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22 de maio de 2023

22 de maio de 2023 por Gnealogiafb2 comentários

(Quase) Três séculos de batismos na Freguesia de Pampilhosa (1623 a 1911)

Fonte: Delcampe.net

Trabalho realizado sobre a freguesia de Pampilhosa, concelho da Mealhada, onde também podemos encontrar 3666 assentos de baptismo desde 21 de dezembro de 1623 até 31 de março de 1911 que estão disponíveis nos 34 livros mistos e de batismos, da freguesia de Pampilhosa, concelho de Mealhada, distrito de Aveiro.
Trabalho realizado pelo Daniel Vieira, a quem agradecemos gentileza de o partilhar com todos os leitores deste blogue.
Para ler o trabalho clicar AQUI



kwADAveiro








20 de janeiro de 2020

20 de janeiro de 2020 por Manuela Alves comentários
Para saber mais sobre a propriedade camponesa, nos seus variados aspectos, e de forma a propiciar também aos leitores deste blogue informação acessível on line, disponiblizamos aqui alguns artigos de revistas científicas e outras publicações de maior fôlego:

Resultado de imagem para paisagem rural no vale do sousa


SILVA, Rosa Fernanda Moreira da - “Contrastes e mutações na paisagem agrária das planícies e colinas minhotas Studium Generale. Estudos contemporâneos, Porto, nº 5, 1983, p. 9-115
https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/56373

SCOTT, Ana Sílvia Volpi - "Famílias, formas de união e reprodução social no noroeste português (séculos XVIII e XIX)". Guimarães : NEPS, 1999.
http://hdl.handle.net/1822/1873

DURÃES, Margarida - “Heranças: solidariedades e conflitos na casa camponesa minhota (sécs. XVIII-XIX) 2003
http://hdl.handle.net/1822/2883


DURÃES, Margarida_“Estratégias de sobrevivência económica nas famílias camponesas minhotas: os padrões hereditários (sécs. XVIII – XIX)” Anais do XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais 2018 http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/3218

10 de julho de 2019

10 de julho de 2019 por Manuela Alves comentários
As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios mais ricos da Idade Média peninsular. Produzidas durante o período, de cerca de 150 anos, que vai, genericamente, de finais do século XII a meados do século XIV, as cantigas medievais situam-se, historicamente, nas alvores das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande parte contemporâneas da chamada Reconquista cristã, que nelas deixa, aliás, numerosas marcas. [...]

16 de maio de 2018

16 de maio de 2018 por Maria do Céu Barros comentários

O método mais popular de numeração de antepassados é o sistema Ahnentafel, do alemão Ahnen (antepassado) e Tafel (tabela), também conhecido pelo nome Sosa-Stradonitz. Foi usado pela primeira vez em 1590 por Michael von Eitzing, nobre austríaco, no seu Thesaurus Principum Hac Aetate In Europa Viventium, no qual apresenta as genealogias de algumas casas reais europeias usando esta numeração. Foi também usado em 1616, pelo genealogista espanhol Jerónimo de Sosa, e popularizado em 1896 por Stephan Kekule von Stradonitz com o seu Anhentafel Atlas.

Como método científico foi estabelecido com a publicação do Fundamentos, directrices, exposición y tecnica de un sistema numérico y matemático de ubicación, classificación y catalogación genealógicas (Madrid 1952), de José Maria de Palacio y Palacio, marquês de Villarreal de Álava.

Este sistema aparece com várias designações: Ahnentafel, Sosa-Stradonitz e Números Kekule. Por uma questão de simplicidade, gosto de lhe chamar apenas Sosa.

A numeração Sosa consiste numa relação matemática entre pais e filhos, podendo, assim, ser representada graficamente, a que se pode sempre adicionar mais antepassados. Cada número refere-se à posição de cada pessoa na árvore de costados e segue as regras seguintes:

1 - A pessoa que inicia a sequência é o n.º 1.
2 - O pai é sempre o dobro do filho/filha ( 2x1)
3 - A mãe é sempre o dobro do filho/filha + 1 (2x1+1)

Em consequência:
4 - Todos os homens têm um número par e todas as mulheres um número ímpar.
5 - Os descendentes são sempre metade do pai.
6 - Não há repetição de números. Se uma mesma pessoa consta duas ou mais vezes, aparece duas vezes, ou mais, na árvore, mas com números diferentes.

Fazendo a representação gráfica, verificamos que a numeração é sequencial na vertical. Os trisavós vão do número 16 até ao 23, e assim sucessivamente. Outro aspecto interessante é que, se repararem na imagem, o número que inicia cada geração corresponde ao número de antepassados dessa geração.


Na elaboração de uma lista Sosa, os genealogistas separam as gerações para facilitar a leitura e compreensão da ascendência. Assim, uma lista Sosa, começando em nós, segue este formato:

Geração 1
1.O meu nome, seguido dos meus dados genealógicos e outras informações que se queiram incluir.

Geração 2
2.O nome do meu pai ...
3.O nome da minha mãe ..

Geração 3
4.O meu avô paterno ...
5.A minha avó paterna ...
6.O meu avô materno ...
7.A minha avó materna ...

Geração 4
(continua com os bisavós e seguintes)

Para além das vantagens já mencionadas, acresce ainda a sua universalidade. Qualquer árvore ou listagem Sosa é compreensível por qualquer genealogista, independentemente do seu país de origem e da época em que vive.

Existem, porém, algumas desvantagens. Conforme vamos progredindo na nossa ascendência o cálculo vai sendo cada vez menos intuitivo. Se tivermos a sorte de chegar até a fundação de Portugal, por exemplo, e descobrirmos que D. Afonso Henriques é nosso 22.º avô, ele terá o número 8.388.608.

Outro problema é a dificuldade em identificar os antepassados repetidos, que podem ser bastantes dada a frequência de casamentos consanguíneos no passado. Para contornarem este problema alguns genealogistas combinam esta numeração com outra, fazendo a referência cruzada pelo menor número Sosa do indivíduo. Uma antepassada repetida, com os números Sosa 75,  77 e 79, na posição 77 e 79  leva a indicação que se trata da mesma pessoa do número 75.

Os programas informáticos de Genealogia resolvem isto numerando as pessoas conforme vão sendo adicionadas na árvore, passando estas a ter um número de identificação (ID) que é sempre o mesmo, independentemente do número de vezes que se repetem. Desta forma, se descendemos de um Domingos Francisco 4 vezes, por diversos ramos, ele terá 4 números Sosa, mas apenas um ID.

Apesar de os programas informáticos de Genealogia fazerem todo este trabalho por nós, não são perfeitos e raramente vêm bem adaptados para a realidade portuguesa, brasileira e de outros países lusófonos. Por esse motivo muitos genealogistas preferem fazer os seus próprios relatórios usando folhas de cálculo, processadores de texto e outros. Uma vez que se trata de um método matematicamente uniforme, simples e eficaz, é perfeito para computadores e pode ser facilmente utilizado em Excel, como podem ver neste exemplo (também podem aproveitar e imprimir árvores de costados a partir deste Excel).

É frequente os iniciantes em Genealogia perguntarem como usar este sistema para incluir irmãos e primos. O método Sosa-Stradonitz não foi concebido para colaterais, mas existem outros para esse propósito, de que falaremos num próximo post.

27 de dezembro de 2017

27 de dezembro de 2017 por Manuela Alves comentários

A divulgação on line dos registos da Décima existentes no Arquivo Histórico Municipal do Porto, que abrangem também o seu Termo, fez-nos procurar informação, que, sem cair na especialização sobre o tema, nos desse conhecimentos para compreendermos a evolução da administração municipal e a sua abrangência geográfica,
Partilhamos esta comunicação que cumpre, simultaneamente, dois requisitos: esclarece o essencial e abre portas para os que quiserem saber mais...

Albuquerque, A. S. (2000). Administração Municipal do Porto no século XVIII. In Seminário Internacional sobre História Municipalismo, Poder Local e Poder Central no Mundo Ibérico, Las Palmas e Funchal, 24-28 Out.2005 (pp. 391-420). Região Autónoma da Madeira: CEHA.
 kwADPorto

9 de novembro de 2017

9 de novembro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Da leitura de documentação antiga resultam, por vezes, algumas descobertas interessantes. É o caso da tomada de posse da igreja de S. João de Castelões pelo novo reitor Domingos de Sousa, registada em documento. Nele se descreve o ritual seguido nessa investidura. 


Missa de S. Gregório por Francisco de Campos - Séc. XVI (1560-1570) - Arquidiocese de Évora

Aos vinte e dois dias de Março, domingo de paixão, dominica passion, do ano presente de seiscentos e quarenta e três na igreja paroquial de São João de Castelões do termo da vila de Guimarães, me foi entregue umas bulas apostólicas de Sua Santidade, as quais beijei e pus na coroa da cabeça como filho obediente aos mandados apostólicos, e as preguei na porta principal da dita igreja matriz, e as publiquei, estando presentes a maior parte dos fregueses, e por verdade delas dei posse a Domingos de Sousa reitor novo, e a seu requerimento fiz o seguinte, e das testemunhas abaixo nomeadas, e logo ele reitor disse missa na dita igreja, tomando a dita posse dela, pondo as mãos nos cálices e pedras de ara e corporais e vestimentas, e livros, e galhetas e tomou as chaves nas suas mãos e abriu as portas e as fechou, e tangeu o sino, sendo vigário na dita igreja o padre Francisco Jorge com seu título ad nutum, o qual disse que não punha dúvida alguma a ele dito reitor a tomar posse, mas que protestava não prejudicar seu direito que tinha de vigário com seus títulos que tem, assim desta dita igreja como da igreja de São Pedro de Queimadela e meeira a esta igreja de são João de Castelões. Testemunhas Domingos Fernandes de Varzielas e João Jorge e Pedro Francisco e António Francisco, Domingos Gaspar, todos fregueses desta igreja de Castelões, e eu Ciprião Machado, vigário de Santa Cristina de Agrela, que esta posse dei a requerimento do dito Domingos de Sousa reitor novo hoje era ut supra.

Não é difícil imaginar o ritual através das palavras de Ciprião Machado; os beijos, as bulas na cabeça, o abrir e fechar de portas, o sino tangido e os objectos tocados, todo um comportamento que não deixava dúvidas, a presentes e futuros, de que a reitoria era agora sua. Numa época em que não eram ainda seguidas regras rigorosas para a realização e arquivamento de inquirições de genere (os habilitandos ficavam com os processos, que acabavam por se perder), estes documentos serviam também de prova de sacerdócio. Neste caso específico, 50 anos mais tarde, serviu de evidência da pureza de sangue da geração de um habilitando. A braços com um impedimento que lhe resultara da fama de ser cristão-novo, esgravatou arquivos à procura de comprovativos da cristã velhice da sua família. Assim, com este documento, «donde se deixa ver as falsidades do impedimento», não deveria a diocese duvidar da sua limpeza, uma vez que, na percepção da altura, nunca teria Domingos de Sousa sido aprovado para o sacerdócio se fosse cristão-novo. Sabemos que muitos cristãos-novos integraram, de facto, a hierarquia religiosa, mas isso é outra história...

kwADBraga

19 de outubro de 2017

19 de outubro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Já aqui temos falado das Habilitações do Santo Ofício como fontes muito importantes na pesquisa genealógica. Se é certo que os paroquiais, de longe a longe, nos permitem apreender alguns vislumbres da realidade daqueles tempos, é nas habilitações que encontramos as fatalidades, os embaraços pelos antepassados de infecta nação, a ambição a par do desespero perante o desvendar  de vergônteas inconvenientes, as deslocações e ausências da terra natal, ecos de um império impossível, a ilegitimidade, a amizade e a rivalidade... enfim, todo um escrutinar de vidas cujo propósito, com fins nada honrosos aos olhos de hoje, gerou resmas de folhas que nos ajudam a escrever a história das nossas famílias para lá do mero acumular de nomes e parentescos.

Serve esta pequena reflexão de introdução à carta que aqui se partilha, datada de 1695, transcrita de uma habilitação (com alguns arranjos para maior facilidade de leitura), onde nos é dada notícia das andanças de Sebastião Gonçalves e de sua mulher Verónica Dias, bisavós do remetente, vítimas da peste e exemplos de luta pela sobrevivência nesses tempos tão adversos. Nela encontram também a explicação da origem de um apelido.



Meu primo (…) 

Já creio saberá V. Mercê como o Reverendo Dr. Provisor nas inquirições da habilitação (...), saiu com seu despacho, pedindo faça declaração da origem do avô materno chamado Sebastião Gonçalves e, tirando informações (…), me informaram ser filho de Salvador Gonçalves e de sua mulher Verónica Dias, moradores que foram (…) nas casas que ficam por cima das de Jerónimo de Magalhães, na esquina da viela ou travessa que vai para a rua de Trás-o-Terreiro dos Padres Loios, que são as que ficam contíguas às casas do dito Jerónimo de Magalhães, e que nelas ficaram vivendo o dito Salvador Gonçalves, pelo seu ofício de cabeiro, e que aí nascera o dito meu avô e outra sua irmã, Maria Ferreira, que foi a mãe de Maria Carneira (…), isto antes que houvesse a peste nesta cidade que parece foi no ano de 1581, conforme o que achei nas sepulturas que estão fora do postigo de Santo António desta cidade, aonde dizem estão enterradas as pessoas que morreram de peste, e não consta houvesse desde então semelhante mal nesta cidade. O que suposto dizem que quando Salvador Gonçalves, antes que houvesse a peste e sendo então o dito Sebastião, meu avô, criança, o mandaram (…) para casa de seus irmãos, que dizem eram sete irmãos moradores na rua do Bairro da dita freguesia (…), dos quais V. Mercê também procede, e a um dos ditos irmãos se chamava Cabeça de Leitão, donde procederam ao depois os Leitões ou Leitoas suas filhas. E que o motivo que houve para se chamarem ao depois de apelido dos Leitões, foi porque, como estivesse o dito irmão de Salvador Gonçalves doente de doença que foi necessário cortar o cabelo, indo à dita igreja rapado, lhe chamaram então as moças daquela freguesia Cabeça de Leitão. E que, como nesta cidade apertasse o dito mal da peste, se foram o dito Salvador Gonçalves e a dita Verónica Dias dela fugindo e levaram em sua companhia a dita Maria, sua filha, que ainda então criavam ao peito por ser criança; e que, chegando à dita freguesia donde era natural, o dito seu irmão o não quis recolher, com o pretexto e receio de que iam ferrados da peste, e lhe fizeram uma barraca ou cabana no monte pegado à dita freguesia, para lá viverem, e lhe levavam de comer e, com efeito, indo o dito Salvador Gonçalves com sua mulher e filha para a dita cabana, sucedeu, daí a dias, morrer nela o dito Salvador Gonçalves, o qual sua mulher enterrou e para isso lhe deram mortalha acochada, e ficou a dita sua mulher vivendo alguns dias, criando ao peito a dita sua filha Maria, até que sucedeu chegar aos termos de morrer e, sentindo-se desta sorte, pediu mortalha e se enterrou a si própria até aos peitos que deixou de fora para a dita criança neles mamar enquanto pudesse. E que, sabendo-se desse desespero, fora o juiz ou ouvidor daquela terra e freguesia e tiraram a dita criança e, para se acabar de criar, apenaram e constrangeram uma mulher de leite, a qual mandaram pôr em outra barraca ou cabana que para isso fizeram; e sucedeu escapar do dito mal a criança e mulher, e que a dita criança se criou ao depois na dita freguesia, em casa dos ditos parentes, aonde era tratada por a menina do milagre em razão de ter escapado do dito mal de peste, até que veio a ser enamorada do morgado (…) que teve a dita filha (…) que veio a falecer religiosa no convento de Santa Clara desta cidade. E que, tendo notícia disso, o dito Sebastião Gonçalves, seu irmão e meu avô, que nesta cidade estava trabalhando de cabeiro, se foi à dita freguesia a buscar a dita irmã para a matar por se haver desonestado com o dito morgado que saiu com seus criados a impedi-lo, de que resultou brigas e pancadarias e houveram feridos e por essa causa a não tratou mais por irmã… 


1 de agosto de 2017

1 de agosto de 2017 por Manuela Alves comentários
«A análise das epidemias mais importantes do século XIX demonstram a existência por parte das elites e da população duma clara consciência das suas implicações sociais, culturais e políticas para a sociedade portuguesa. A resposta colectiva dada aos desafios provocados pela doença permitiu evitar as formas de discriminação social e de hostilização relativamente a grupos humanos em risco de marginalização e suspeitos de serem os responsáveis directos e/ ou indirectos do mal.»

Neste resumo, feito pelo autor, de um pequeno-grande texto de 30 páginas,  está sintetizado o interesse para os que investigam a história da família, ajudando-os a compreender os dramas vivenciados pelos seus antepassados.

O imaginário social das epidemias em Portugal durante o século XIX - Júlio Joaquim da Costa Rodrigues da Silva,  Professor Associado da F.C.H.S. da Universidade Lusíada de Lisboa.



9 de janeiro de 2017

9 de janeiro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
«A história genealógica do uomo qualunque não atende só às elites nem ao cursus honorum dos indivíduos» - Oliveira Marques

Já lá vai o tempo em que a pesquisa genealógica interessava apenas a «betinhos, jovens ou adultos, membros de famílias pequeno-nobres ou que o pretendiam ser, bem vestidos, penteados e perfumados», «bandos de famílias» à procura de provas de descendência de emigrantes cujas fortunas pudessem reclamar, ou a historiadores, interessados, sobretudo, nos Livros de Linhagens e nas famílias reais. Com a «democratização» do acesso aos documentos, assim como a crescente valorização da história local e das populações, são cada vez menos os que julgam ser a Genealogia apanágio de nobres e de burgueses endinheirados.

Família da Abrunhosa - Fonte


Na senda de várias publicações, que temos vindo a fazer, sobretudo destinadas aos iniciantes, partilhamos aqui um artigo publicado na Revista de História da Faculdade de Letras do Porto (2003), do historiador A.H. de Oliveira Marques, que, para além de constituir uma leitura agradável, julgamos de muito interesse para genealogistas, iniciantes e não só. Além do autor partilhar a sua própria experiência no estudo das suas origens, deixa-nos ainda variadas dicas sobre aspectos que vão desde as fontes a consultar até como se deve, e não se deve, escrever a nossa história genealógica.

História Genealógica do Homem Comum: micro-história ou macro-história?


Demarcando-se de algumas práticas tradicionais dos "genealogistas", o Autor defende uma história genealógica cujo objecto seja não já apenas a alta nobreza e a família real, mas antes as famílias comuns, os antepassados de cada um de nós. Para tal, além das fontes por excelência, os registos notariais, recomenda o estudo de fontes tão diversas como memórias de família, agendas domésticas, livros de contas e correspondência pessoal. Nesse tipo de trabalho, "grande História" e "pequena história" entrecruzam-se e completam-se, ultrapassando a velha dicotomia história das estruturas versus trajectos pessoais e biografias.

6 de novembro de 2015

6 de novembro de 2015 por Manuela Alves comentários
Partilhado por António José Mendes em Genealogia FB 6.11.2015

Clérigo “in minoribus” -  Esta expressão significa que ele recebeu ordens menores.
O sacramento da Ordem tinha vários graus, alguns dos quais são: prima tonsura, acólito, etc, até sub-diácono, diácono e presbítero.
Os primeiros destes níveis constituíam as ordens menores e os últimos as ordens maiores; nesta estão incluídos, pelo menos, o diácono e o presbítero.
Muitos jovens recebiam ordens menores, sem contudo alguma vez receberem as maiores. Esses eram os "clerigos in minoribus".
A primeira tonsura, suposto que não seja ordem, requeria a habilitação "de genere". Por ela se averiguava se o tonsurado era filho legítimo ou ilegítimo; se os seus ascendentes viviam nos princípios da religião católica; se não eram criminosos de lesa magestade, divina ou humana; e se tinham incorrido em alguma infâmia pública ou pena vil. O mais frequente, era a primeira tonsura ser simultânea com as Ordens Menores. Para estas, era também necessária a habilitação "de vita et moribus" (vida e costumes), i.e. a verificação de que não havia irregularidades na sua conduta

Qualquer homem para ser clérigo "in minoribus" tem de ter ao menos a "Prima Tonsura": é ela que introduz na clericatura. A seguir já poderá ser ordenado hostiário, depois leitor, de seguida exorcista e, por fim, acólito. São estas as ordens menores e todas têm de ser conferidas por um bispo e com elas se gozava do estatuto de Clérigo até à reforma do Código de Direito Canónico com Sua Santidade o Papa João Paulo II.

Giuseppe Maria Crespi, Ordenação (1712)
O subdiaconado, o diaconado, o presbiterado e o episcopado inserem-se nas ordens maiores.
O direito actual só consagra o diaconado o presbiterado e o espiscopado como ordens maiores, e, portanto, só se é clérigo, actualmente, depois da ordenação diaconal.

Os clérigos seculares, depois, portanto da prima tonsura, ficam obrigados à santidade de vida, ao exercício da piedade (oração), obediência ao bispo, ao estudo das disciplinas sagradas, a usar o hábito eclesiástico (batina), a mandar abrir a tonsura na cabeça (sinal da sua escravidão a Deus). Ficam proibidos de coabitar com mulheres que não sejam suas parentes muito próximas (mãe, avós, irmãs, tias), proibidos ainda de tomar ofícios públicos civis, sem a autorização ou do bispo ou da Santa Sé Apostólica; proibidos de praticar artes indecorosas, de praticar a medicina e a cirurgia sem autorização, proibidos de negócios pecuniários e dos jogos de azar, proibidos de entrar e frequentar locais escandalosos. Não estão proibidos de possuir bens próprios (propriedade).
Gozam de privilégios:
- De protecção contra as injúrias;
- Privilégio de Foro, que lhes dá direito a serem julgados apenas em tribunal eclesiástico;
- Privilégio de Imunidade no que toca ao serviço militar e a qualquer serviço civil.

Com os clérigos regulares, as coisas são conforme à regra adoptada pela Ordem a que pertencem, embora gozem dos mesmos privilégios, obrigações e proibições, mas, com certeza, terão outras que a regra lhes recomenda.
por GenealogiaFB comentários

Por António Júlio Trigueiros

Nos séculos XVII e XVIII, a liturgia barroca revestia-se de uma grande solenidade e o fausto que rodeava as exéquias, assim como o número de sacerdotes presentes num ofício, é um sinal indicador da qualidade social do defunto. Mas mesmo nos meios rurais, especialmente entre os lavradores mais abastados, eram frequente estes ofícios com duas ou três dezenas de padres.

Gustave Coubert, Funeral em Ornans (1849)


O ofício dos defuntos é parte integrante da Liturgia das Horas ou Ofício Divino, reformado segundo os decretos do Concílio Vaticano II e promulgado por Paulo VI, e compõe-se de quatro partes:
a) Ofício de leitura (que se podia rezar de noite ou de manhã muito cedo e substituiu a antiga hora de matinas)
b) Laudes (que se rezam geralmente no inicio do dia)
c) Hora intermédia (a meio do dia e que substituiu as antigas horas média, terça, sexta e nona)
d) Vésperas (rezadas ao entardecer).
Dentro destas horas há uma hierarquia. As Laudes e as Vésperas são as chamadas horas maiores, e por isso, a sua celebração revestia-se de maior solenidade.

Em que consistiam e consistem ainda estes ofícios? São normalmente cantados, ou apenas recitados, em alternância por dois coros de sacerdotes (daí a necessidade da presença de pelo menos 20 padres para constituírem dois coros) e compõe-se de um hino, dois salmos e um cântico, uma leitura breve (normalmente de uma epístola), um responsório breve, um cântico evangélico (o Benedictus nas Laudes e o Magnificat nas Vésperas), umas preces seguidas da recitação do Padre Nosso e uma oração conclusiva.

O Ofício de nove lições correspondia apenas ao ofício de Matinas, o actual Ofício de Leitura (após o Concílio Vaticano II) e designa-se deste modo porque era composto por nove leituras. Era rezado pelos monges de madrugada antes do romper da alva. Nas exéquias, e com o costume de velar o defunto por toda a noite, começava-se com esse ofício de nove lições o dia do seu enterramento.

Geralmente rezava-se ou cantava-se apenas uma destas horas litúrgicas, dependendo da hora a que se procedia às exéquias. Mas nas pessoas de maior qualidade e especialmente nos sacerdotes era frequente fazer-se todo o ofício. Nem sempre o ofício se fazia no dia das exéquias, podendo muitas vezes por conveniência dos sacerdotes ser celebrado depois.

Nos séculos XVII e XVIII, a liturgia barroca revestia-se de uma grande solenidade e o fausto que rodeava as exéquias, assim como o número de sacerdotes presentes num ofício, é um sinal indicador da qualidade social do defunto. Mas mesmo nos meios rurais, especialmente entre os lavradores mais abastados, eram frequente estes ofícios com duas ou três dezenas de padres.

A esmola deveria ser estabelecida no testamento ou então pelos herdeiros (nos chamados bens de alma) e, muitas vezes, a família ou o pároco tinham ainda que dar a colação que consistiria em servir uma refeição aos oficiantes.
Convém não esquecer que os oficiantes (párocos e sacerdotes das povoações vizinhas) se deslocavam por vezes de longas distâncias. Havia o costume de mesmo durante essa colação/refeição, se rezar pelo defunto. Para tal, o pároco ou o presidente da mesa tomava um garfo e fazia uma oração pelo defunto e passava-o ao vizinho que fazia o mesmo até ao último... (cf. por exemplo, António Gomes Pereira, "Tradições Populares, Linguagem e Toponímia de Barcelos").

Um ofício de 60 padres no século XVII, nada tem de extraordinário. Havia muitos mais padres do que párocos e muitos destes sacerdotes, frequentemente chamados padres "misseiros", viviam precisamente dos estipêndios que recebiam nestes ofícios. Muitas vezes o defunto deixava estipulada a esmola que se deveria dar a cada sacerdote. Nem era necessário que o defunto vivesse à lei da nobreza, bastava ser um lavrador abastado ou um proprietário rural para mandar celebrar este tipo de ofícios.
Ainda nos nossos dias, e apesar da carestia de sacerdotes, é relativamente frequente (no Minho por exemplo) celebrarem-se ofícios de 15 e 20 padres, especialmente nos meios rurais, entre as pessoas mais abastadas.
Os mais ricos mandam celebrar um ofício que, julgo, deverá ter no mínimo 20 padres, e os menos abastados mandam celebrar meio ofício, com metade dos sacerdotes. O ofício muitas vezes começa a ser cantado ainda na estrada, antes de chegar á igreja, pelos sacerdotes revestidos de sobrepeliz, e resume-se hoje ao ofício dos defuntos. Julgo que no passado seria coisa mais solene. É contudo uma celebração cada vez mais em desuso, mesmo nas aldeias.

As missas cantadas, frequentemente referidas nos registos, são missas onde parte ou a totalidade do cânone romano é cantada pelo/s sacerdote/s. Revestem-se de grande solenidade e era e é costume fazerem-se em ocasiões de grandes celebrações, entre as quais se destacavam especialmente as exéquias. As primeiras missas ou missas novas (como se chamam no Minho) eram geralmente cantadas. Em dias de grandes festas religiosas também se costumavam cantar missas, daí a expressão zombeteira do povo "hoje tive sermão e missa cantada"...

17 de setembro de 2015

17 de setembro de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
As visitas pastorais enquadravam-se num sistema criado para, de acordo com as exigências tridentinas, vigiar e corrigir a diferentes níveis o comportamento das populações. Eram, portanto, um mecanismo de fiscalização periódica utilizado pelos bispos para avaliar o estado das paróquias da sua área de jurisdição.  

Jules Breton - Plantation d'un calvaire, 1858, Palais des beaux-arts de Lille, Lille

De acordo com o Direito da igreja,  ao tríptico da falta - pecado oculto, pecado público e heresia - correspondia um mecanismo de intervenção articulado em três vertentes: a confissão, o elemento disciplinar da visita pastoral e a inquisição.

No pecado oculto, ou seja, a falta que ocorria na esfera privada e, portanto, longe dos olhos da comunidade, apenas intervinha o fiel e o sacerdote (confissão e penitência). Já no pecado público e heresia, aqueles que mais preocupavam a igreja, a intervenção ficava a cargo do visitador, uma vez que, sendo do conhecimento geral, representavam uma ameaça para toda a comunidade.

A sua acção não se limitava à vistoria dos livros, porventura o facto que nos é mais visível, já que, a cada passo, nos deparamos com a assinatura dos visitadores nos livros paroquiais, por vezes acompanhada de uma reprimenda dirigida ao pároco. Para além de investigar  aspectos como a conservação da igreja e alfaias litúrgicas, a visita pastoral indagava sobre os pecados públicos, perpetrados quer por fiéis quer por laicos, através da denúncia dos seus vizinhos, e fazia executar penas não só espirituais, mas também temporais, mesmo sobre leigos, podendo, para tal, recorrer à ajuda do “braço secular”. Para além disto, as devassas que resultavam do processo visitacional assumiam um valor jurídico, podendo desencadear um processo judicial no auditório eclesiástico.

Advertência do visitador ao pároco de Veiga de Lila :
«V.o em Vis.ão de 13 de Maio de 1799 
Este livro é um testemunho da "esbalhice" do R. Par.º,  o pouco que cuida no desempenho das suas obrigações. 
Já deixar só folhas em br.co como a 4 aonde aceitei  de estar em br.co; ainda este foi rubricado há 2 anos,  e já está mais sujo do que os findos na Ig.ja de  seus viz.os. Pelo que mando com as penas da (conta?)  que este e todos os mais se conservem em um gavetão  ou armário, que para isso se faça na Sacristia, e dela  não seja tirado em tempo algum.» 
A fls. 11 do Livro 1 de Baptizados de Veiga de Lila

Antes de se deslocar, o visitador deveria avisar os párocos do dia da sua visita, ordenando-lhes que no primeiro domingo ou dia santo, à estação da missa, lessem o edital da visitação e advertissem os seus fregueses que, assim que ouvissem repicar os sinos, fossem para a igreja. Os párocos deveriam, igualmente, admoestar os seus fregueses para que denunciassem os pecados dos quais tivessem conhecimento.

No edital constavam os pecados públicos e, em casos especiais, outros delitos que deveriam ser denunciados durante a inspecção, contemplando, sobretudo, comportamentos sexuais desviantes, delitos morais, comportamentos heréticos e supersticiosos, assim como diversas transgressões à lei natural e aos preceitos da Igreja, nomeadamente o desrespeito pelas obrigações ligadas ao culto.

Para prova do rigor disciplinar, basta ler alguns artigos sobre a matéria do foro comportamental que se encontram nas Constituições Sinodais de 1637. Há alguns artigos com teor completo e outros incompletos.

II. Se há algua pesoa que fizese, ou guardase algua cerimonia judaica ou da feita dos mouros, ou qualquer outros  infieis (...);
III. Se há algua pesoa que por algua via tinha pacto com o demonio ou que o invoque ou que use da arte magica ou de encantamentos, ou de esconjuros, agouros ou sortes para adivinhar, ou que seja feiticeiro ou bruxa, ou que faça fumadouros, ou quaes quer superstições para ligar ou desligar ou para qualquer outro effeito ou mesinhas ou beberagens para algua mulher mover ou naó conceber (...);
IV. Se há algum benzedeiro ou benzedeira de gente, ou de gado, ou que diga que corta braço ou que cure de olhado, ou lance nominas, faça outras superstiçoes para curar de feridas ou de outros males (...); (…)
XI. Se há alguas pesoas que tenhaó illicita conversaçaó e incestuosa com parentes seus ou por consanguinidade, ou por afinidade dentro no quarto grau (...);
XII. Se há alguas pesoas que vivaó como casados, sem serem recebidos em face da igreja ou depois de o serem com nossa licença, vivaó da sobredita maneira antes de se correrem os banhos, e de receberem as bençoens na igreja: ou se há alguns casados que estejam apartados sem autoridade da igreja ou que naó façaó vida marital: ou alguns homens que dem má vida a suas mulheres;
XIII. Se há algua pesoa solteira, casada, ou viuva que tenha algua conversaçaó escandalosa ou que alcovitase ou desse alcouce em sua casa;
XIV. Se há algua pesoa que seja culposa em o pecado nefando, ou infamada delle (...);
XV. Se há alguas pesoas q. estejaó em odio, ou se deixem de fallar de falla publica e sensaçaó christaa;
XVI. Se há algua pessoa que dè tabolagem de jogo em sua casa, de cartas, dados ou de jogos prohibidos e que leve  por isso algum preço; (…)
XIX. E finalmente se há algua pesoa que persevere com escandalo em algum pecado mortal, de que naó queira emmendar- se.

Terminada a fase da devassa e registados pelo escrivão todos os depoimentos, o visitador teria agora de sentenciar os culpados (a denominada “pronúncia”).

Ao seu dispor, o visitador tinha todo um conjunto de sanções de natureza espiritual e temporal, que aplicaria consoante a gravidade do delito e o número de reincidências. Nos casos em que o delito era considerado ligeiro e havia confissão, os pecadores apenas pagavam uma multa. Nos delitos graves, os acusados poderiam ser alvo de penas, como a de prisão ou de degredo por maior ou menor período de tempo. Se os sentenciados reconhecessem a sua falta, assinariam um termo de culpabilidade, caso contrário podiam interpor um recurso para o tribunal eclesiástico declarando-se inocentes.

O sacrosanto, e ecumenico Concilio de Trento em latim e portuguez, Tomo I

Após um preâmbulo semelhante ao do livro dos capítulos, com as necessárias alterações em função da sua especificidade, os livros de devassas apresentam os depoimentos das testemunhas interrogadas, antecedidos pela indicação do seu nome, idade, lugar de residência, assim como, por vezes, a profissão e o seu estado civil. Caso a testemunha não denunciasse qualquer pecado apenas se acrescentaria a expressão “não disse nada”. Ao denunciante, no final da sua inquirição, era-lhe perguntado sobre o grau de parentesco ou relações de convivência com as pessoas que acabara de denunciar. Terminado o inquérito, o delator – mesmo que só o fizesse colocando uma cruz – e o visitador assinavam o depoimento.

Percebe-se, por aqui, a importância dos livros de devassa para a investigação genealógica. Infelizmente, na maioria das dioceses do território continental perdeu-se a quase totalidade dos documentos. Com excepção das dioceses de Braga, Coimbra e Lisboa, onde os fundos existentes actualmente conservam uma parte substancial da documentação originalmente produzida, em todas as outras dioceses a situação é desastrosa. De facto, a documentação sobre visitas pastorais relativa às dioceses de Miranda, Lamego, Viseu, Leiria, Portalegre, Elvas, Évora e Faro perdeu-se quase integralmente. Restam apenas alguns raros exemplares de livros de "devassas" e de “termos” nas dioceses de Miranda, Viseu, Portalegre e Faro, e para estas e todas as outras um conjunto variado de livros de "capítulos". Em relação a esta serie é ainda possível que alguns exemplares se encontrem dispersos pelos actuais arquivos paroquiais, local onde eram originalmente conservados. Note-se que, nalguns casos, a documentação se encontra dispersa por variadas instituições (em Viseu, por exemplo, há documentos no museu Grão Vasco, no Arquivo Distrital e no actual arquivo do cabido de Viseu).

Para a diocese de Braga, podem consultar no Arquivo Distrital de Braga a série Termos das Visitas e Devassas. A documentação existente não se encontra disponível para consulta online. No caso da que está depositada no Arquivo Distrital de Braga, existe um inventário das Visitas e Devassas (pdf).

Através de dissertações e teses, e outros trabalhos de investigadores, podemos aprender mais sobre esta temática e, inclusive, ver alguns exemplos do tipo de pecados públicos denunciados nas visitas. Segue-se uma lista de documentos deste tipo que julgamos ser de interesse para quem desejar aprofundar este tema.

1 - Visitas Pastorais ao Concelho da Lourinhã no séc. XVII (pdf) - Maria dos Anjos dos Santos Fernandes Luís
2 - Crime e Castigo: "Pecados Públicos" e Disciplinamento Social na Diocese e Viseu (1684-1689) (pdf) - João Rocha Nunes
3 - As Visitas Pastorais na Diocese do Porto (1675-1800) (pdf) - Lisbeth Marilim Santos da Silva
4 - Os Livros das Visitas Pastorais da Região Portuense (pdf) - Eugénio dos Santos
5 - Devassas: Uma Análise Das Denúncias Contra As "Mal Procedidas" (Prostituição, Concubinato e Vivência Religiosa nas Minas Gerais do Séc. XVIII   (Google Books)- Lisa Baptista de Oliveira
6 - Uma Instrucção aos Visitadores do Bispado de Coimbra (Séc. XVII?) (pdf)- José Pedro Paiva
7 - Freguesia e Paróquia de Gondifelos (Word) - A. Martins Vieira, Boletim Cultural << III série • nº2  CM V.N De Famalicão, pp. 38-39
8 - Inquisição e Visitas Pastorais, dois mecanismos complementares de controle social? (pdf) - José Pedro de Matos silva
9 - Sob os Auspícios do Concílio de Trento: Pombal entre a Prevaricação e o Disciplinamento (1564-1822) (pdf) - Ricardo Jorge Carvalho Pessa de Oliveira

Fontes:

1 de agosto de 2015

1 de agosto de 2015 por Manuela Alves comentários
Os móveis e as roupas
Os móveis da casa eram escassos.
O estrado constituía uma peça comum, a zona de estar, nos paços ou nas casas remediadas. sobre os estrados, as esteiras e as almofadas onde pousavam ou se reclinavam os corpos, as mãos das mulheres na dança das agulhas ou do bordado. Nas paredes ricas, penduravam-se guadramecins no Verão, alcatifas no Inverno. E em quase todas as casas, painéis figuravam Cristo, Nossa Senhora ou os santos.

22 de março de 2015

22 de março de 2015 por Manuela Alves comentários
"Sofrimentos das populações na terceira invasão francesa. De Gouveia a Pombal" , da autoria de Maria Antónia Lopes, é um artigo , de título significativo, que permite contextualizar no tempo e no espaço as vivências dos nossos antepassados, que nasceram, viveram e morreram nesta região.Achamos que a sua partilha despertará interesse, por muito que o tema continue, desgraçadamente, fazer parte do nosso quotidiano, sejam quais forem os seus actores e autores em qualquer lugar.

Imagem do filme "As linhas de Wellington", da realizadora chilena Valeria Sarmiento,

5 de março de 2015

5 de março de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
Publicação que julgamos ser de interesse para muitos leitores deste blog, com a vantagem de estar dividida por capítulos, descarregáveis da Biblioteca Digital, aborda a temática dos diferentes tipos de migrações: a partida, o retorno, as migrações internas.

"Perspectiva das margens do Rio Douro subindo-se para a Cidade do Porto."
S/d (1ª metade do séc. XIX). Arquivo da APDL.
Como introdução à leitura, escolhemos este excerto, onde se faz a justaposição entre a maneira de ser do "brasileiro", que ainda não o era, quando do Porto partia para o Brasil e o "brasileiro" de torna-viagem.

(...) a barra do Douro vai tornar-se o principal porto de escoamento da emigração oitocentista com origem no vasto "hinterland" de entre Minho e Vouga, mas aonde o lugar prioritário cabia, sem dúvida, ao distrito do Porto. Esta actividade de transporte de emigrantes torna-se tanto mais importante quanto decaem, após as vicissitudes da independência do Brasil, as relações comerciais de origem colonial que animavam um tráfico intenso entre os dois lados do Atlântico. Então, no dizer (reducionista) de Ricardo Jorge, "esta oficina de exportação funcionava em cheio e numa simplicidade pitoresca. O rapaz, que vinha descalço da sua aldeia, vestia a roupa nova de cotim, de jaqueta ao ombro, calçava chinelas de carnaz e cobria-se com o chapéu braguês. A bagagem era a caixa de pinho, comprada na chamada Feira das Caixas, de tamanha que era ali a provisão. No surgidoiro estreito do Doiro, cavado entre ribanceiras empinadas, ancorava a frota de barcas, brigues, escunas e hiates, numa rede de mastros, vergas e cordame, tão cerrada que um bom marinheiro podia atravessar pelos ares este dédalo sem esforço - marinha veleira, mantida pelo tráfico da emigração e pelo comércio reinante com os portos do Brasil".
(...)
No refluxo deste movimento, muitos emigrantes voltam, episodica ou definitivamente. Este mais discreto, procurando fazer passar despercebido o seu infortúnio ou evidenciando a doença que lhe corroeu o corpo e o ânimo. Aquele marcado pelo sucesso, "com o sutaque da fala, indumentado de calças brancas, casaco de ganga, chapeu do Chili, adereçado de cadeia de oiro e anel de brilhantes", num exotismo de modos que o romantismo fixará para sempre, recriando o estereótipo do "brasileiro". Mas, sobretudo no sentido da volta, circularão as "mesadas", os invisíveis correntes, as ansiadas remessas... 



2 de março de 2015

2 de março de 2015 por Manuela Alves comentários
Já tivemos ensejo de publicar neste blog alguns instrumentos de investigação genealógica, disponíveis on line, com informação sobre os percursos académicos dos nossos antecessores.

O que agora aqui partilhamos é um trabalho da autoria de Ana Maria Leitão Bandeira,  intitulado Percurso académico na Universidade de Coimbra, nos séculos XVI a XX (orientações para pesquisa) e que pode ser descarregado no separador das Orientações de Pesquisa do Arquivo da Universidade de Coimbra.

Mesmo que a deslocação ao AUC , para consultar in loco a documentação,  não  esteja ao alcance de muitos de nós, este trabalho é muito interessante e rico de informações sobre a carreira universitária dos nossos antepassados, bem como das contribuições de carácter genealógico que integram o seu curriculum estudantil.


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18 de fevereiro de 2015

18 de fevereiro de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
A limpeza de sangue e a escrita genealógica nos dois lados do Atlântico entre os séculos XVII e XVIII: Alguns aspectos.

Em boa verdade, se os processos de nobilitação foram, na prática e em diversos países europeus, elo de constante ligação entre poderes instituídos e clientelas emergentes, só o estudo destas últimas, numa perspectiva sociológica de história e mobilidade das elites, logrou concitar o interesse dos estudiosos. No geral pouca foi a atenção dispensada à própria trama processual, quer para o caso das habilitações, provas de nobreza e outras, quer quanto ao complexo universo das nuances literário-genealógicas que lhe serviam de enquadramento.
Isto, a despeito de todo o cortejo de incidências que, no quotidiano, as acompanhavam: cumplicidades, clientelismo e até má-fé e corrupção, já que as genealogias constituíam «terreno aberto de luta e de conflito»

Trabalho de João Figueirôa-Rego, partilhado pelo autor e adicionado à Biblioteca do blog.
e-DITTIP: Limpeza de Sangue

por Maria do Céu Barros comentários
Sobre a diáspora cristã-nova portuguesa no Peru, para quem quer saber mais.

Es muy grande la cantidad de portugueses que han entrado en este reino de Perú, [...] por Buenos Aires, el Brasil, Nueva España, Nuevo Reino y Puerto Belo [...] muchos casados y los más solteros, habían se hecho señores de el comercio; la calle que llaman de los mercaderes era casi suya; el callejón todo […]. El castellano que no tenía como compañero de tienda a portugués, le parecía no tener suceso bueno. 
(Texto de um papel anónimo dirigido ao Santo Ofício em 1636)

Trabalho de João Figueiroa-Rego, partilhado pelo autor e adicionado à Biblioteca deste blog.
NOTAS DE ERRÂNCIA E DIÁSPORA. A presença de cristãos-novos portugueses no Perú: Inquisição e tabaco (séculos XVI-XVII)

22 de outubro de 2014

22 de outubro de 2014 por Manuela Alves comentários
Cor da pele, distinções e cargos: Portugal e espaços atlânticos portugueses (séculos XVI a XVIII), documento, da autoria de João de Figueirôa-Rêgo e Fernanda Olival, deixado por João de Figueirôa-Rego num comentário neste blog e que aqui destacamos, para maior visibilidade, dado o interesse da temática abordada. Nas palavras dos autores,

Neste texto, analisa-se de que forma o centro político de Lisboa e as elites coloniais lidaram com a realidade da cor no espaço atlântico, sobretudo no que respeitava ao provimento de lugares e, inclusive, no acesso a distinções sociais de patamar intermédio; averigua-se o modo como o centro político fundamentou as suas perspectivas sobre a temática em diversas cronologias; tenta-se também sondar se nalguns locais a existência de sangue nativo no seio dos grupos sociais elevados terá alterado uma percepção simplista das variantes cromáticas. Como a questão abarcou, grosso modo, os tempos fortes (1570-1773) da vigência dos estatutos de pureza de sangue em Portugal, discute-se a possível conexão / contaminação entre essas duas realidades.

27 de agosto de 2014

27 de agosto de 2014 por Maria do Céu Barros comentários
Ainda sobre a temática dos testamentos, partilhamos um estudo dos comportamentos demográficos e da transmissão de património, realizado a partir de dados recolhidos em testamentos, dotes e doações (1720 a 1809), na freguesia de Adaúfe, Braga. A autora chega a conclusões interessantes, como a constatação de que entre os lavradores minhotos o sexo do herdeiro não era importante, privilegiando estes a ordem de nascimento e contrariando, assim, as regras de sucessão da propriedade aforada.

Com a vantagem de ser um documento curto, contribuí para uma melhor compreensão das mentalidades e das estratégias encontradas, no sentido de garantir a todos os filhos meios de subsistência.

Herdeiros e Não Herdeiros
Nupcialidade e Celibato no Contexto da Propriedade Enfiteuta
Autora: Margarida Durães, 1988

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