Entre as brumas do Passado, uma ascendência inesperada se perspectiva… satisfatoriamente documentada.
Retomemos a genealogia que descobrimos na mensagem anterior, a partir de LUÍS MACHADO DE MIRANDA E CUNHA. com uma breve nota sobre os meus décimos avós.
D. MARIA DE MIRANDA,
baptizada em 5.6.1621 em S. Paio, Guimarães, tinha casado a primeira vez, em
Vermoim- em 5.2.1640 com Pedro de Faria
Mariz, filho de João de Almeida Faria e Madalena Mergulhão e desse casamento não
houve geração.
MANUEL MACHADO
CARMONA , filho bastardo de Francisco Machado Carmona, que instituiu o Morgado
dos Machados Carmona de Barcelos, era neto de João Carmona Machado e de sua
mulher Catarina de Faria.
Foram
meus 11ºS avós TORCATO MACHADO DE MIRANDA II e sua 2ª mulher D. ISABEL DA COSTA
DE SÁ, filha de Francisco Vaz de Brito, o Feijoeiro (+1646) e de sua mulher
Maria da Costa, neta paterna de Brás Francisco, rico mercador, morador na Rua
dos Gatos, e de sua mulher e neta materna de Manuel Nunes, ourives e mercador
na Praça do Porto e de sua mulher Inês de Góis.
TORCATO
MACHADO DE MRANDA I, meu 12º avô,
senhor da Quinta da Breia, casou a primeira vez com MARIA DE AZEVEDO,
irmã de Jerónimo Amarante, abade de Santo André de Sobrado, filhos de Jerónimo
Amarante de Matosinhos e de sua mulher Joana Gil, como consta do instrumento de
quitação de herança. feito pelo abade a seu cunhado Torcato a 27.8.1585 (AMAP:
Notarial n.º 61, fls. 154 v. a 155). Casou segunda vez com INÊS DE AZEVEDO,
filha de Reinaldo de Azevedo e de sua mulher Margarida de Herédia, no tít.:
Azevedos § 45, n.º 23 e de Vila Boas § 31, n.º 14 de Felgueiras Gaio e que foi
a minha 12ª avó.
Em
27 Junho 1597,foi apresentado o prazo do Assento de Santa Maria de Vermoim
anexa in perpetuum ao Mosteiro de Santa
Maria Oliveira, feito em Braga aos 26 Junho por Gaspar Lopes Proença, escrivão
da Câmara do Arcebispado no qual consta ser TORCATO MACHADO DE MIRANDA I seu
foreiro.
TORCATO
MACHADO DE MIRANDA I é 4º filho de CRISTÓVÃO MACHADO DE MIRANDA, senhor da Quinta da Breia, casado com
LUCRÉCIA DA CUNHA GUSMÃO, meus 13ºS avós.
LUCRÉCIA DA CUNHA GUSMÃO é filha de DONA GUIOMAR NUNES DA CUNHA, irmã de
Sixto da Cunha, prior-comendatário do
mosteiro de Santa Maria de Oliveira e de seu marido RUI GOMES, tít.: Cunhas §
65, n.º 14, na obra de Gaio.
E
com estes meus avós vamos dar um saltinho até terras da Beira e encontrar
raízes em gente que deixou pegadas – e que pegadas! – na história de Portugal,
quer por bons, quer por maus motivos….
De D.
Guiomar Nunes da CUNHA, irmã inteira de Sixto da Cunha ao 2º Senhor de
Pombeiro, João Lourenço da Cunha e sua mulher
Um vínculo genealógico directo parece ligar o senhor
de Pombeiro, João Lourenço da Cunha, e sua mulher, a famosa e tão detestada
“Flor de altura” D. Leonor Teles, a Sixto da Cunha, prior-comendatário do
mosteiro de Santa Maria de Oliveira a quem se deve o estabelecimento deste
linhagem…de origem beirã em terras de Vermoim, Vila Nova de Famalicão,
assim começava uma comunicação do Carlos Silva,num grupo de genealogia, amigo
a quem muito devo nas minhas pesquisas genealógicas sobre o meu ramo de
Famalicão.
E continuava: A genealogia
proposta por Felgueiras Gaio e por Domingos de Araújo Affonso parece ser verdadeira, fazendo notar que
apenas a ligação de Frei Diogo Alvares da Cunha
a Isabel da Cunha, e a ligação de Isabel da Cunha a Inês da Cunha carecem de
documentos, indicios, fontes externas, independentes, referências ou datas.
Segundo
Gayo, NUNO GONÇALVES DE GUSMÃO foi
armado cavaleiro por D.Afonso V na
tomada de Arzila, desconhecendo ele, porém, a sua filiação.
Já o meu 17º avô,
FREI DIOGO está bem documentado, pois é conhecido pelos nobiliários, que
atestam a sua filiação, e pelos historiadores. As fontes históricas publicadas
sobre a Ordem de Cristo no século XV confirmam que era comendador de Castelejo
e Castelo Novo e os estudos publicados sobre a presença portuguesa em Marrocos
confirmam sua presença em Ceuta entre 1415 e 1437. Em 1438 recebeu 15781 reis
de soldo pelo seu serviço em Ceuta. A 19 de maio de 1426 esteve no capítulo
geral de sua Ordem em Tomar.
Frei Diogo é especialmente conhecido dos historiadores
dos Descobrimentos por via do seu epitáfio (em S. Francisco da Covilhã) assim
transcrito por Braamcamp Freire e outros, e que revela o empenho do Infante D.
Henrique o Navegador e de seus homens em intervir nas ilhas Canárias: "Aqui jaz ho muyto honrado Cavaleiro Frey
Diegalves da Cunha Comendador que foy de Castelejo e de Castelnovo ho qual foy
na tomada de Cepta com o muyto alto e com o muyto excellente e muyto virtuoso
Senhor Rey Dom Ioham da boa memoria & foi nas Ilhas de Canaria por mandado
do muito honrado principe & muito virtuoso Senhor o Infante D. Henrique seu
filho: o qual se finou na Era de 1460 annos."
Era
filho de ÁLVARO VAZ DA CUNHA, filho único do 1º casamento de D.LEONOR TELES com
JOÃO LOURENÇO DA CUNHA, 2º senhor de Pombeiro, e sua mulher D. BRITES DE MELO
Segundo Fernão
Lopes, até à morte de D. Fernando, Álvaro da Cunha teve de usar o apelido
Sousa, sendo apresentado na corte como um bastardo do mestre de Cristo, Lopo
Dias de Sousa. Só a partir de 1384 recuperou a sua identidade e licença do
mestre de Avis para herdar os bens do pai. Esteve ao lado do mestre de Avis na
crise de 1383-85, tendo morrido de peste durante o regresso de Ceuta (1415).
LEONOR TELES DE
MENESES, sobrinha do influente João
Afonso Telo de Meneses, conde de Barcelos, descendia por seu pai MARTIM AFONSO
TELO DE MENESES do rei Fruela II das Astúrias e Leão e, por sua mãe ALDONÇA
ANES DE VASCONCELOS, de Teresa Sanches, filha bastarda do rei Sancho I de
Portugal.
Ainda muito jovem,
Leonor casou com JOÃO LOURENÇO DA CUNHA, filho do 1º senhor de Pombeiro (da
Beira, no concelho de Arganil) por doação de D. Afonso IV em 1355, com quem
teve um filho, Álvaro da Cunha.
Narra Fernão Lopes Elrei D. Fernando. como era muito costumado de
ir ver amiúde a infanta sua irmã, quando viu D. Leonor em sua casa. louçã e
aposta e de bom corpo, pero que a de antes houvesse bem conhecida, por então
mui afincadamente esguardou suas fermosas feições e graça: entanto que deixada
toda benquerença e contentamento que de outra mulher poderia haver, desta se
começou a namorar maravilhosamente.
João
Lourenço da Cunha , ciente da situação, optou por abandonar sua mulher,
preferindo o divórcio aos perigos que poderia correr, sujeitando-se à cólera do
rei, e refugiou-se em Castela[1].
Assim, depois de
anulado o primeiro matrimónio por motivos de consanguinidade, a 15 de Maio de
1372. casou-se D. Leonor Teles com o rei
D. Fernando I de Portugal., em Leça do Balio, às escondidas do Reino.
E como o meu
objectivo não é dar-vos uma lição de Historia mas de vos transmitir as minhas
memórias das investigações a que me entreguei de alma e coração sobre as nossas
raízes familiares em tempos de aposentação, tentando despertar o vosso
interesse vou terminar esta breve apresentação da minha 19ª avó, D. Leonor
Teles, colocando na sua boca as palavras de uma autora contemporânea que a
biografou:
É justo que me apresente. O meu nome é Leonor Teles
de Meneses, conhecida por Flor de Altura por aqueles que, feridos pelos meus
cantos de sereia, ficaram presos na rede das minhas palavras e da minha beleza.
Para as sombras justiceiras que me visitaram nos meus anos de prisão fui a Dama
Maldita. Ainda mais cruéis e certeiras, asseguraram-me que ninguém me
recordaria no futuro e que se o fizesse me contemplaria debaixo do estigma da
desonra. Cumpriram-se os seus presságios. Certo é que fui adúltera, traí,
intriguei e até manejei as adagas de outros… era esse o negócio das cortes. O
meu rei e marido, D. Fernando I de Portugal, carecia de coragem e ambição.
Justo o que sobrava ao meu amado João Fernandes, conde de Andeiro. Tive então
que actuar por minha conta e risco e agora é altura de me justificar. Volto
pois agora, para vos explicar o porquê do meu destino. Tudo me foi dado. Tudo
me foi tirado. É hora da História me fazer justiça. Por isso quis contar a
minha verdade. De uma mulher que quis alcançar os céus e acabou por se perder
neles. Lisboa, no ano do Senhor de dois mil seis Leonor Teles, Rainha de
Portugal [2]
[1] Segundo Fernão Lopes, João Lourenço da Cunha foi dos
que ajudaram o mestre de Avis (embora de forma ambígua), tendo falecido de
doença durante o cerco de Lisboa de 1384.
[2] Eu, Leonor Teles A Dama Maldita , HIERRO, MARIA PILAR QUERALT, A Esfera dos Livros
Publicado em: Curiosidades, Genealogias
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