Por Madalena Campos
Sabia-me uma mulher ligada ao Rio Guadiana e seus afluentes, por genealogia materna, conhecendo muitas das suas aldeias e vilas.
Da genealogia paterna, Escurquela, em Sernancelhe, Beira Alta, era a referência, juntamente com as vizinhas Fonte Arcada e Riodades. Todas as outras terras que vi citadas nos assentos paroquiais, como lugares onde nasceram e viveram os avós mais distantes, foram surpresa e levaram-me a sentir um desejo incontido de as visitar.
Mal sabia eu que o Rio maravilhoso que me habituara a amar no Porto, era, afinal, junto com vários afluentes, tão meu como o grande Rio do Sul.
O Alto Douro de Peso da Régua, Vila Real, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Lamego, Armamar, Tabuaço, São João da Pesqueira, Vila Nova de Foz Côa, afinal pertence-me, tal como ainda em Cinfães, Ferreiros de Tendais.
Pensava ainda que o meu Mar era a Sul, desde a Albufeira natal até Vila Real, onde o Guadiana tem a foz.
Acrescentei o mais encapelado Mar de Aveiro, cidade onde, na Rua Direita, viveram durante gerações alguns avós.
Juntei o Mar ao largo de Lisboa, capital onde bem no seu centro, viveram outros.
À ideia de que a Espanha fronteiriça que me dizia respeito era andaluza acrescentei a certeza de que a Espanha do Douro Internacional é raia que me toca também, lá para Freixo de Espada à Cinta.
A Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa Guarda e seu termo também vieram inscrever-se-me na pele.
Guimarães, que me encanta.
Póvoa de Lanhoso, que ainda não visitei.
Há dois Verões que o meu coração me leva a percorrer estes destinos, com a vontade de sempre regressar, com Escurquela a exercer o seu forte apelo, onde tenho bebido, com sede, junto dos poucos parentes da geração da minha avó e meu pai que ainda aí se encontram, informações fulcrais para seguir alguns ramos.
Neste lugar, ainda mais que nos outros, a emoção toma conta de mim, parece que os pássaros surgem em bando para me saudar com o seu canto, os aromas ficam mais enebriantes só para mim, o Rio que ali passa sussura-me segredos, as pinturas belíssimas do tecto da Igreja ganham todo o seu esplendor à minha entrada.
Publicado em: Espaços, Testemunhos
Amiga,sei que gostas de mim...
ResponderEliminarAmiga Madalena! Que lindo texto. Como me dizias há tempos no Porto, és uma Mulher de todos os sítios, cada um mais bonito do que o outro. Continua a encantar-nos com as tuas emoções e põe-nos a descobrir e a percorrer contigo estes sítios tão bonitos que connosco partilhas em fotos! Parabéns! Um beijinho!
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