Repositório de recursos e documentos com interesse para a Genealogia

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29 de janeiro de 2016

29 de janeiro de 2016 por Manuela Alves comentários
Uma das preocupações deste blog tem sido divulgar, junto dos interessados em investigar as suas raízes familiares, fontes documentais que lhes permitam a reconstrução contextualizada das gerações passadas, resgatando do limbo do esquecimento as memórias de gente humilde que deixou as suas pegadas em documentos esquecidos nos Arquivos, julgados de pouco interesse histórico fora do âmbito da comunidade científica.
Por outro lado, um novo entendimento de uma geração activa e interessada em valorizar os tempos deixados livres pelo termo das actividades profissionais ou das responsabilidades familiares, trouxe um público interessado pela genealogia familiar ou o conhecimento da histórica local, aproximando dos arquivos e das publicações científicas pessoas que, pela sua formação escolar ou profissional, estavam arredados desses meios.

A  estes novos interesses, os Arquivos têm  sabido corresponder com uma política de divulgação online dos seus acervos documentais, contribuindo para uma democratização cultural e de preservação patrimonial que nunca será de mais enaltecer.

Serve esta introdução para divulgarmos o Arquivo Histórico do Tribunal de Contas e a indicação de documentação com interesse genealógico.

Em praticamente todos os fundos documentais poderão ser encontrados elementos relevantes para estudos genealógicos como, por exemplo, nos livros de posse ou de ordenados dos vários organismos que antecedem o actual Tribunal de Contas. 

No entanto, destacamos especialmente os conjuntos da Décima da Cidade e Décima da Província cuja produção documental reflecte a aplicação do imposto da Décima, materializada em livros de prédios rústicos e de prédios urbanos, de maneio e de juros, contribuição de defesa e de novos impostos. Os livros eram escriturados por freguesias e dentro destas, rua por rua, prédio por prédio, discriminando os livros de arruamento não só o nome do proprietário do imóvel, mas também nas casas comuns, o de cada um dos inquilinos e respectiva renda paga e nalguns casos a profissão e o maneio, quando não existia livro próprio para o registo deste último imposto.

Para um melhor conhecimento desta documentação, sugerimos a consulta das respectivas listas disponíveis no website do Tribunal de Contas:

Décima (1762-1833):
Décima da Cidade (pdf) – lista ordenada alfabeticamente por freguesias da cidade de Lisboa com identificação das datas
Décima das Províncias (pdf) – lista ordenada alfabeticamente por comarcas e respectivas localidades  (Leiria, Santarém, Tomar, Torres Vedras) com identificação das datas.

Página inicial do Arquivo Histórico
Página inicial sobre o Arquivo Histórico e a Biblioteca do Tribunal de Contas
Acesso aos vários instrumentos de pesquisa disponibilizados online

O Arquivo Histórico e a Biblioteca do Tribunal de Contas dispõem de uma Sala de Leitura para atendimento presencial no edifício-sede do Tribunal de Contas (Av. Da República, 65, em Lisboa) que funcionam todos os dias úteis entre as 9h15m e as 17h15m.

Qualquer pedido de informação poderá também ser dirigido para o endereço electrónico do Arquivo Histórico e Biblioteca do Tribunal de Contas – dadi@tcontas.pt

Agradecemos vivamente ao Arquivo Histórico do Tribunal de Contas as informações que nos  enviaram.

16 de janeiro de 2016

16 de janeiro de 2016 por Manuela Alves comentários





 Um milagre de S. Vicente em 1698

Em 12.6.1701 casaram em Sequeira, Braga,  João de S. Vicente enjeitado, assistente na freguesia há 3 anos para onde o trouxeram sendo menor e  aleijado, andando de muletas e Isabel de Pina. Narra o celebrante do casamento o milagre que, por intercessão de S. Vicente, alcançou  o  noivo e que aqui se reproduz em tradução resumida livre, com o auxílio prestimoso do Abílio Carvalho e do António José Mendes: Sonhando algumas vezes com o dito santo, João  se fez em romaria a sua capela com grande trabalho por ser distante desta freguesia. Sucedendo-lhe passar da capela para a fonte, incapaz de subir um altinho, largou as muletas e deu um salto e se achou com as pernas estendidas que dantes tinha as barrigas das pernas coladas às coxas desde o seu nascimento que nem se lembrava de andar de outra sorte.  Isto sucedera no dia 1 de Maio de 1698,  quando ele teria cerca de dezoito anos.
Fonte: Imagem 234 do Batismos, matrimônios, óbitos 1575-1865 do Family Search
por GenealogiaFB comentários
Tudo sobredito me incitou a que fizesse aqui este assento para que os que o lerem tenham entendido quão contrário nos foi em tudo este ano inimigo... é um sugestivo excerto do Pároco de Salvaterra do Extremo, Idanha a Nova, que pode servir de denominação comum a estas notas deixadas nos registos paroquiais para nós. Mas porque nem tudo são tristezas e desgraças, o interlúdio poético, vindo de Celorico de Basto, faz o contraponto nestes relatos dos Repórteres do Passado. 



A Natureza


Gaspar Duguet - Paysage d’orage - © Museu das Belas Artes, Chartres

Eclipse do sol - Convento de S. Domingos, Porto - 21/8/1560
Era de mil e quinhentos e sessenta anos aos vinte e um do mês de Agosto uma quarta-feira junto das onze horas do dia foi o sol eclipse em tanto que a lua cobriu o sol de todo e foi feito noite e escuridão que apareceram as estrelas no céu e durou este eclipse um quarto de hora do dia ...escuridão
-rec por José António Reis

Cheias - Pico de Regalados, Vila Verde - 28/2/1623
Terça feira 28 de Fevereiro do ano de 1623 às dez horas do dia pouco mais ou menos veio uma chuva em espaço de meia hora pouco mais e fez tal enchente que levou a ponte de Agrela, e muitas outras, e quantos moinhos havia nas ribeiras e levou muitas uveiras, e sementeiras, e fez grandes quebradas em campos, e tal destruição que pessoas muito antigas afirmavam que não recordavam outra semelhante, nem quando fora o dilúvio de Cabaninhas, nem em dia de Santa Catarina que houvera 27 anos foi outra cheia muito grande porém que nenhuma chegara a esta, nem dera tanta perda, ad memorium feci - Padre Pedro de Sousa, abade.
-rec por António José Mendes

Neve e geada - Pico de Regalados, Vila Verde - Jan/1624
O mês de Janeiro de 1624 foi seco e todo ele geou mui grossamente, e a 11 de Fevereiro continuando a mesma geada cobriu tudo de muita neve, e dado que nos baixos se derreteu nos montes sempre esteve, e foi continuando caindo de dois em dois dias, e de três em três cobrindo tudo, e nos dezanove amanheceu toda esta terra coberta de mui grossa neve, dizem os mais antigos que lhe não recorda semelhante ano de neve, e geada, porque além de durar muito ordinariamente caía neve e geada juntamente, e nos dezanove que foi Domingo digo 19 de Fevereiro e a segunda feira cobriu tudo de neve, e com ela jogaram aqueles dias as laranjadas* e quinta feira 11 de Abril cobriu outra vez tudo de neve porém logo se desfez no mesmo dia, e foi muito bom ano de pão e vinho.
-rec António José Mendes
*laranjadas - jogo/brincadeira associada ao entrudo e que consistia em atirar laranjas uns aos outros.

Tempestade - Pico de Regalados, Vila Verde - Dez/1641
No mês de Dezembro de 1641 no descente da lua, nevou, e choveu muitos dias com tempestade desfeita com ventos de poente; na primeira oitava de Natal de noite, houve grandes ventos, chuveiros com trovões, no dia seguinte que foi sexta feira pelas duas da tarde pouco mais ou menos, começou uma trovoada com muita saraiva, mui grossa, intrometida com algumas pedras do tamanho de bugalhos pequenos, e logo com outras maiores que os bugalhos grandes, outras tamanhos como ovos e muitas tamanhos como ovos de pata, isto sem encarecimento, porque quebraram os telhados, mataram galinhas, tordos, melros,?, mancaram ovelhas, e por cima do sombreiro fizeram inchaços na cabeça de algumas pessoas: durou este pedraço quase um quarto de hora, dizem pessoas antigas que nunca viram cair tão grandes pedras, isto para na verdade em fé e dela escrevi aqui - o abade Pedro de Sousa

-rec António José Mendes



Interlúdio Poético


Admirador de Camões - S. Romão do Corgo, Celorico de Basto, 1663

Um gosto que hoje se alcança,
Amanhã já não o vejo;
Assim nos traz a mudança
De esperança em esperança
E de desejo em desejo.
(da redondilha "Sôbolos rios que vão")

Horas breves de meu contentamento
Nunca imaginei quando vos tinha,
Que vos visse mudadas tão asinha
Em tão compridos anos de tormento.

As minhas torres, que fundei no vento,
o vento as levou que as sostinha;
Do mal que me ficou a culpa é minha,
Pois sobre cousas vãs fiz fundamento.
(do soneto  "Horas breves de meu contentamento")
-rec por Manuela Alves




Guerra da Sucessão Espanhola

 Filipe V e Luis José I, duque de Vendôme, comandando as forças Franco-Espanholas 

Morreu o ano de 1704 - Salvaterra do Extremo, Idanha a Nova, 31/12/1704
Aqui fez termo e deu fim o infeliz e infausto e sempre digno de ser chorado (de todo Portugal) o ano de mil e setecentos e quatro, em o qual, no primeiro dia de Maio, entrou, por Salvaterra da Beira, Filipe Quinto, com um exército de Castelhanos e Franceses, tão infeccionado e apestado que a todas as povoações a que chegou com este pestífero contágio infeccionou; e mais que todos a esta Vila, que sitiou e conquistou, aonde se deteve dezoito dias; porque, tanto que nela o seu exército entrou, o seu pestífero contágio começou, com tantas vivas que, na freguesia de Sta. Maria, Matriz desta Vila, morreram trezentas e sessenta e uma pessoas grandes, que enterrou a tumba da Misericórdia na freguesia e, não havendo já nela covas, encheram o tabuleiro de defuntos, e, depois deste, o Adro ao longo da Igreja, com tal modo como, hoje em dia, se vai continuando. Na casa da Misericórdia, a esta Igreja anexa, foram tantos os pobres e necessitados a que a casa deu mortalha e sepultura, que não se acha hoje, no seu cemitério, lugar para enterrar nenhum defunto. Na Sra. da Vitória, também anexa, hospital que foi dos Padres Capuchos, se enterraram, no cemitério que ali se acha (com minha licença), muita gente de Marvão que, nas azenhas e casas das fazendas à roda, faleceram, aonde em cobertores e paninhos os traziam seus parentes e amigos, até que no tal cemitério os enterravam e cobriam. Pois se fizermos menção dos meninos, anjinhos e inocentes pelos quais se começou este contágio acharem os que morreram nesta Vila tantos, e com tão grande excesso que já não cabem no Claustro do Convento. Tudo sobredito me incitou a que fizesse aqui este assento para que os que o lerem tenham entendido quão contrário nos foi em tudo este ano inimigo, pois nele ficamos sem pão, sem gados, sem fazendas, só com temores, sobressaltos e ameaços de morte, a cada passo. Como melhor contarão os que deste ano escaparem àqueles que, com curiosidade lho perguntarem. Dezembro, trinta e um, de mil e setecentos e quatro.
Padre Carrilho de Sequeira
-rec António José Mendes


Invasões Francesas


Artilharia Francesa - Fonte da imagem

Memorandum - Lordelo do Ouro, Porto, 29/3/1809
Aos vinte, e nove dias de Março pelas 9 oras da manham deste dia infelizmente introu huma coluna do ezercito frances por esta freguezia de Lordelo matando todas as pessoa que incontrava não somente dentro de suas casas, mas tambem fora dellas, saqueando-as e roubando-as ao mesmo tempo, e fazendo todo o género de hostilidades, e mandando eu proceder na averiguação das pessoas, que morrerão pertencentes á esta minha freguezia, e que erão meos freguezes, que todos forão sepultados pellos campos, e caminhos desta mesma freguesia por ordem do governo francês, então dominante; achei serem os seguintes. Digo aos vinte, e nove de Março de mil oito centos, e nove. [segue-se a lista das vítimas]
ADPRT, Registos Paroquiais, fregª de Lordelo do Ouro, concº do Porto, Livro O-1, f. 21, 22 e 23.
- rec José António Reis


Batalha na serra do Carvalho - Aveleda, Braga, 20/3/1809
Aos vinte dias do mez de Março do anno de mil e oitocentos e nove, entrou o ezercito da Nação Francesa a roubar as igrejas e nellas a fazerem muitos ultrajens roubar as cazas por cuaze toda esta provincia do Minho houve hua grande vatalha na serra do Carvalho na qual falecerão as pessoas seguintes freguezes desta freguezia de Santa Maria de Aveleda a saber (...)

- rec António José Mendes





O flagelo dos incêndios - Andrães, Vila Real  - 31.8. 1688

Em o último dia do mês de Agosto do ano mil e seiscentos e oitenta e sete, às duas horas da tarde, se levantou neste lugar de Andrães um fogo tal, que bem exprimia a figura do dia do juízo, pois dentro de menos de uma hora, levantando-se com a primeira casa do lugar, da parte direita conforme a igreja, se queimaram trinta e oito casas, fora os quinteiros, dos bens que elas tinham e frutos recolhidos e veio a parar por misericórdia de Deus e virtude do Santíssimo Sacramento a que se acudiu com preces na casa da renda, que ficou ilesa, com mais quatro casas entre meio, que eram de telha, sem poder valer humana indústria alguma, nem trabalho muito dos moradores e lugares vizinhos de Constantim, Mosteirô, Fronteita, São Cibrão, Galegos e Carro Queimado e por ser tão notável para memória e Louvor do Santíssimo Sacramento fiz este, die ut supra.
 
  PT/ADVRL/PRQ/PVRL03/002/022 de Andrães Vila Real Imagem 3
  Transcrição de António José Mendes







Os textos aqui reunidos foram originalmente partilhados no Facebook.

7 de janeiro de 2016

7 de janeiro de 2016 por Paula Peixoto comentários

Registo Passaportes - ADB

Nota- as palavras encontram-se sem qualquer acentuação, tal como são apresentadas no Arquivo Distrital de Braga.


LIVROS DE REGISTO DE PASSAPORTES
Arquivo Distrital de Braga
DATA ÍNDICE
07/12/1868 A 11/04/1871 Excel
30/10/1873 A 20/11/1881 Excel
26/05/1877 A 04/07/1882 Excel
04/07/1882 A 31/05/1886 Excel
01/06/1886 A 23/10/1888 Excel
24/10/1888 A 20/11/1890 Excel
20/11/1890 A 02/11/1892 Excel
03/10/1893 A 01/02/1896 Excel
01/02/1896 A 06/02/1899 Excel
07/02/1899 A 27/10/1902 Excel
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