristãs novas, que interessam muitos dos nosso pesquisadores.

Duas palavras se impõem desde já: um objectivo deste blog  é proporcionar instrumentos de investigação para  as buscas genealógicas, elaborados com base nos documentos disponíveis on line, fruto da nossa própria experiência amadora, sem veleidades de nenhuma especialização e que partilhamos com outros amadores, como nós interessados nesta temática. Assim, conhecimentos especializados sobre esta problemática deverão ser procurados em outras fontes.

Os índices aqui publicados - um trabalho moroso, quer pelo número de processos, quer pela dificuldade inerente à inconsistência das descrições arquivísticas, a exigir intervenção manual casuística - contêm uma coluna  titulada Distrito, referente aos Distritos e Concelhos actuais das naturalidades mencionadas, destinada à localização dos Arquivos onde poderão ser procuradas informações genealógicas complementares, já que a indicação dos Bispados associados à localidade é de localização mais difícil.

Os índices dos processos que não envolvem cristãos-novos foram publicados num post separado.

O ANTT tem dado continuidade à organização e descrição destes processos. Por esse motivo, elaborámos também uma listagem simples de todos os processos descritos na Torre do Tombo, da Inquisição de Coimbra, em 12/04/2016. Os processos referentes a cristãos-novos, vão assinalados com um "x" na coluna Cristãos-Novos. Para listagens mais detalhadas, consulte o quadro mais abaixo.


Em 1541, D. João III ordenou que fosse "feita a Inquisição" nos bispados do Porto, Lamego e Coimbra. O estabelecimento da Inquisição em Coimbra foi confiado a D. Bernardo da Cruz, bispo de São Tomé, e a Gomes Afonso, prior da Colegiada de Guimarães. O cardeal D. Henrique dirigiu-lhes as primeiras instruções para o seu funcionamento, datadas de Évora, a 5 de Setembro. Foram as primeiras normas portuguesas, uma vez que até então o Tribunal português se regera pelas espanholas.
Os regimentos (1552 e 1570), respectivamente da Inquisição e do Conselho Geral, estipulavam que cada tribunal visitasse periodicamente as zonas que lhe estavam adstritas, o chamado distrito da Inquisição, que no caso de Coimbra correspondia à zona norte do país. Após o perdão geral concedido em 1547, o tribunal de Coimbra foi encerrado, só voltando a ser reaberto em 1565. 

(Fonte A.N.T.T)


PROCESSOS INQUISIÇÃO DE COIMBRA - CRISTÃOS-NOVOS

DISTRITO DISTRITO
AVEIRO LEIRIA
BRAGA PORTALEGRE
BRAGANÇA PORTO
CASTELO BRANCO VIANA CASTELO
COIMBRA VILA REAL
GUARDA VISEU
OUTROS DISTRITOS ESPANHA/OUTROS PAÍSES
NÃO IDENTIFICADOS LISTA GERAL




Ficheiros anteriores (os processos são os mesmos contidos nos ficheiros do quadro acima)
Inquisição Coimbra - Proc. por judaísmo I - por Código de Referência

8 de março de 2015

8 de março de 2015 por GenealogiaFB comentários
Com base no Reportorio geral de tres mil oito centos processos, que sam todos os despachados neste sancto Officio de Goa & mais partes da India, do anno de Mil & quinhentos & secenta & huum , que começou o dito sancto Officio atè o anno de Mil & seis centos & e vinte & tres, com a lista dos Inquisitores que tem sido nelle, & dos autos públicos da Fee, que se tem celebrado na dita Cidade de Goa, redigido pelo deputado e promotor João Delgado Figueira, este site «fornece à comunidade acadêmica e ao público interessado a sistematização do Reportorio sob a forma de uma base de dados descarregável, assim como um introdução ao documento e a transcrição dos curtos textos que precedem o inventário de João Delgado Figueira.»


A base de dados existe em formato Access e formato Excel e pode ser transferida através do site Reportorio. Encontram as instruções de uso, no estudo introdutório.

Caso não consiga aceder à página, pode também descarregar o ficheiro Excel clicando aqui.

Sobre os processos da Inquisição, aconselhamos também a leitura deste post, onde se explica a relevância dos mesmos em Genealogia.

11 de agosto de 2014

11 de agosto de 2014 por Manuela Alves comentários
Em Portugal, a lenda negra da Inquisição nunca passará a cor-de-rosa. Há nos Arquivos 40 000 processos que o impedem.

Arlindo Correia*

A procura das raízes cristãs novas na investigação da genealogia familiar, ou porque os antepassados viveram numa região de forte implantação cristã-nova, ou porque uma inquirição de genere levantou suspeitas sobre a "mácula" de sangue judeu num longínquo avoengo do habilitando, nosso parente, é um problema que se coloca a muitos de nós.

E não é uma procura fácil, como terão ocasião de comprovar, quando se embrenharem nos meandros dos processos. Vão ter que se meter na pele de um detective, honesto e exigente, empenhado na procura da verdade, que nada aceita , sem o fazer passar por um crivo crítico.

São os processos da Inquisição fontes privilegiadas para essa investigação. e o excelente artigo de Arlindo Correia  Os Processos da Inquisição  um guia precioso para aprender a consultá-los.

*Arlindo Correia, advogado, actualmente aposentado, é autor de numerosos trabalhos, sobre a temática da Inquisição, disponibilizados on line. Pelo seu rigor, patente na bibliografia, na indicação das fontes e na fundamentação das perspectivas, é um dos "meus autores de eleição".

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