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1 de fevereiro de 2021
1 de fevereiro de 2021 por Manuela Alves
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Vasco Gil de Soverosa era filho de Gil Vasques de
Soverosa, e sua segunda mulher Sancha
Gonçalves de Orvaneja, O pai era um rico-homem
das cortes de D.Sancho I (* 1154-+211), D.Afonso II (*1185-+1223) e D.Sancho II
(*1209-+1248), que desde 1205 até 1240, foi tenente de Basto, em 1207 e em 1234-1235, de Sousa, e de Barroso entre 1207 e 1240, e ainda de
Panóias e de Montalegre, em datas desconhecidas.
Vasco Gil era meio-irmão de Martim Gil de Soverosa, o
poderoso valido de D. Sancho II.
Juntamente com os outros seus irmãos poderá ter acompanhado Martim Gil no exílio, uma vez que, com
aqueles, esteve na conquista de Sevilha, em 1248, tendo sido beneficiado pelo
respectivo «repartimiento», de 1253,. O seu exílio é compreensível, atendendo,
por um lado, ao parentesco com figuras intimamente ligadas a D.Sancho II, e,
por outro, pelo seu comprometimento directo nos sucessos bélicos de 1245-47,
tendo mesmo sido aprisionado pelas tropas do Bolonhês, em 1246, na tomada de
Leiria.
O Nobiliário do conde D. Pedro informa-nos que Vasco na sua juventude terá tomado ordens menores com vista a uma
carreira eclesiástica, mas posteriormente casou
com Fruilhe Fernandes de Riba de Vizela, filha de Fernão Anes "Cheira"de Riba de
Vizela e Maria Mendes da Silva, casamento de que resultaram cinco filhos. Foram meus 24ºs avós.
Vasco Gil detinha bens na Galiza, como se comprova por um
acordo feito em 1289, entre os herdeiros
do seu irmão Manrique Gil, além do património herdado de seu pai, entre os
quais avulta a honra de Ribelas, no julgado de Tarouca. Pelo seu matrimónio
acedeu a alguns bens importantes, como a honra de Pessegueiro, no julgado de
Sever.
Regressou a Portugal por volta de 1255, e em 1258,
é mencionado nas Inquirições Gerais que se lavraram nesse ano. Terá
falecido, em data desconhecida, após 1258.
Entre as suas poesias, seleccionei três, cada um representativa dos três géneros presentes nos cancioneiros galaico-portugueses.
Ai mia senhor! quero-vos preguntar:
pois que vos ides e eu nom poss'ir
vosco per rem, e sem grad'a partir
m'hei eu de vós e de vosco morar,
ai eu cativo! por Deus, que farei?
Ai eu cativo!, que nom poderei
prender conselho, pois sem vós ficar!
Nom sei hoj'eu tam bom conselhador
que me podesse bom conselho dar
na mui gram coita que hei d'endurar,
u vos nom vir, fremosa mia senhor.
Ai eu cativo!, de mi que será?
Ai eu cativo!, que hei por vós já
viver em cuita, mentr'eu vivo for!
E os meus olhos nom podem veer
prazer em mentr'eu vivo for, per rem,
pois vos nom virem, meu lum'e meu bem!
E por aquesto querria saber:
ai, eu cativ'!, e que será de mim?
Ai eu cativ'!, e mal dia naci,
pois hei de vós alongad'a viver!
|
Quando se foi noutro dia daqui
o meu amigo, roguei-lh'eu, por Deus,
chorando muito destes olhos meus,
que nom tardass'e disse-m'el assi:
que nunca Deus lhi desse
de mi bem
se nom veesse mui ced',
e nom vem.
Quando se foi noutro dia, que nom
pud'al fazer, dixi-lh'eu, se tardar
quisesse muito, que nunca falar
podia mig', e disse-m'el entom:
que nunca Deus lhi desse
de mi bem
se nom veesse mui ced',
e nom vem.
Nom sei que x'est ou que pode seer
por que nom vem, pois que lho eu roguei,
ca el mi disse como vos direi
e sol nom meteu i de nom poder,
que nunca Deus lhi desse
de mi bem
se nom veesse mui ced',
e nom vem.
Nom sei que diga, tanto m'é gram mal
do meu amigo, de como morreu,
ca mi diss'el, u se de mi quitou,
e nom sacou ende morte nem al,
que nunca Deus lhi desse
de mi bem
se nom veesse mui ced',
e nom vem.
|
A moça aflige-se
porque, dias antes, quando se foi embora, o seu amigo lhe jurou, perante os
seus rogos e lágrimas, que voltaria muito em breve, e agora não vem. Nessa
despedida, ela até lhe tinha dito que não voltaria a falar com ele, se se
demorasse, de modo que não compreende o que se passa, pois ele garantiu-lhe
taxativamente que viria, sem mesmo mencionar um eventual impedimento ou mesmo
a morte. E o mais certo, pois, é ter mesmo morrido.
|
Vasco Gil, Afonso X
- Rei D. Afonso, se Deus vos perdom,
desto vos venho [a vós] preguntar;
[si]quer ora punhade de mi dar
tal recado, que seja com razom:
quem dá seu manto, que lho guard'alguém,
e lho não dá tal qual o deu, por en
que manda [i] o Livro de Leon?
- Dom Vaasco, eu fui já clerizom
e Degreda soía estudar;
e nas escolas u soía entrar
dos maestres aprendi tal liçom:
que manto d'outrem nom filhe per rem;
mais se o m'eu melhoro, faço bem,
e nom sõo por aquesto ladrom.
- Rei Dom Afonso, ladrom por atal
em nulha terra nunca chamar vi,
nem vós, senhor, non'o oístes a mim,
ca, se o dissesse, diria mal;
ante [o] tenho por trajeitador
(se Deus mi valha, nunca vi melhor)
quem assi torna pena de cendal.
- Dom Vaasco, dizer-vos quer'eu al
daqueste preito, que eu aprendi:
oí dizer que trajeitou assi
já ũa vez um rei em Portugal:
houve um dia de trajeitar sabor
e por se meter por mais sabedor,
fez [alguém] cavaleiro do Hespital.
|
A tenção é uma cantiga em que intervêm dois trovadores,
que discutem, em estrofes alternadas, uma questão entre si. O primeiro a
intervir é considerado, nos manuscritos, o autor da cantiga. O seu
interlocutor tem de manter, na sua resposta, o esquema formal proposto na 1ª
estrofe (métrico, rimático, etc.); a cada interveniente cabe o mesmo número
de estrofes (ou ainda de findas, se a composição as tiver).
A composição deve datar, como sugeriu Carolina Michaelis, do primeiro
ano do reinado do Afonso X de Leão e Castela, o Sábio (1252). Recentemente, William Kurtz
fez o estudo detalhado da cantiga,cujo resumo aqui transcrevo
Vasco Gil e Afonso X tratam de um assunto concreto (preito), com um
protagonista qualificado como trajeitador articulada a partir de uma
suposição legal no campo da jurisdição civil processual (posse e retorno
alterado de um manto, manto que por sua vez era um indicador de classe e
senhorio; com o acrescento de se opor à antiga legislação herdada (Livro de
Leão) o novo Direito (Decreto)
estudado nas escolas e pelo qual está explicitamente interessado o rei. Este
trajeitador é comparado a um rei que houve em Portugal.
|
Considera W.
Kurtz que não ir para além da leitura
literal e da estrutura do poema sem a aprofundar com uma leitura adicional dos seus seus níveis
simbólicos seria trair a própria hermenêutica
e a escolha explícita da poesia galego-portuguesa para palavras subentendidas Então,
o rei em Portugal que originalmente trajeitou
e aquele com quem é comparado seriam D. Afonso Henriques e D. Afonso III.
Ambos os reis começaram a exercer o domínio não com a
categoria de reis, mas chegaram a tal condição mais tarde (eles modificaram a
natureza do seu senhorio, de seu manto, eles o transformaram) e, em ambos os
casos, o apoio recebido da estrutura eclesiástica, foi essencial para isso.
O último verso fez
[se] cavaleiro do Hospital poderia ser interpretado, como um alusão ao
facto de que o primeiro rei português feudalizado o reino ao papado.
Esta hipótese explicaria assim os todos os elementos do
poema: Vasco Gil estaria perguntando a
Afonso X a sua opinião sobre a mudança de estatuto de Afonso de Bolonha
por comissão do Papa Inocêncio IV e quer saber o que a lei diz sobre isso.
Afonso X responde-lhe que, tendo estudado leis, sabe que não
se deve aceitar o senhorio do reino de ninguém
(manto d’outrem nom filhe per rem ), mas que não é delito
melhorar o que de facto se tem Vasco Gil responde que não quis fazer tal
acusação, ainda que considere que Afonso III transformara o que tinha , e o
termo que usa “ trajeitador” tem uma
evidente carga negativa. Finalmente, Afonso X termina o poema, recordando que o
que Afonso III não difere muito do que outrora fizera Afonso Henriques,
fundador da dinastia e da monarquia portuguesa, com apoio eclesiástico.
Publicado em: Divagações Genealógicas
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14 de julho de 2019
14 de julho de 2019 por Manuela Alves
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Memórias genealógicas, um trovador perpetuando uma memória portuense e uma dedicatória à dinâmica Rosário, que dirige a Biblioteca dos Assuntos Portuenses no AHMP e que de cuja amizade granjeada nos trabalhos no “nosso” Arquivo me honro - eis as razões para este post.
Já tinha concluído há muito, o capítulo das minhas escrevinhices genealógicas dedicado aos Briteiros, meus avoengos trovadores paternos, quando no decorrer das investigações actuais, fui surpreendida pela existência de um pequeno cantar de índole trovadoresca relacionado com um deles e referências ao meu berço geográfico. Daqui foi um pulo até aos “domínios” da minha amiga Rosário a ver o que me trariam os artigos de O Tripeiro pela pena de José Carlos Ribeiro Miranda, professor da Faculdade de Letras da U.P.
E eu, cujos antepassados esgotaram a veia poética, nem me restando sequer uma gotinha de inspiração para alinhavar uma quadra para um mangerico de S. João, mas apenas uma admiração incondicional para os trovadores dos anos 60[1], limito-me a partilhar convosco a síntese de um artigo, publicado na revista “O Tripeiro” nº 6/7 (1995), p. 197-200, acrescentados com pequenas notas interpretativas.
Pois nom hei de Dona Elvira[2]
seu amor e hei sa ira,
esto farei, sem mentira:
pois me vou de Santa Vaia[3],
morarei cabo da Maia[4],
em Doiro, antr'o Porto e Gaia.
Se crevess'eu Martim Sira,
nunca m'eu dali partira
d'u m'el disse que a vira:
em Sam [J]oan'e em saia.
Morarei cabo da Maia,
em Doiro, antr'o Porto e Gaia.
seu amor e hei sa ira,
esto farei, sem mentira:
pois me vou de Santa Vaia[3],
morarei cabo da Maia[4],
em Doiro, antr'o Porto e Gaia.
Se crevess'eu Martim Sira,
nunca m'eu dali partira
d'u m'el disse que a vira:
em Sam [J]oan'e em saia.
Morarei cabo da Maia,
em Doiro, antr'o Porto e Gaia.
Inicialmente atribuída por Carolina Michaëlis, embora com reservas, a Rui Gomes de Briteiros, meu 20º avô, foi depois atribuída a Martim Soares, autor de uma cantiga de escárnio, Pois bõas donas som desemparadas, em que censura o “rapto” protagonizado pelo infanção Rui Gomes de Briteiros de uma neta do Conde D. Mem Gonçalves de Sousa, o Sousão, como forma de ascensão social. Mais recentemente foi revisitada como uma cantiga de amor, com características menos usuais e da autoria de Rui Gomes de Briteiros[5].
Trata-se de um texto em que o enunciado é assumido por uma voz masculina, declarando a intenção de proceder a uma acção que visa propiciar o favor de uma mulher - Dona Elvira - que adoptara até então uma atitude hostil às iniciativas desse mesmo sujeito masculino. Esta acção em perspectiva que recebe a caução de uma terceira personagem - Martim Sira - que entretanto a aconselhara traduz-se na ideia expressa no refrão Morarei cabo da Maia,/em Doiro, antr'o Porto e Gaia.
E conclui, e com ele, eu também:
Se é verdade que o cantar dos trovadores veio a consagrar por intermédio da linguagem da vassalagem amorosa uma conservador atitude de aceitação dos princípios do serviço vassálico e, sobretudo de resignação dos mais jovens perante a dificuldade da Imposição social por via do casamento hipergâmico*, tal não significa que a própria cultura trovadoresca não tenha sido capaz de dar forma a atitudes completamente opostas fossem elas no plano da idealidade, fossem na transposição literária de casos e situações do domínio concreto. Este texto é disso exemplo paradigmático. Embora o nosso trovador manobrasse também com destreza os modelos retóricos e temáticos da vassalagem de amor […] a sua opção é agora diversa porque bem diferente parece ser a sua atitude ao fixar a atenção no mundo feminino. Afinal estamos para por genuíno cantar de amor ao qual, no plano da realidade, venha corresponder um rapto, como se entre a ficção literária E essa mesma realidade houvesse uma insuspeitada continuidade narrativa.
[1] Ver a versão integral do poema escrito em 1963 e incluído no livro _Praça da Canção (1965) escrito por Manuel Alegre . A versão cantada por Adriano Correia de Oliveira é musicada por António Portugal aqui
[2] Elvira Anes da Maia (ou de Sousa) - uma das netas do poderoso Conde D. Mem Gonçalves de Sousa, o Sousão. Nascida por volta de 1210, e desde 1226 à guarda da linhagem materna por morte do pai, terá sido raptada por Rui Gomes de Briteiros, talvez em 1230, com ele casando e dele tendo tido sete filhos. Leontina Ventura e Resende de Oliveira desconfiam da efectividade deste "rapto", que não é referido no Livro Velho, que refere apenas o casamento), mas apenas pelos dois seguintes (o Livro do Deão e o do Conde D. Pedro).
[3] Existia uma igreja de Santa Ovaia de Arouca, para além de duas povoações chamadas Santa Ovaia no distrito de Viseu, uma perto de Tondela e outra perto de Oliveira do Hospital
[4] Maia era o território do pai de D. Elvira, João Peres da Maia
[5] António Resende de Oliveira e José Carlos Ribeiro Miranda, Dois estudos trovadorescos, Porto, 1993.
[2] Elvira Anes da Maia (ou de Sousa) - uma das netas do poderoso Conde D. Mem Gonçalves de Sousa, o Sousão. Nascida por volta de 1210, e desde 1226 à guarda da linhagem materna por morte do pai, terá sido raptada por Rui Gomes de Briteiros, talvez em 1230, com ele casando e dele tendo tido sete filhos. Leontina Ventura e Resende de Oliveira desconfiam da efectividade deste "rapto", que não é referido no Livro Velho, que refere apenas o casamento), mas apenas pelos dois seguintes (o Livro do Deão e o do Conde D. Pedro).
[3] Existia uma igreja de Santa Ovaia de Arouca, para além de duas povoações chamadas Santa Ovaia no distrito de Viseu, uma perto de Tondela e outra perto de Oliveira do Hospital
[4] Maia era o território do pai de D. Elvira, João Peres da Maia
[5] António Resende de Oliveira e José Carlos Ribeiro Miranda, Dois estudos trovadorescos, Porto, 1993.
* Nota minha: Hipergamia é um termo usado em Sociologia, para o acto ou prática de uma pessoa de uma determinada condição social se casar com outra de condição social superior.
Publicado em: Arquivos Municipais, Divagações Genealógicas
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18 de maio de 2019
18 de maio de 2019 por Manuela Alves
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Onde a tua pessoa, onde o que eras tu? …
Que é de ti?
Eis que começa a tua longa viagem para a vertigem das eras, para a desaparição do silêncio dos milénios. Sim, agora vives para mim porque te sei.
Que é de ti?
Eis que começa a tua longa viagem para a vertigem das eras, para a desaparição do silêncio dos milénios. Sim, agora vives para mim porque te sei.
Virgílio Ferreira, in Aparição.
Na sequência de uma conversa no grupo sobre como preencher as lacunas documentais, sem pôr em causa o rigor genealógico, a Maria David Eloy deu testemunho com alguns exemplos retirados da sua própria prática, em que a honestidade genealógica não fica beliscado pela escrita mais "livre e imaginativa" que tivermos , se colmatarmos as falhas existentes de certo tipo de informações com o que pudermos "retirar" das entrelinhas, usando "talvez", “quem sabe", "provavelmente", "possivelmente"...etc. que foram sugeridos por outros interlocutores.
Para memória futura e com o nosso agradecimento, aqui se partilham pequenos excertos que a Maria David Eloy escreveu:
Por Maria David Eloy
Francisco Lopes Preto -11°avô
Não seria fácil, com toda a certeza, deambular pelas ruas do lugar e escutar os sussurros que se escapavam da boca dos coscuvilheiros da terra, à sua passagem. A terra era bastante pequena, um simples lugar onde todos se conheciam e as novidades espalhavam-se com o vento. Talvez fosse mesmo um misto de compaixão, da parte de uns, quem sabe um misto de vingança, da parte de outros, quando eles murmuravam entre dentes "...lá vai o filho da queimada...”. Quem o viu nascer, crescer, tomar corpo, não podia imaginar para que fados o destino o empurrara. Ou talvez não, se fosse caso de ser pessoa atenta e soubesse olhar à sua volta, com olhos de ver, olhos do corpo e olhos da alma. Mas nem seu próprio padrinho, António Mendes, que foi o vigário da Fatela e tinha outra preparação, mal podia imaginar os sofrimentos que aquele menino iria ter, ao longo da vida, quando lhe deu o nome na pia baptismal da Igreja de S. Martinho, ali mesmo no lugar do Fundão. Já quanto ao que teria passado pela mente da sua madrinha, tia paterna dele, de seu nome Beatriz Rodrigues, e que já vira muito sofrimento na família, ela sabia que este seria uma constante ao longo da sua vida, como tinha acontecido antes com todos os parentes mais ou menos próximos e continuaria a ser no futuro, enquanto a maldita Inquisição durasse.
Nas suas declarações, nada acrescentou ao que dela exigiam, antes pelo contrário. Sem grandes exercícios de imaginação, quase podemos vislumbrar uma atitude de desafio perante os presentes quando se justificava, face aos erros que lhe apontavam, que ”no tempo em que andava errada não confessava estes erros a seus confessores por os não ter por tais e não crer na confissão nem nos mais sacramentos da Igreja, os quais tomava e fazia as mais obras de cristã por cumprimento do mundo”.
A sentença foi cumprida no Auto de Fé do dia 5 de Abril de 1620. Era domingo. Tinha quarenta anos e deixara inconsoláveis os seus três filhos.
Francisco Manuel não mais voltou a ser o mesmo. Desde a morte da mãe que se habituara a ouvir os tais sussurros, à sua passagem, “...lá vai o filho da queimada...”. Podemos imaginá-lo a voltar o rosto, de raivas contidas, direito à maledicência, respondendo com altivez “sou filho da queimada, sim, e depois??...”.
Diogo Mendes Pereira - 7° avô
Naquela manhã do dia 30 de Janeiro, a vila da Covilhã devia estar soberba, sob o costumado manto branco que a cobria, mal começava o inverno. Corria o ano de 1692. Será fácil imaginar a velha igreja de S.Pedro, na sua pedra encardida, granito amarelado a puxar para uma paleta de cinzentos, alguns pingentes de gelo tombando em estalactites da torre sineira e o piso térreo exterior, irregular e de pedra solta, empapado de lamas e de bostas. Ali os invernos eram rigorosos. Seria assim porque naqueles tempos o tempo ainda era cheio de rotinas e cada estação era bem demarcada nos calendários, que a agricultura seguia e tornava lei.
A verdade é que quase todas as denúncias se resumem sempre à mesma ladaínha: observância dos jejuns e do shabat, com a inerente roupa lavada, azeite limpo e torcidas novas para as candeias, restrições no consumo de carne, utilização de vasilhames novos em caso de falecimento de algum membro chegado da família.
Quando Branca Maria, mulher de Duarte Navarro, denunciou, foi isso mesmo que disse e o escrivão registou numa caligrafia inclinada e estilosa: “...disse mais que haverá quatro anos, na vila da Covilhã, em casa dela confitente, se achou com Diogo Pereira, seu parente, ...consertando na sexta feira à tarde a candeia com azeite limpo e torcida nova, a qual havia de estar em casa todo o dia de sábado, faziam jejum no dia grande do mês de setembro, estando todo o dia sem comer nem beber, desde o pôr-do-sol até ao outro dia às mesmas horas, e antes deste jejum faziam outro chamado de capitão, oito dias antes, e mais três no ano…”
Francisco Mendes Paredes -10º avô
Preso Francisco Mendes Paredes, é lógico que toda a família se começou logo a movimentar na execução das estratégias, tanto mais que ainda não tinha decorrido um mês sobre o acontecimento e já o édito de prisão para Branca Rodrigues, sua mulher, era publicado em 22 de Dezembro. O palavreado era bem claro “…mandamos a qualquer Familiar ou Oficial do Santo Ofício…a prendais com sequestro de bens, presa a bom recato com cama e mais fato necessário a seu uso e cinquenta mil réis em dinheiro para seus alimentos, a trareis e entregareis debaixo de chave ao alcaide dos cárceres secretos …”. Assim se fez, com o zelo costumado, sendo entregue nos ditos cárceres em 16 de Janeiro de 1664.
Publicado em: Cristãos-novos, Divagações Genealógicas, Passado feito Vida, Testemunhos
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25 de setembro de 2018
25 de setembro de 2018 por Manuela Alves
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Continuação da parte I
Dos Sequeira Machado aos Sequeira Lobo
6.3 José nasceu a 22.5.1839 em Vermoim, Igreja Velha e morreu a 10.6.1840 em Vermoim, Igreja Velha.
Dos Sequeira Machado aos Sequeira Lobo
1. Teodósia de
Miranda Machado, filha de Manuel Machado de Miranda e sua mulher Maria
Marques Ferreira, nasceu no Porto, S. Nicolau casou com João de Sequeira Monteiro, filho de Baltasar de
Sequeira, natural do Porto, e sua mulher D. Maria dos Santos Nogueira (+
Vermoim, Assento da Igreja, 30.10.1706, viúva). D. Teodósia faleceu, viúva na
Quinta da Igreja Velha em 2.11.1755.
Tiveram
2. Alexandre de
Sequeira Machado nasceu em Vermoim, lugar da Igreja e foi baptizado a 7.7.1696,
sendo Padrinhos o vigário Ambrósio
Pereira e a avó paterna. Morreu a 17
.11. 1743 em Vermoim, Quinta da Igreja.
Casou em 30.5.1724 em S. Tiago de Castelões com Josefa Joana
da Costa de Azevedo, filha primogénita legitima de João da Costa Azevedo, senhor da Quinta de Valmelhorado, em Castelões e da Quinta da Breia, em Vermoim e de Maria
Teixeira, casados em 20.3.1694, em Castelões.
Filhos:
2.1. João José de Sequeira Machado que segue
2.2. Bernardo de Sequeira Miranda nasceu a 27.4.1725 em
Vermoim, Quinta da Igreja
2.3. Simão António de Sequeira Machado, Padre, nasceu a 28.10.1726, Vermoim, lugar da Igreja
2.4. Isidoro nasceu a 12.7.1728, lugar da Igreja
2.5. Maria Angélica nasceu a 27.9.1730 em Vermoim, Quinta da
Igreja
2.6. Joana Angélica nasceu a 14 .8. 1734 em Vermoim, Quinta
do Assento da Igreja
3. João José de
Sequeira Machado nasceu a 22.6.1721 em Castelões e foi bap. a 29 .6. 1721,
sendo padrinhos Alexandre Duarte Carvalho,
de Joane e Isabel de Azevedo, filha de João da Costa Azevedo, de
Valmelhorado. Faleceu a 16.4.1794 em Vermoim,
na Casa da Igreja e foi sepultado na Capela da Casa.
Casou em 12.3.1757 em
Famalicão, Mogege com Maria Joana Bernardes de Azevedo, baptizada em Famalicão, Mogege, em 14.6.1720, filha de Domingos Ferreira dos Santos, natural
de Guimarães, S. Sebastião e Eugénia Bernardes de Azevedo Magalhães, nascida em
Famalicão, Joane. D. Maria Joana faleceu viúva a 21.6.1799 na Casa da Igreja e foi sepultada
na Capela da Casa.
Filhos:
3.1. Francisco José de Sequeira, Padre (*15.12.1757 , Mogege, lugar do Assento- + 10.6.1835,
Vermoim, Quinta da Igreja Velha)
3.1 Maria Benedita de Sequeira Machado Miranda e
Azevedo que segue .
3.3 Luís de Sequeira Machado de Azevedo Gusmão ( * 14.2.1761,
Vermoim, Quinta da Igreja- +18.12.1843 em Vermoim, Quinta da Florida e foi
sepultado na Capela da Quinta. Era casado com D. Maria da Piedade, que morreu
em 1.3. 1845 em Vermoim, lugar da
Florida
3.4. João António (*5.6.1764, Mogege, lugar do Assento)
4. D. Maria Benedita
de Sequeira Machado Miranda e Azevedo nasceu a 8.7.1759 na Quinta da Igreja, em Vermoim e
foi baptizada a 16.7.1759, sendo padrinhos Luís Caetano, de Guimarães, casado
com D. Maria e D. Maria Angélica, tia da baptizada. Casou a 8 .9.1773 em
Famalicão, Vermoim com José Inácio da Silva de Figueiredo Lobo, filho de Manuel
da Silva Soares e Ana Luísa do Socorro, nascido em Vila do Conde
Filhos :
4.1.Maria nasceu a 2 .7. 1776 em Vila do Conde
4.2.Ana nasceu a 2.1.1778 em Vila do Conde
4.3.Maria Inácia de Sequeira nasceu a 21 .5. 1780 em Vila do
Conde, onde casou a 31.3.1807 com Vicente
José dos Santos, o Pelicano, natural de Coimbra, viúvo de D- Luísa Micaela,
falecida em Vila do Conde em 17.1.1807 e com quem tinha casado em 1775.
4.4.Joana Rita de Sequeira Machado Gusmão Lobo nasceu a
31.5.1783 em Vila do Conde, morreu a 20
.5. 1838 em Vermoim, Igreja Velha.
4.5. João Inácio Lobo de Sequeira Machado, que segue
4.6.José nasceu a 4.4.1789 em Vila do Conde.
4.7.Ana Paula de Sequeira nasceu a 30 .6. 1791 em Vila do
Conde, R. de S. Bento
4.8. José Inácio de Sequeira Lobo nasceu a 4.3. 1794 em Vila
do Conde
4.9. Joaquim Tomás de Sequeira nasceu a 7.3. 1796 em Vila do
Conde, R. de S. Bento
5 João Inácio Lobo de
Sequeira Machado nasceu a 7 .6. 1786 em Vila do Conde e casou com Ana Narcisa Fonseca Campo Verde,
filha de Manuel Carlos dos Guimarães
Bravo Sousa Fonseca Campo Verde e Ana Rosa de Almeida Fogaça Lapa, a 8 .6. 1812
em Vila do Conde, Azurara
Filhos:
5.1,João Inácio Lobo
nasceu a 19.8.1813 em Vila do Conde, Praça Velha
5.2 José Inácio de Sequeira Lobo nasceu em Vila do Conde que
segue
6. José Inácio de Sequeira Lobo casou a 28.1.1836 em
Famalicão, Vermoim com Maria Joaquina Ribeiro. filha de João José e Luzia Rosa
Ribeiro,lavradores caseiros, nascida em
Vermoim, Lugar do Casal Faleceu a
3.6.1880 na Igreja Velha e foi sepultado
na Capela da Quinta
Filhos :
6.1 João nasceu a 26.2.1836 em Vermoim, Igreja Velha e
morreu a 26.5.1836 em Vermoim, Igreja Velha.
6.2 João Inácio de Sequeira Lobo nasceu a 26.7.1837 em
Vermoim, Igreja Velha casou com Maria da Conceição Barbosa Dias (*22.12.1827,
Vila do Conde) a 18.2. 1855 em Famalicão, Vermoim
Casou com Maria da Conceição, filha de Francisco Ferreira
Barbosa e Ana Rita do Sacramento, era viúva do Dr. Francisco António da Silva
Pinto, falecido na Rua Nova, Póvoa de
Varzim em 19.6.1853
Filhos de João Inácio
de Sequeira Lobo e Maria da Conceição Barbosa Dias
6.2.1 José nasceu a 16.5.1857 em Póvoa de Varzim, Rua Nova
6.2.2 Maria nasceu a
7.7.1861 em Póvoa de Varzim, R. das Trempes
6.2.3 José Inácio da Sequeira Lobo nasceu a 3 Jun., 1864 em
Póvoa de Varzim, Praça Nova do Almada
6.2.4 José Maria nasceu a 16.3. 1866 em Póvoa de Varzim,
Praça Nova do Almada
6.3 José nasceu a 22.5.1839 em Vermoim, Igreja Velha e morreu a 10.6.1840 em Vermoim, Igreja Velha.
6.4 D. Ana da Piedade Sequeira
Lobo nasceu a 4.10. 1840 em Vermoim, Igreja Velha; costureira, casou em 11.9.1876
em Vermoim com o mestre carpinteiro António de Castro Ferreira nascido cerca 1853 em S. Martinho de Leitões
c.g.
Foi mãe solteira de Clementina
(*17.2.1867 - + 10.3.1898 ) e de Luís Sequeira Machado (*17.1.1868 , Igreja
Velha - +18.1.1944, Vermoim ; em 1912, casado e carpinteiro tem registo de
passaporte em Braga para o Rio de Janeiro)
6.5 José Maria (no bap. José
Inácio) Ribeiro de Sequeira Lobo nasceu a 18.12.1842 em Vermoim, Igreja Velha e faleceu, solteiro e
vivendo de suas rendas , em 10.3.1898 em Vermoim, lugar de Além do Ribeiro
6.6 D. Emília Rosa de Sequeira
Lobo nasceu a 12 .3.1845 em Vermoim, Igreja Velha e casou com Joaquim da Costa,
proprietário e analfabeto
6.7 D. Clementina Adelaide
(Clementina Joaquina no baptismo) de Sequeira Lobo nasceu a 21.4.1847 em Vermoim, Igreja Velha;
casou em 19.5.1881 em Vermoim com João Correia Palhares, ela, empregada na
lavoura e ele lavrador. C.g.
6.8 Vicente de Sequeira Lobo
nasceu a 23.11. 1849 em Vermoim, Igreja Velha. Casou em Vermoim a 28.5.1873 com Maria Augusta
Martins, nascida cerca de 1839 em Campeã, Vila Real. C.g.
6.9 Joaquim Tomás de Sequeira
Lobo nasceu a 17.12.1855 em Vermoim, Quinta da Igreja Velha e faleceu no Lugar
da Breia em 25.4.1882 ; casou em 22.4.1880 com Leonor da Costa ( * cerca 1845
S. Martinho do Vale- + 14.3.1883, Vermoim, lugar da Breia) legitimando pelo
casamento 2 filhos, nascidos em 1875 e
1877. Terão ainda filhos nascidos após o casamento. O primogénito deste casal,
criado de servir e analfabeto, casará em 1902 na freguesia de Carreira,
Famalicão.
Publicado em: Divagações Genealógicas, Espaços
»
24 de setembro de 2018
24 de setembro de 2018 por Manuela Alves
comentários
Foi numa das minhas deambulações genealógicas na zona de Castelões, onde ainda residem familiares do meu avô materno e de Vermoim que me deparei com o chamado Palácio da Igreja Velha há já alguns anos. Este nome de Igreja Velha estava associado ao ramo familiar dos Machados Miranda e deixou-me muito curiosa sobre a sua história.
As pesquisas na Internet pouco acrescentaram ao que me tinha contado o meu primo Bernardino, primo direito da minha Mãe, a cuja memória privilegiada muito devo sobre o conhecimento dos meus familiares maternos de Castelões e Vermoim. Assim, não tive outro remédio senão arregaçar as mangas e fazer eu, com a ajuda preciosa de alguns amigos do Genealogia FB, o trabalho.
Eis o que encontrei na Internet:As pesquisas na Internet pouco acrescentaram ao que me tinha contado o meu primo Bernardino, primo direito da minha Mãe, a cuja memória privilegiada muito devo sobre o conhecimento dos meus familiares maternos de Castelões e Vermoim. Assim, não tive outro remédio senão arregaçar as mangas e fazer eu, com a ajuda preciosa de alguns amigos do Genealogia FB, o trabalho.
Palácio da Igreja Velha
O Palácio da Igreja Velha foi construído no ano de 1881, por mãos de privados. Chegou a albergar um Hotel Rural, porém o negócio não vingou e a empresa detentora abriu insolvência. (...) Palácio de estilo barroco com duas torres acasteladas e com capela anexa (Capela S. Francisco de Assis) de estilo neogótico, caso muito raro em Portugal, uma vez que este estilo não se encontra com muita frequência no país.
Fonte Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.![]() |
Imagem Paisagem de Vermoim CC BY-SA 3.0 VitorEmanuelCarvalhoPeixoto - Obra do próprio |
No Hotel Rural Palácio da Igreja Velha, está implantada a Capela sob a designação de S. Francisco de Assis. Encontra-se adossada ao edifício, pelo lado Sul e nascente, ocupando a área de 75,5 m2. A Capela constitui, no seu desenho, um bonito exemplar da arquitectura neo-gótica, do séc. XIX, a qual pode ser considerada como caso algo raro. O acesso à porta principal é feito mediante um lanço de dez degraus graníticos, devidamente bocelados. A Capela consta de uma só fachada que é a anterior, onde se observam pilastras assentes em sapatas bem desenvolvidas. Há uma pequena rosácea em forma de cadernas invertidas e com vitrais. Na parte central, mas superior da fachada, domina a torre sineira, apenas com um só lanço e com a fisionomia das torres góticas, com quatro ventanas onde badalam três sinos. Todo o imóvel está equipado com perpianho de grão fino que, pela sua textura, manifesta ser estranho ao solo da jurisdição famalicense.
O interior está formado pelo corpo e presbitério. Naquele há coro-alto e o pavimento é em pinho Flandres. O tecto, em gesso e com artesoados, revela terem estado, na sua execução, mãos hábeis as quais conseguiram um trabalho que se destaca pela qualidade.
O presbitério, pelo contrário, tem lajes de granito.
Há um rodapé, em granito, com a altura de 62 cm, e nas paredes sobrejacentes, placagens em mármore. Para não fugir à normalidade, existe uma sanca em madeira.
O retábulo, de concepção gótica, é em castanho e com trono. No centro do mesmo encontra-se o padroeiro, S. Francisco, imagem que apresenta uma anatomia descritiva de execução muito cuidada. A acolitar esta imagem e em pequenas edículas, sobre plintos, estão as imagens de Nossa Senhora do Rosário e S. ]osé.
Quanto à imaginária, há um fenómeno pouco vulgar. É a existência de peças executadas com uma antecedência superior a um século da construção do imóvel. E, embora não se destaquem pela quantidade, porque são poucas, é pela anotação fiel e exacta do seu barroquismo que se manifesta a qualidade.
São dignas de uma descrição:
Nossa Senhora do Rosário, em madeira, barroca e estofada;
S. José, barroca, policromada e em madeira;
Cristo, madeira, séc. XIX e com uma estrutura anatómica que manifesta ter sido executada por um artista que soube transmitir à obra muita harmonia, equilíbrio nas dimensões e até, uma concepção rara.
Pintura com a iconografia de Nossa Senhora da Conceição, apresentando marcas barrocas e com um ou outro traço como réplica das obras do Murillo.
É de registar, sem dúvida alguma, o asseio e o óptimo estado de conservação do imóvel, bem como a cultura e sensibilidade artística dos seus proprietários, os quais souberam integrar, no seu meio, tanto peças devocionais adequadas, como até decorativas que enriquecem, como é óbvio, a Capela.
Fonte http://www.terrasdevermoim.com/
Manuel Gomes dos Santos Portela, um brasileiro de torna viagem , o construtor do Palácio da Igreja Velha
Em 3 de Junho de 1880, morre na Quinta da Igreja Velha, José Inácio de Sequeira Lobo e é sepultado na Capela da Quinta. É o último de uma linhagem de proprietários desta Quinta, ligados aos Machados de Miranda.
Manuel Gomes dos Santos Portela torna-se, então, o seu proprietário por compra aos seus herdeiros e a ele se deve a construção do edifício que passará a ser conhecido por Palácio da Igreja Velha.
Manuel Gomes dos Santos Portela, segundo dos 11 filhos de Custódio José Gomes e Josefa Emília dos Santos, nasceu a 23.3.1833 na, Rua da Alfândega, em Guimarães e foi baptizado a 26 do mesmo mês e ano na Igreja Paroquial de S. Sebastião. Foram seus padrinhos os avós paternos, Manuel Francisco Portela, natural de S. Nicolau, Cabeceiras de Basto e sua mulher Antónia Maria Gomes, natural de S. Gens de Montelongo, então residentes no lugar de Gondarém, em S. Nicolau de Basto.
Não encontrei o passaporte de Manuel Portela mas sei que em 17.de Setembro de 1855 entrou no porto do Rio de Janeiro, num pequeno cargueiro de cabotagem, provavelmente vindo de Santos, onde aportara de Portugal.
Encontrei-o, depois como sócio de várias firmas, todas elas ligadas ao comércio de fazendas por atacado e também como proprietário de prédios na cidade do Rio de Janeiro.
Quando a mãe morre em 8.3.1878, apenas são vivos 4 filhos: Manuel residente na cidade do Rio de Janeiro, António, dois anos mais novo, residente na cidade de Lisboa, ambos solteiros, o Padre João (1840- 1886), residente com os pais e Maria (1847-1934) casada com Augusto Mendes da Cunha na Rua Nova de Santo António, Guimarães.
Manuel Gomes dos Santos Portela deve ter regressado a Portugal pouco depois, pois a construção do Palácio é datada de 1881, tendo o anterior proprietário sido sepultado na Capela da Quinta da Igreja Velha em Junho de 1880.
De Manuel Gomes dos Santos Portela não há rastos nos livros paroquiais de Vermoim, a indiciar um alheamento da comunidade onde habita. Apenas o óbito de um “brasileiro” na Igreja Velha, talvez um hóspede.
Pelo testamento do pai, proprietário e negociante falecido a 17.7.1888, Manuel Portela recebe a quinta da Fonte Murro em Santa Maria de Pombeiro livre e alodial com o pequeno foro que paga o possuidor dos bens da Bouça da mesma freguesia com todos os móveis e semoventes que lhe pertençam nela existentes tudo no valor de sete contos de reis, as casas em que actualmente vive no Campo de São Francisco livres e alodiais que confrontam para o mesmo campo com o actual número de polícia catorze a dezasseis, fazendo frente para o dito campo juntas e pegadas a outras fazendo frente para a Rua do Anjo hoje juntas e unidas fazendo uma só morada livre e alodial no valor de dois contos e quinhentos mil reis fique tudo nomeado e encabeçado em seu filho Manuel e bem assim já lhe entreguei por doação o casal ou quinta do Moreiro em Nespereira com todas as suas pertenças em cinco contos e seiscentos mil reis por escritura pública e no fim dela por recibo dele selado e reconhecido, quatrocentos mil reis, o que faz a soma de seis contos por conta de sua legítima paterna e materna, fazendo assim estas nomeações acima geral de quinze contos e quinhentos mil reis que trará à partilha e conferência com os seus manos.
Em 8.1.1911, morre na Igreja Velha Manuel Gomes dos Santos Portela, com testamento. Será sepultado no jazigo de família em Guimarães.
E outra vez a antiga Quinta da Igreja Velha mudará de mãos… Mas isso já é outra história que não averiguei em pormenor, porque me interessou, sobretudo, conhecer a história dos anteriores proprietários, recuando até chegar aos meus Machado Miranda.
![]() |
Fotografia tirada por mim em 2013 |
Se este assunto vos interessar, continuarei a "história" às "arrecuas" .... que serve também para exemplificar aos mais recentes investigadores da história da família como somos levados a divagações não previstas, suscitadas pelo puro e gratuito prazer de saber pelo saber...
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