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7 de junho de 2020

7 de junho de 2020 por Maria do Céu Barros comentários

Por Ana Pires

Esta senhora de olhar sério, mas doce, nasceu a 28 de Outubro de 1807 e morreu a 11 de Abril de 1868. Do seu segundo casamento (12 de Dezembro de 1849) nasceu a minha bisavó Maria Libânia a 14 de Março de 1852, tinha minha trisavó 44 anos!


Dela conheço unicamente duas histórias qual delas a mais interessante e que não resisto a partilhar convosco.

No Outono de 1810 as tropas de Massena, logo depois da derrota do Buçaco, continuaram em direcção a Lisboa. O alvoroço e o medo que causaram varreu o centro de país como uma onda de destruição e abandono. As pessoas pegavam no que tinham de mais precioso, nalguma comida, e iam-se esconder em pedreiras, em grutas e furnas, nos vales mais distantes das grandes rotas propícias ao avanço do exército francês, enfim para qualquer lado onde se sentissem mais seguras.

Foi assim que na precipitação da fuga, em Paínho (Figueiros - Cadaval) a minha trisavó, então com 3 anos, foi deixada para trás. Quando a família se deu conta era impossível retroceder e a menina ficou entregue à sua sorte.

Quando as coisas acalmaram voltaram para casa onde a encontraram, limpa, estimada, sem fome. "Nem os brincos de ouro lhe tiraram"...

(gosto de imaginar aquela menina, provavelmente bem vestida, talvez com algum brinquedo, adormecida num qualquer canto da sua casa, e a ser encontrada pelos soldados que nela reencontraram a sua humanidade, e a trataram bem, alimentando-a, talvez mesmo embalando-a e certificando-se de que não tinha frio enquanto dormia...)


A minha trisavó, Maria Libânia de Almeida, filha de Teotónio José Baptista da Mota
 e de 
Doroteia Libânia de Almeida Morais e Cunha d’Abreu Oliveira

A menina fez-se senhora e casou. Desse casamento teve três filhas. Tinha a mais velha 16 anos quando ficou viúva.

Passado um tempo, um moço bonito, bacharel em leis, começou a rondar e a fazer-se encontrado com a viúva e as suas três filhas. Qualquer uma daquelas meninas, já bem herdadas, eram um objectivo a considerar para um jovem ambicioso, voluntarista e com pouco dinheiro.

A viúva, percebendo a situação - o rapaz não tinha fortuna, mas era doutor e muito capaz - começou a insistir, sobretudo junto da mais velha, para que considerasse as atenções do Dr. Julião. A moça, nada. "É muito velho minha Mãe". Mas a Mãe não desarmava. E porque isto e porque aquilo, tão bem apessoado... e a rapariga, fartinha daqueles sermões, lá lhe atira: "Minha mãe, se o acha tão a seu gosto, case a minha mãe com ele!"

E foi o que ela fez , aos 42 anos tinha o noivo 28!!!

(adoro saber que tenho esta história inscrita nos meus genes!)


Este texto foi escrito e partilhado pela nossa amiga, Ana Pires, no grupo do Facebook associado a este blogue. Estas duas histórias da sua História de Família fizeram as delícias da nossa comunidade. Não poderíamos deixar de publicar também aqui. Agradecemos à Ana Pires pela simpatia com que nos autorizou a partilhar o seu texto com os nossos leitores.

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