Repositório de recursos e documentos com interesse para a Genealogia

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  • Primeiros passos em Genealogia: como começar, onde pesquisar, recursos disponíveis e outras informações.

  • Apelidos de família: de onde vêm, como se formaram.

  • Índices de passaportes, bilhetes de identidade, inquirições de genere e outros.

3 de dezembro de 2017

3 de dezembro de 2017 por Manuela Alves comentários
Pelo seu indubitável interesse e porque não é facilmente acessível, aqui se partilha o artigo da excelente Revista  Raízes & Memórias nº 9.
 





22 de novembro de 2017

22 de novembro de 2017 por Manuela Alves comentários
Para darmos a conhecer a toponímia antiga de Braga, consultamos fundamentalmente a obra de Eduardo Pires de Oliveira[1], existente na BPMP, e dela respigamos excertos, quer do próprio autor quer de outras fontes por ele citadas. Sendo este um instrumento de trabalho, e com as fontes identificadas, as transcrições foram adaptadas ao nosso objectivo. Contamos igualmente com a colaboração do António José Mendes, a quem agradecemos, que partilhou connosco ficheiros seus, já convertidos em Word, que muito facilitaram a nossa tarefa.

Pelo Tombo do Cabido (1369-1380) pode-se conjecturar que a cidade se estendia numa pequena zona situada a S.W da catedral e definida pelas actuais ruas do Alcaide, D. Paio Mendes, largo de S. João do Souto e rua D. Frei Caetano Brandão, a que devemos acrescentar as ruas de Janes e do Souto, bem como as que ligavam as igrejas suburbanas de S. Vicente, S. Vítor e S. Frutuoso, e o início das estradas que uniam Braga a outras povoações.
Com o decorrer dos tempos a cidade continuará a crescer. D. Diogo de Sousa[2], quando chegou a Braga encontrou não uma cidade mas uma aldeia. Resolveu imediatamente transformá-la. O mapa de Braunio (1594) mostra-nos já uma cidade aberta, espraiando-se em direcção a S. Vicente e S. Vítor e à ponte de Guimarães.

Mapa de Braunio de Braga (1594). 1 - Sé; 2 - Castelo; 3 - Paço Arquiepiscopal; 4 - Casa da Câmara; 5 – Estudos Públicos. In Melo, Arnaldo e Ribeiro, Mª do Carmo (Coord.), História da Construção - os construtores. Braga: Ed. CITCEM, 2011, p. 99-128 (http://hdl.handle.net/1822/15455).

O século XVII será um período morto, mas no século XVIII foi necessário criar mais ruas onde pudessem ser construídas novas casas. Em 1725 é aberto um novo largo, donde irradiavam quatro ruas - o Campo Novo[3]. O século XIX será paralelo ao século XVII e só na segunda metade desse século o marasmo continuará a ser vencido.

Braga – Ruas e Praças da Braga Medieval (ALBERTO FEIO) [DIÁRIO DOMINHO, 16.8.1942]
Braga –Designação de Ruas e Praças (LEONÍDIO DE ABREU) [CORREIO DO MINHO, 30.4.1949]
Braga - Denominações antigas d’algumas ruas desta cidade
Braga -Traçado actual das antigas ruas de Braga


[1] As alterações toponímicas (1380-1980) Braga : ASPA, 1982. - 121 p., [1] f. est.; 24 cm. - (Estudos Bracarenses; 1. - Sep. "Museu", 3a Série (1), 1981
[2] Diogo de Sousa (c. 1461-1532) foi bispo do Porto de 1496 a 1505 e de seguida arcebispo de Braga até à sua morte. Foi pela sua acção que Braga rompeu a cintura de muralhas medieval, e se alargou extra-muros.. São da sua responsabilidade a abertura de novas ruas e praças uma nova porta da cidade, o Arco da Porta Nova. Construiu novas igrejas fora de muros como a Senhora-a-Branca.
[3] A actual designação oficial (praça de Mouzinho de Albuquerque) foi atribuída 1898 apenas foi confirmada pela autarquia em 1942. O logradouro continua, entretanto, a ser chamado pela população de “Campo Novo”. 

kwADBraga

19 de novembro de 2017

19 de novembro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
A Revista Portuguesa de História (RPH) é uma revista de periodicidade anual, criada em 1941, no âmbito do Instituto António de Vasconcelos, designado, desde 1975, Instituto de História Económica e Social. Esta Revista tem-se dedicado, desde a sua fundação, à publicação de estudos de investigadores portugueses e estrangeiros na área da História, desde a Antiguidade até à Época Contemporânea. 



A RPH está empenhada na divulgação dos resultados da investigação histórica nas áreas da História Portuguesa e Mundial, sob a forma de artigos, recensões críticas e notícias.  

O acesso é livre, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização do conhecimento em nível internacional. 

Podem aceder aos números que se encontram disponíveis online, a partir do nº 39, onde encontrarão estudos muito interessantes para Genealogia.

kwADCoimbra

18 de novembro de 2017

18 de novembro de 2017 por Manuela Alves comentários
A consulta de documentos antigos, nomeadamente dos registos paroquiais, listas de contribuintes ou de recenseamento político, por exemplo, e o desejo de não reduzir a genealogia familiar a uma lista de factos vitais mas sim o de reconstituir  tanto quanto possível  o contexto em que viveram os nossos antepassados,  estão na origem da criação deste instrumento auxiliar. 

Capela N.S. das Dores (vista actual), onde casaram os meus trisavós
Ele resultou da nossa própria investigação das raizes familiares, sem nenhuma veleidade de criação original ou de rigor na transcrição das fontes, primárias ou secundárias. Limitamo-nos a indicar as fontes primárias onde fomos buscar a informação.
Começo pela Póvoa de Varzim, e agradeço publicamente toda a ajuda que me foi dada pela Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, na pessoa da Dra Ana Maria Caldas da Costa.
Este tópico está aberto à contribuição de outros voluntários. Basta enviarem os ficheiros disponibilizados pro bono para o mail do blogue para publicação e atribuição da respectiva autoria
Toponímia antiga da Póvoa de Varzim

kwADPorto

12 de novembro de 2017

12 de novembro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Seguindo uma dica da Márcia Helena Miranda de Sousa, criamos esta tabela em Excel para calcular a percentagem de antepassados identificados. Desconhece-se o autor da ideia original.

ou


Instruções:
  • Inserir o número de pessoas identificadas, por geração e lugar de origem. 
  • As células a cinzento são de cálculo automático (não precisam de teclar nada nelas).
Para inserir novas colunas:
  • copiar as duas últimas células cinzentas das linhas 22 e 23 e colar numa nova coluna, nas mesmas linhas. Podem depois formatar a coluna com limites, cores, etc.

Tabela da Márcia Helena e na qual nos baseamos, já preenchida:


Mãos à obra :-)


9 de novembro de 2017

9 de novembro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Da leitura de documentação antiga resultam, por vezes, algumas descobertas interessantes. É o caso da tomada de posse da igreja de S. João de Castelões pelo novo reitor Domingos de Sousa, registada em documento. Nele se descreve o ritual seguido nessa investidura. 


Missa de S. Gregório por Francisco de Campos - Séc. XVI (1560-1570) - Arquidiocese de Évora

Aos vinte e dois dias de Março, domingo de paixão, dominica passion, do ano presente de seiscentos e quarenta e três na igreja paroquial de São João de Castelões do termo da vila de Guimarães, me foi entregue umas bulas apostólicas de Sua Santidade, as quais beijei e pus na coroa da cabeça como filho obediente aos mandados apostólicos, e as preguei na porta principal da dita igreja matriz, e as publiquei, estando presentes a maior parte dos fregueses, e por verdade delas dei posse a Domingos de Sousa reitor novo, e a seu requerimento fiz o seguinte, e das testemunhas abaixo nomeadas, e logo ele reitor disse missa na dita igreja, tomando a dita posse dela, pondo as mãos nos cálices e pedras de ara e corporais e vestimentas, e livros, e galhetas e tomou as chaves nas suas mãos e abriu as portas e as fechou, e tangeu o sino, sendo vigário na dita igreja o padre Francisco Jorge com seu título ad nutum, o qual disse que não punha dúvida alguma a ele dito reitor a tomar posse, mas que protestava não prejudicar seu direito que tinha de vigário com seus títulos que tem, assim desta dita igreja como da igreja de São Pedro de Queimadela e meeira a esta igreja de são João de Castelões. Testemunhas Domingos Fernandes de Varzielas e João Jorge e Pedro Francisco e António Francisco, Domingos Gaspar, todos fregueses desta igreja de Castelões, e eu Ciprião Machado, vigário de Santa Cristina de Agrela, que esta posse dei a requerimento do dito Domingos de Sousa reitor novo hoje era ut supra.

Não é difícil imaginar o ritual através das palavras de Ciprião Machado; os beijos, as bulas na cabeça, o abrir e fechar de portas, o sino tangido e os objectos tocados, todo um comportamento que não deixava dúvidas, a presentes e futuros, de que a reitoria era agora sua. Numa época em que não eram ainda seguidas regras rigorosas para a realização e arquivamento de inquirições de genere (os habilitandos ficavam com os processos, que acabavam por se perder), estes documentos serviam também de prova de sacerdócio. Neste caso específico, 50 anos mais tarde, serviu de evidência da pureza de sangue da geração de um habilitando. A braços com um impedimento que lhe resultara da fama de ser cristão-novo, esgravatou arquivos à procura de comprovativos da cristã velhice da sua família. Assim, com este documento, «donde se deixa ver as falsidades do impedimento», não deveria a diocese duvidar da sua limpeza, uma vez que, na percepção da altura, nunca teria Domingos de Sousa sido aprovado para o sacerdócio se fosse cristão-novo. Sabemos que muitos cristãos-novos integraram, de facto, a hierarquia religiosa, mas isso é outra história...

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por Maria do Céu Barros comentários
Publicada no Boletim de Trabalhos Históricos, está online, na página do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, mas dividido em vários pdf's, uma lista de crianças expostas. O trabalho não tem indicação de autor, nem da fonte primária.

Os pdf's não são pesquisáveis e a ortografia é a da época, pelo que não é possível pesquisar dentro deles. Têm no entanto a vantagem de estarem ordenados cronologicamente.

Entrada dos engeytados da villa de Guimarães e seu termo, desde 1745 a 1850*

1745 a 1746 - Revista: Vol. XII, 1949-1950, p.160-192
1746 a 1747 - Revista: Vol. XIV, 1952, p.73-96
1747 a 1749 - Revista: Vol. XIV, 1952, p.161-192
1749 a 1750 - Revista: Vol. XV, 1953, p.158-179
1751 a 1751 - Revista Vol. XVI, 1954, p. 71-84
1751 a 1752 - Revista: Vol. XVI, 1954, p.180-192
1752 a 1753 - Revista: Vol. XVII, 1955, p.142-169
1754 a 1754 - Revista: Vol. XVIII, 1956, p. 129-142
1755 a 1757 - Revista: Vol. XIX, 1957, p. 108-135
1758 a 1761 - Revista: Vol. XX, 1958, p. 149-191
1761 a 1762 - Revista: Vol. XXII, 1962, p. 128-150
1763 a 1763 - Revista: Vol. XXIII, 1963, p. 58-69
1764 a 1765 - Revista: Vol. XXIV, 1964, p. 74-99
1766 a 1767 - Revista: Vol. XXV, 1965, p. 122-146
1768 a 1768 - Revista: Vol. XXVI, 1966, p. 237-246
1769 a 1769 - Revista: Vol. XXVII, 1967, p. 183-197
1770 a 1770 - Revista: Vol. XXVIII, 1975-1977, p.254-266
1771 a 1771 - Revista: Vol. XXIX, 1978, p.157-166
1772 a 1772 - Revista: Vol. XXX, 1979, p.305-317
1773 a 1773 - Revista: Vol. XXXI, 1980, p.241-253
1774 a 1774 - Revista: Vol. XXXII, 1981, p.204-216
1774 a 1744 - Revista: Vol. XXXIV, 1983, p.297-309
1775 a 1775 - Revista: Vol. XXXV, 1984, p.259-271
1776 a 1776 - Revista: Vol. XXXVI, 1985, p.349-359
1777 a 1777 - Revista: Vol. XXXVII, 1986, p.251-264
1778 a 1778 - Revista: Vol. XXXVIII, 1987, p. 247-259
1779 a 1779 - Revista: Vol. XXXIX, 1988, p.339-357
1780 a 1780 - Revista: Vol. XL, 1989, p.289-306

* Não encontramos mais publicações desta série posteriores a 1780

Actualizado em 15-06-2020
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7 de novembro de 2017

7 de novembro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Documento muito interessante sobre a emigração portuguesa para o Brasil, sobretudo por abordar também o período colonial. Nele são listadas variadas fontes que poderão ser úteis para pesquisa de passaportes dessa época.



"Muitos portugueses chegaram no Brasil durante essa época, não apenas como colonos subsidiados, mas também como migrantes por conta própria. Livros de registo de passaportes do fim do século XVIII mostram que havia um pequeno, porém constante fluxo de pessoas que migravam para o Brasil independentemente. Estes não faziam parte de nenhuma iniciativa de colonização de um estado patrocinador, mas buscavam um futuro melhor." Note-se, no entanto, que a maioria seguia para o Brasil sem passaporte, sobretudo as mulheres.

Ainda assim, muitos desses recém-chegados (...) vieram para o Brasil sem passaporte e a sua chegada nunca foi registada. Em 1833, o chefe de polícia do Rio de Janeiro, Aureliano de Sousa Oliveira Coutinho, declarou que um grande número de portugueses haviam entrado no Brasil sem passaporte. Este afirmou:

  • ... milhares de portugueses, que atualmente nele (no império) estão residindo, é bem sabido que a maior parte deles veio sem trazer passaporte.
Um ano depois, o cônsul português João Baptista Moreira afirmou que a maioria dos portugueses vivendo no Rio de Janeiro tinham imigrado sem passaporte.   
A chegada de constantes e massivas ondas de portugueses no Brasil também é evidenciada por fontes qualitativas. Por exemplo, em 1826, o cônsul português no Rio de Janeiro Carlos Mathias Pereira, escreveu para o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, o Conde do Porto Santo, dizendo que todos os navios de portugueses, particularmente vindos do Porto, chegaram ao Rio cheios de pessoas fugindo de Portugal.

  • Permita-me V. Exa. que eu tome a liberdade de apresentar que todas as embarcações que saem de Portugal vem cheias de gente fugida, particularmente as que vem do Porto. O “Danúbio” que chegou ultimamente, além de um grande número de pessoas que trouxe de mais na lista da tripulação, trouxe escondidos 38 rapazes; esta classe de gente que vindo para  o Brasil deve fazer falta a agricultura de Portugal.


5 de novembro de 2017

5 de novembro de 2017 por Gnealogiafb2 comentários
A revista Cadernos do Arquivo Municipal é editada semestralmente (junho e dezembro) pelo Arquivo Municipal de Lisboa, com o objetivo de divulgar o conhecimento do acervo à sua guarda. Publica artigos, sujeitos a arbitragem científica, sobre temas diversificados que tenham por base a documentação do Arquivo.
O conteúdo da revista é dirigido a investigadores, utilizadores do Arquivo e estudiosos da cidade de Lisboa. - in Arquivo Municipal de Lisboa

Abordando temáticas que vão desde a arquivística aos mais diversos aspectos da História de Lisboa, estes cadernos incluem, por exemplo, Histórias de Casas e quem lá viveu, entre outros assuntos interessantes para Genealogia.

HISTÓRIAS DE CASAS E DE QUEM LÁ VIVE(U) - VOLUME I

Os cadernos podem ser visualizados nos seguintes links:
Cadernos 1ª Série 
Cadernos 2ª Série


kwADLisboa

23 de outubro de 2017

23 de outubro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Os processos de dispensas matrimoniais são regulados pelas Constituições Sinodais do Arcebispo D. Sebastião de Matos e Noronha em 1637. Aí se estabeleciam que eram proibidos os casamentos entre pessoas com relações de consanguinidade/afinidade até ao grau estipulado pela legislação eclesiástica. Contudo, quando se verificassem motivos válidos e pertinentes para a realização desses casamentos era possível iniciar um processo que, verificando-se todas as exigências, era susceptível de conduzir à dispensa do grau de parentesco e consequente autorização para casar.

A série é composta por processos oriundos, geograficamente, de todo o território do Arcebispado de Braga. Cada processo apresenta diversos documentos, nomeadamente: requerimentos, breves apostólicos, declarações dos requerentes e de testemunhas, árvores genealógicas dos requerentes, penitências, transcrições de certidões de óbito, etc.
Fonte: ADB

La bénédiction du jeune couple avant le mariage - Pascal Dagnan


Esta documentação encontra-se digitalizada pelo FamilySearch, mas apenas uma parte está descrita na página do Arquivo Distrital de Braga, contendo os nomes dos nubentes, as suas naturalidades e a data da dispensa. Trata-se de uma série há muito aguardada, dado o seu interesse para Genealogia. O ficheiro Excel, contém essas descrições assim como os links para os respectivos processos no FamilySearch. 


Note bem: existem muito mais licenças para além destas, mas ainda não foram catalogadas pelo ADB. Se não encontram no ficheiro o que procuram, podem pesquisar no FamilySearch, onde existem os processos, mas não as descrições (terão de abrir os processos, um a um, até encontrarem o que procuram).

Os casamentos consanguíneos constituíam, muitas vezes, um mecanismo de manutenção ou aquisição de bens, sobretudo de  natureza fundiária. Sugerimos, assim,  a leitura do artigo Propriedade agrária e arranjos matrimoniais: uma análise comparada entre São Paulo do Muriahé e Minho, no século XIX, de Vitória Fernanda Schettini de Andrade, onde esta relação casamento/terra é analisada.

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Originalmente publicado em 31/03/2017

19 de outubro de 2017

19 de outubro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Já aqui temos falado das Habilitações do Santo Ofício como fontes muito importantes na pesquisa genealógica. Se é certo que os paroquiais, de longe a longe, nos permitem apreender alguns vislumbres da realidade daqueles tempos, é nas habilitações que encontramos as fatalidades, os embaraços pelos antepassados de infecta nação, a ambição a par do desespero perante o desvendar  de vergônteas inconvenientes, as deslocações e ausências da terra natal, ecos de um império impossível, a ilegitimidade, a amizade e a rivalidade... enfim, todo um escrutinar de vidas cujo propósito, com fins nada honrosos aos olhos de hoje, gerou resmas de folhas que nos ajudam a escrever a história das nossas famílias para lá do mero acumular de nomes e parentescos.

Serve esta pequena reflexão de introdução à carta que aqui se partilha, datada de 1695, transcrita de uma habilitação (com alguns arranjos para maior facilidade de leitura), onde nos é dada notícia das andanças de Sebastião Gonçalves e de sua mulher Verónica Dias, bisavós do remetente, vítimas da peste e exemplos de luta pela sobrevivência nesses tempos tão adversos. Nela encontram também a explicação da origem de um apelido.



Meu primo (…) 

Já creio saberá V. Mercê como o Reverendo Dr. Provisor nas inquirições da habilitação (...), saiu com seu despacho, pedindo faça declaração da origem do avô materno chamado Sebastião Gonçalves e, tirando informações (…), me informaram ser filho de Salvador Gonçalves e de sua mulher Verónica Dias, moradores que foram (…) nas casas que ficam por cima das de Jerónimo de Magalhães, na esquina da viela ou travessa que vai para a rua de Trás-o-Terreiro dos Padres Loios, que são as que ficam contíguas às casas do dito Jerónimo de Magalhães, e que nelas ficaram vivendo o dito Salvador Gonçalves, pelo seu ofício de cabeiro, e que aí nascera o dito meu avô e outra sua irmã, Maria Ferreira, que foi a mãe de Maria Carneira (…), isto antes que houvesse a peste nesta cidade que parece foi no ano de 1581, conforme o que achei nas sepulturas que estão fora do postigo de Santo António desta cidade, aonde dizem estão enterradas as pessoas que morreram de peste, e não consta houvesse desde então semelhante mal nesta cidade. O que suposto dizem que quando Salvador Gonçalves, antes que houvesse a peste e sendo então o dito Sebastião, meu avô, criança, o mandaram (…) para casa de seus irmãos, que dizem eram sete irmãos moradores na rua do Bairro da dita freguesia (…), dos quais V. Mercê também procede, e a um dos ditos irmãos se chamava Cabeça de Leitão, donde procederam ao depois os Leitões ou Leitoas suas filhas. E que o motivo que houve para se chamarem ao depois de apelido dos Leitões, foi porque, como estivesse o dito irmão de Salvador Gonçalves doente de doença que foi necessário cortar o cabelo, indo à dita igreja rapado, lhe chamaram então as moças daquela freguesia Cabeça de Leitão. E que, como nesta cidade apertasse o dito mal da peste, se foram o dito Salvador Gonçalves e a dita Verónica Dias dela fugindo e levaram em sua companhia a dita Maria, sua filha, que ainda então criavam ao peito por ser criança; e que, chegando à dita freguesia donde era natural, o dito seu irmão o não quis recolher, com o pretexto e receio de que iam ferrados da peste, e lhe fizeram uma barraca ou cabana no monte pegado à dita freguesia, para lá viverem, e lhe levavam de comer e, com efeito, indo o dito Salvador Gonçalves com sua mulher e filha para a dita cabana, sucedeu, daí a dias, morrer nela o dito Salvador Gonçalves, o qual sua mulher enterrou e para isso lhe deram mortalha acochada, e ficou a dita sua mulher vivendo alguns dias, criando ao peito a dita sua filha Maria, até que sucedeu chegar aos termos de morrer e, sentindo-se desta sorte, pediu mortalha e se enterrou a si própria até aos peitos que deixou de fora para a dita criança neles mamar enquanto pudesse. E que, sabendo-se desse desespero, fora o juiz ou ouvidor daquela terra e freguesia e tiraram a dita criança e, para se acabar de criar, apenaram e constrangeram uma mulher de leite, a qual mandaram pôr em outra barraca ou cabana que para isso fizeram; e sucedeu escapar do dito mal a criança e mulher, e que a dita criança se criou ao depois na dita freguesia, em casa dos ditos parentes, aonde era tratada por a menina do milagre em razão de ter escapado do dito mal de peste, até que veio a ser enamorada do morgado (…) que teve a dita filha (…) que veio a falecer religiosa no convento de Santa Clara desta cidade. E que, tendo notícia disso, o dito Sebastião Gonçalves, seu irmão e meu avô, que nesta cidade estava trabalhando de cabeiro, se foi à dita freguesia a buscar a dita irmã para a matar por se haver desonestado com o dito morgado que saiu com seus criados a impedi-lo, de que resultou brigas e pancadarias e houveram feridos e por essa causa a não tratou mais por irmã… 


18 de outubro de 2017

18 de outubro de 2017 por Paula Peixoto comentários
Há mais de 15 anos que compilo informação sobre história, tradições e curiosidades das Forças Armadas Portuguesas. O resultado deste trabalho foi organizado num projeto para publicação mas que, por indisponibilidade das instituições que contatei e falta de interesse das editoras, estaria condenado a "morrer" numa das minhas gavetas.
Pensando melhor, decidi disponibilizá-lo neste espaço para que possa ser utilizado para estudo, tirar dúvidas ou como simples leitura curiosa...
Divulguem por todos os vossos amigos para que chegue ao maior número possível de pessoas, mostrando desta forma que as Forças Armadas também são cultura, também são património e, naturalmente, são uma das raízes do Portugal de hoje!
O autor, José Alves dos Santos

9 de outubro de 2017

9 de outubro de 2017 por GenealogiaFB comentários
A fim de facilitar a pesquisa de habilitações a cargos no Santo Ofício, em 2016 elaborámos índices de todos os processos existentes no ANTT, aqui publicados. Existem muitos erros de transcrição e até de ortografia nas descrições da DGLAB, um dos motivos pelos quais a pesquisa no Digitarq é pouco produtiva. Para verificar e corrigir tudo gastaríamos imenso tempo (somos apenas três pessoas), pelo que optámos por não mexer. O facto de estar tudo no índice permitiria a cada um localizar mais facilmente as pessoas que procuravam, ainda que os seus nomes não estivessem totalmente correctos.

Agora, em colaboração com o Repositório Histórico, foi criada uma base de dados para estes processos. Qualquer utilizador pode aí pesquisar a partir da página de índice, e pode também, simultaneamente, indexar o processo, ou processos, que consulta. Estará, assim, a contribuir para o enriquecimento da base de dados, seja pela adição de informações em falta (naturalidades, pais, avós, etc), seja pelo envio de correções a possíveis erros que detectem. 

Clique na imagem para aceder à base de dados
Uma das grandes vantagens desta base de dados é permitir ainda a indexação de cônjuges, ou futuros cônjuges, também habilitados pelo Santo Ofício, o que aumenta imenso as possibilidades de pesquisa.

A pesquisa é livre, mas contamos com a colaboração de todos. Caso se verifique uma elevada desproporção entre consultas e indexação,  a pesquisa na base de dados poderá, eventualmente, ser restringida àqueles que para ela contribuem, continuando, no entanto, a ser gratuita.

Há projectos que são, e serão sempre, gratuitos. É o caso do Repositório Histórico, com quem o GenealogiaFB colabora activamente, participando também na sua gestão, e um leque crescente de colaboradores que fazem isto exclusivamente por gostarem de o fazer, porque acreditam nas vantagens da livre circulação da informação, porque acham que estão a contribuir para o desenvolvimento cultural da sua região e do país, assim como da Genealogia em particular.
A parte informática do projecto é desenvolvida gratuitamente por uma empresa da área. Porque o faz pro bono, faz todo o sentido que o Repositório Histórico faça a respectiva atribuição na sua página, tal como o faz para todos os colaboradores.

Agradecemos à M Eduarda Fernandes, à Cláudia Gil, ao Manuel Silva Lopes, ao Fernando Correia, ao João Carrilho, à Conceição Oliveira e ao Carlos Maia, a disponibilidade e simpatia com que responderam ao nosso pedido de ajuda na fase de testes desta nova ferramenta, assim como toda a colaboração prestada.

Os ficheiros Excel continuam disponíveis aqui, mas não serão actualizados. Recomendamos, por isso, vivamente a utilização da base de dados no Repositório Histórico.


Série ANTT
Índice
Descrição
Habilitações
15[?]-18[?]
Diligências de habilitandos a diversos cargos do Tribunal do Santo Ofício, predominantemente para o de familiar.
Habilitações Incompletas
1588-1820
Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações Incompletas
Habilitações de Mulheres
1606-1818
Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações de Mulheres



8 de outubro de 2017

8 de outubro de 2017 por Manuela Alves comentários
Actualmente, o Bispado de Lamego é constituído por 14  arciprestados com 223 paróquias. Como característica única na organização eclesiástica portuguesa. é o facto  da sua sede, a cidade de Lamego, não ser capital de um Distrito.

Dada a organização eclesiástica ser muitas vezes a referência usada pelos párocos nos registos vitais, é importante para as nossas pesquisas conhecer essa organização.

Já aqui falamos da evolução da divisão administrativa de Portugal, com destaque para o fabuloso Atlas Histórico, ferramenta online que permite a pesquisa de paróquias, municípios, bispados, comarcas, mostrando também as alterações que essas divisões foram sofrendo ao longo do tempo.


Bispado de Lamego em 1758 e 1801 (clicar nas imagens para aumentar)

Revimos e actualizamos, com mapas relativos aos concelhos/arciprestados deste bispado, uma lista de 2006 publicada por Victor Ferreira no Forum Geneall, que podem consultar aqui.

Sobre a diocese:
Desde a fundação da diocese, formalizada  cerca do ano 570, por influência de S. Martinho de Dume que a submeteu naturalmente à metrópole bracarense, o bispado estendeu-se pela área que hoje ocupa, acrescentada dos concelhos de Arouca e Castelo de Paiva, desanexados mais tarde aquando da criação e depois restauração da diocese de Aveiro. Desde 4 de Julho de 1403 até 1770, ano da erecção da diocese de Pinhel, Lamego integrou também o vasto território de Riba-Côa, desde o rio Douro ao Sabugal, num total de 60 freguesias; desde 1882 até à criação do bispado de Vila Real, em 1922, estendeu-se para além-Douro, pelos concelhos de Alijó, Régua, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Sabrosa e Murça (Fonte: Diocese de Lamego)


5 de outubro de 2017

5 de outubro de 2017 por Manuela Alves comentários

Biblioteca
Videoteca