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  • Primeiros passos em Genealogia: como começar, onde pesquisar, recursos disponíveis e outras informações.

  • Apelidos de família: de onde vêm, como se formaram.

  • Índices de passaportes, bilhetes de identidade, inquirições de genere e outros.

19 de setembro de 2017

19 de setembro de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
Para ajudar no cálculo e demonstração de graus de parentesco, que por vezes aparecem mencionados nos registos de casamento, fizemos uma tabela numa folha Excel que aqui partilhamos.

Para saber mais sobre graus de parentesco sugerimos a leitura do texto do João Ventura no tombo.pt.



As instruções são simples: substituir os N pelos nomes dos contraentes, avós, bisavós e trisavós. A folha já vai formatada para impressão, caso desejem imprimir.
Clique aqui para aceder ao ficheiro.

Por vezes aparecem nos registos termos nem que nem sempre são fáceis de interpretar, tais como transversal, oblíquo, misto e outros. É mais fácil se seguirem estas regras:

1 - Grau igual: ambos os cônjuges são descendentes do tronco comum no mesmo número de gerações. Exemplo: sãos ambos netos dos mesmos ascendentes, ou ambos bisnetos ou trinetos. Por vezes aparece também o termo "simples" nestas situações.

2 - Grau desigual: os cônjuges são descendentes do tronco comum num número diferente de gerações. Exemplo: se um tio casa com uma sobrinha, ele é filho do tronco comum (1 geração) enquanto ela é neta do mesmo tronco (2 gerações).

3 - Misto: o mesmo que desigual. Refere-se às situações em que o parentesco ocorre em mais do que um grau, indicando-se os dois graus. Exemplo: 3º grau misto do 2º - um dos cônjuges é bisneto do tronco comum (3º grau) e o outro cônjuge é neto desse mesmo tronco (2º grau). Também pode aparecer o termo "atingente" em vez de misto.

4 - Transversal, oblíquo ou lateral: o mesmo que colateral. Significa que nenhum dos cônjuges é descendente do outro.

5 - Duplicado ou múltiplo: significa que há mais do que um tronco comum.

Para ajudar, consultem a cábula seguinte. Lembrem-se que isto é para graus canónicos. Os civis são diferentes.




A nossa leitora, Isabella Baltar, traduziu a planilha acima para inglês, para que pessoas que não falam português a possam também utilizar. Clique aqui para descarregar.

For non Portuguese speakers, an English version of the above spreadsheet is available for download, courtesy of Isabella Baltar who translated it

A pedido de alguns leitores, fizemos outro esquema com 10 gerações. A visualização não é tão boa, mas tem a vantagem de também poder ser usada para vários fins.


Originalmente publicado em 5-8-2016

4 de setembro de 2017

4 de setembro de 2017 por Paula Peixoto comentários
Como é do conhecimento geral, a emissão de certidões do Registo Civil pode ser requisitada em qualquer conservatória. Na página do Instituto de Registos e Notariado, encontram as listas das conservatórias dos concelhos de Lisboa, Porto e Vila Nova de Gaia. Estas listas incluem as datas dos livros paroquiais que cada uma possuí.


Para mais informações sobre pedidos de certidões, consulte este artigo.

kwADLisboa, kwADPorto
por Manuela Alves comentários
A ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE GENEALOGIA é uma associação cultural sem fins lucrativos, e tem por principal MISSÃO: incentivar e apoiar a investigação, estudo e divulgação da Genealogia em Portugal, na sua inter-relação com a História, a Sociologia e a Demografia, e a defesa e conservação de patrimónios documentais públicos e privados.
Fonte http://www.genealogia-pt.com/pt02.htm 



A Revista Raízes & Memórias, é uma publicação da Associação Portuguesa de Genealogia, tem o  preço de 45, 00 € e encontra-se à venda na Livraria Férin, em Lisboa, e on line em  livrarias especializadas em genealogia. Pode ainda ser consultada em Bibliotecas Públicas.

Porque julgamos  muito útil a sua divulgação, depois de o termos publicado no grupo do Facebook, aqui divulgamos o Índice Geral das revistas 1 a 33, para memória presente e futura.


Índice Geral Revistas 1 a 29  (pdf)

Índice da Revista n.º 30 (a aguardar dados)

 Imagem gentilmente cedida pelo Nuno M. Barata-Figueira, a quem agradecemos.
















Índice da Revista n.º 31

  • «Editorial – Da “Genealogia” à “História Local”»;
  • «”In Memoriam” – Duarte Nuno do Vale e Vasconcelos», por Fernando d’Abranches Tavares Correia da Silva;
  • «”In Memoriam” – Dr. Francisco António de Simas Alves de Azevedo», por José Filipe Menéndez;
  • «Uma Família Inglesa em Viana do Castelo – Os Norton de Dartmouth», por Nuno Miguel Marques Barata-Figueira e Luís Miguel Pulido Garccia Cardoso de Menezes;
  • «Herança de Família», por Lívio Correia;
  • «Sepulturas Armoriadas do Claustro do Convento de Nossa Senhora dos Remédios – Évora», por António Rei;
  • «A Origem dos Mendes Barata da Longra – A Provável Ligação duma Família Pampilhosense aos Baratas de Oleiros», por Pedro Amaro e Nuno M. Barata-Figueira;
  • «Sobre uma Tipologia de “Erros” nos Registos Paroquiais Relativos a Cristãos-Novos em Processo de Redefinição do Seu Estatuto Social – Um Caso Paradigmático na Vila de Redondo», por Luís Projecto Calhau;
  • «Uma Breve Abordagem à “Casa-Chefe” dos Araújo Cerveira – A Linhagem dos Primeiros Senhores do Prazo e Quinta da Pena na Minha Ascendência Paterna», por Maria Francisca Martins;
  • «A Quinta dos Aciprestes e o Pátio dos Giraldes», por Diogo de Azeredo Barata de Tovar;
  • «A Ascendência Açoriana de Eça de Queiroz», por António de Ornelas Mendes;
  • «Os Sousa Prego – Percursos duma Família: Das Origens Colarejas à Principalidade Sintrense», por José Filipe Menéndez;
  • «Pindela – Influências das Pessoas e do Tempo», por João Afonso Machado;
  • «SUSSURROS DA MEMÓRIA – Uma Teia de Cristãos-Novos: Percursos Labirínticos na Genealogia da Família Estrela (Diogo Mendes Pereira – Entendendo as Teias… Os Fios… Os Laços…)», por Maria David Eloy;
  • «Notas Genealógicas da Herdade de Alvares», por Nuno Miguel Marques Barata-Figueira;
  • «Um Episódio das Guerras Liberais em Lourosa (E Sua Extensão a Balocas, Vila Pouca e Avô), por Maria José Borges Valentim e António Alves Borges;
  • «A Origem dos Quintanilhas em Portugal», por Vasco Quintanilha Fernandes;
  • «Os Zuzarte Maldonado, do Alto Alentejo (II) – Velhas Raízes Genealógicas», por João Baptista Malta;
  • «O Vínculo da Capela de São Simão do Bunheiro e a Família Ruela do Concelho de Murtosa», por Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes;
  • «A Comenda de São Miguel de Coja na Ordem de Cristo, nos Séculos XVI e XVII – Laços e Nós, Genealógicos e Sociais»; por Fernando d’Abranches Tavares Correia da Silva;
  • «Relação das primeiras Alunas do Instituto de Odivelas (Infante Dom Afonso)», João Manuel P. Pessoa de Amorim; e
  • «”Ex Libris” de Sócios da A. P. G.», onde se dá conta da nova marca de posse do associado João Francisco Coelho da Fonseca Barata, da autoria do Mestre Segismundo Pinto.


Índice da Revista n.º 32

  • Editorial – Genealogia e Direito Nobiliárquico; José Carlos Soares Machado.
  • A família Duarte Rebelo de Sousa – Alguns Costados Inéditos; Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes & Nuno Miguel Marques Barata-Figueira.
  • Contributo para a genealogia do poeta palaciano Anrique da Mota; Luís Projecto Calhau.
  • Numeramentos na Idade Média em Portugal – Dificuldades na execução; João Silva de Sousa.
  • Uma varonia milenária: Os Souza Coutinho; Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes.
  • Melo Coutinho, de Darei – Clarificação genealógica; António Manuel d’Albuquerque Rocha Gonsalves.
  • Padre Teodoro Ferreira Jácome – Percursos de uma vida – Desde o Baixo Mondego a Terras de Vera Cruz; José Filipe Menéndez.
  • Antroponímia – Esboço de Estudo – Freguesia de Nossa Senhora das Areias, Distrito de Leiria – 1800-1850; Rui do Amaral Leitão.
  • Azevedos da Ponte de Sor; Alice Lázaro.
  • A família Homem-Telles da Beira; Pedro Teles.
  • A Carta de armas quinhentista de Fernando Maldonado: do Alto Alentejo a São Petersburgo; João Maldonado Correia.
  • O lugar do Burgueto na freguesia de Sousa; Lívio Correia.
  • Correia Ferreira Homem – Subsídios para o Estudo da Sociedade na Vila de Cabrela, no 5º Centenário do seu Foral – Cabrela – Montemor-o-Novo (séc. XVII / XIX); Luís Jaime Rodrigues Martins.
  • A comenda de São Miguel de Coja na Ordem de Cristo, nos séculos XVI e XVII – Laços e Nós, Genealógicos e Sociais; Fernando d’Abranches Tavares Correia da Silva.
  • Relação das primeiras alunas do Instituto de Odivelas (Infante D. Afonso); João Manuel P. Pessoa de Amorimm.
  • I Tertúlia Genealógica em Castelo Branco; FATCS:
  • O Arquivo Distrital de Castelo Branco – Quem somos e o que fazemos?; Maria Clara Baptista Beato Fevereiro.
  • Notas sobre a construção do Palácio de Rafael José da Cunha em Castelo Branco – O Palácio dos Cunhas; Leonel Azevedo.
  • Grandes vultos do distrito de Castelo Branco; António de Mattos e Silva.
  • Ligações familiares aos Cardoso de São Martinho de Mouros – Os Cardoso Frazão, os Barata de Castilho, os Barões de Castelo Novo, os Cunha Mota e os Viscondes de Oleiros; Nuno Miguel Marques Barata-Figueira.
  • Vice-Reis da Índia na Ascendência da Família dos Barões de Castelo Novo; Fernando d’Abranches Correia da Silva.
  • A complexidade do universo familiar cristão-novo – Teias, fios e laços genealógicos; Maria David Eloy.
  • TnT – Temas na Tertúlia: – 2015.
  • Notícias do ano de 2015.
  • Estante.
  • Movimento Associativo.
  • Índice geral de Raízes & Memórias até ao n.º 31.
  • Estatutos da A. P. G.
  • Lista de Sócios.
Índice da Revista n.º 33

Clicar para aumentar

Agradecemos ao Nuno M. Barata-Figueira, a partilha deste número que estava em falta nesta lista.
  • Editorial – 30 Anos de Vida Institucional – O Festejo da Existência ou da Realização? por José Carlos Soares Machado…p. 3
  • In Memoriam Eng.º João Francisco Coelho da Fonseca Barata por Fernando d’Abranches Correia da Silva…p. 5
  • Tavares de Pinho de Silva Escura – Em abono do Nobiliário de Luís da Gama por João da Fonseca Barata † & Fernando d’Abranches Correia da Silva…p. 9
  • Dois Trabalhos Inéditos de João da Fonseca Barata – Dos Açores à Beira Serra por Nuno Miguel Marques Barata-Figueira…p. 19
  • Cartas de Brasão de Armas dos Avoengos Açorianos de [por] João Francisco Coelho da Fonseca Barata †…p. 22
  • Habilitações De Genere de Padres do Termo de Alvares, Bispado de Coimbra por João Francisco Coelho da Fonseca Barata †…p. 25
  • Rebellos, da freguesia de São Miguel do Juncal, termo de Porto de Mós por Francisco Montanha Rebello…p. 33
  • D. Ximena Moniz, Mãe de D. Teresa, Condessa (Rainha) de Portugal por António Ilídio Lima Leite Lobo †…p. 87
  • Negreiros Metello por João Carlos Metello de Nápoles…p. 91
  • Os Almeida Vilhena, de Aveiro. A sua Ascensão durante a Monarquia e a 1.ª República por José Manuel Huet de Bacelar de Almeida…p. 99
  • Ligações Papais nas Famílias Portuguesas por Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes…p. 187
  • Mafra nas Memórias do Conde de Mafra - Genealogia e outras histórias por José Filipe Menéndez…p. 239
  • Quem era D. Estefânia Ponça? por Alice Lázaro…p. 253
  • A Casa e Capela de Santa Rita na Pampilhosa da Serra – a sua Antiguidade e os sucessivos proprietários por Ana Paula Loureiro Branco… p. 259
  • A Família Saavedra Rebelo Sebastião – Entre o Baixo Alentejo e o Alto Douro por Nuno Miguel Marques Barata-Figueira & Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes…p. 279
  • A Carta de Armas Quinhentista de Fernando Maldonado – Adenda por João Maldonado Correia…p. 309
  • Relação das Primeiras Alunas do Instituto de Odivelas (Infante D. Afonso) por João Manuel P. Pessoa de Amorim…p. 329
  • II Tertúlia Genealógica em Castelo Branco…p. 393
  • Francisco Tavares Proença Júnior e a 1ª década do século XX por Raquel Vilaça… p. 399
  • A Genealogia Paterna de Francisco Tavares de Almeida Proença Júnior por Fernando d’Abranches Correia da Silva…p. 411
  • TnT – Temas na Tertúlia e Outros Acontecimentos – 2016…p. 441
  • Memória da I Grande Guerra - Nos 100 anos da entrada de Portugal no conflito…p. 447
  • Memórias de Família - O médico que andou desaparecido na Flandres por Ricardo Charters d’Azevedo… p. 449
  • Aníbal de Azevedo, um dos Oficiais Mais Condecorados da I Grande Guerra por João Quintanilha de Mendonça…p. 451
  • Homenagem a um herói da Iª Grande Guerra – Dr. Manuel Hermenegildo Lourinho, médico presente em LA LYS e prisioneiro por José Carlos Lourinho Soares Machado…p. 453
  • Marechal Manuel Gomes da Costa - memória genealógica e biográfica por Fernando d’Abranches Correia da Silva…p. 457
  • Uma órfã da I Grande Guerra por João Pessoa de Amorim…p. 465
  • Notícias do ano de 2016 por Nuno M. Barata-Figueira & Fernando d’Abranches Correia da Silva…p. 467
  • Addenda Auctorum por Manuel Alfredo Cortez da Silva Lopes…p. 475
  • Estante…p. 476
  • Vida Associativa…p. 478
  • Índice Geral até ao N.º 32…p. 481
  • Listas de Sócios…p. 492
  • Índice…p. 505
Revista nº35  Imagem  gentilmente cedida pelo Tiago Sousa Mendes, a quem agradecemos.
 

15 de agosto de 2017

15 de agosto de 2017 por GenealogiaFB comentários

Por Madalena Campos

Sabia-me uma mulher ligada ao Rio Guadiana e seus afluentes, por genealogia materna, conhecendo muitas das suas aldeias e vilas.

Da genealogia paterna, Escurquela, em Sernancelhe, Beira Alta, era a referência, juntamente com as vizinhas Fonte Arcada e Riodades. Todas as outras terras que vi citadas nos assentos paroquiais, como lugares onde nasceram e viveram os avós mais distantes, foram surpresa e levaram-me a sentir um desejo incontido de as visitar.


Mal sabia eu que o Rio maravilhoso que me habituara a amar no Porto, era, afinal, junto com vários afluentes, tão meu como o grande Rio do Sul. 
O Alto Douro de Peso da Régua, Vila Real, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Lamego, Armamar, Tabuaço, São João da Pesqueira, Vila Nova de Foz Côa, afinal pertence-me, tal como ainda em Cinfães, Ferreiros de Tendais. 

Pensava ainda que o meu Mar era a Sul, desde a Albufeira natal até Vila Real, onde o Guadiana tem a foz. 
Acrescentei o mais encapelado Mar de Aveiro, cidade onde, na Rua Direita, viveram durante gerações alguns avós.
Juntei o Mar ao largo de Lisboa, capital onde bem no seu centro, viveram outros.

À ideia de que a Espanha fronteiriça que me dizia respeito era andaluza acrescentei a certeza de que a Espanha do Douro Internacional é raia que me toca também, lá para Freixo de Espada à Cinta.

A Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa Guarda e seu termo também vieram inscrever-se-me na pele.
Guimarães, que me encanta.
Póvoa de Lanhoso, que ainda não visitei.

Há dois Verões que o meu coração me leva a percorrer estes destinos, com a vontade de sempre regressar, com Escurquela a exercer o seu forte apelo, onde tenho bebido, com sede, junto dos poucos parentes da geração da minha avó e meu pai que ainda aí se encontram, informações fulcrais para seguir alguns ramos.
Neste lugar, ainda mais que nos outros, a emoção toma conta de mim, parece que os pássaros surgem em bando para me saudar com o seu canto, os aromas ficam mais enebriantes só para mim, o Rio que ali passa sussura-me segredos, as pinturas belíssimas do tecto da Igreja ganham todo o seu esplendor à minha entrada.


14 de agosto de 2017

14 de agosto de 2017 por GenealogiaFB comentários

Por Isabel Roma de Oliveira

Entrei na genealogia por acidente em 2005, quando morreram, no espaço de um mês, os meus avós paternos. Desse meu avô herdei inúmeros textos e fotografias, sendo que ele já guardava outros textos dos seus avôs. E assim comecei.


Quinta da Veiga, Padim da Graça

Entre inúmeras gavetas e baús encontrei um texto que fazia referência a uma casa cuja fotografia eu já conhecia. Era a Quinta da Veiga, casa dos avós maternos do meu avô, em Padim da Graça. Nessa casa passavam férias os filhos e os netos do casal José Dias Gomes Braga e Maria Amélia de Faria Couto Gomes Braga, meus trisavós. A fotografia parecia dum local idílico e a descrição acentuava o mito. Em 2006 aventurei-me à procura da casa. Fui a caminho de Braga, depois Tibães, Padim da Graça. Encontrei-a quase sem procurar, numa curva do caminho, um pouco mais “baixa”, porque o nível da estrada subiu bastante. Mas era a tal! Ainda se apresenta imponente, com uma grande fachada lateral, um portão frontal face à estrada e a famosa ramada. Imagino o que terá sido numa época em que a construção era mais escassa.

(fotos: 1876/ 2006)

Casa da Ribeira, Porto

A “mais alta casa de Cimo de Muro”, como toda a gente da família lhe chamava, era a casa dos avós paternos do meu avô paterno. Lá nasceram todos os 16 filhos dos meus trisavós. Lá nasceu o meu avô e os seus 2 irmãos. A casa tem estado toda a minha vida em frente aos meus olhos, mas nunca lá tinha entrado, até ao ano passado. Foi vendida depois da morte do meu bisavô, em 1961, e foi transformada num bloco de apartamentos. Recentemente foi novamente vendida e transformada num hostel. Quando me apercebi, marquei lá encontro com uma prima, trineta, como eu, dos primeiros donos. Pedimos permissão, explicando a nossa história, e visitámos, comovidas, uma casa cheia de memórias nossas, mas não vividas por nós!

(fotos: c. 1860 / atualidade)

Casa da Cisterna, Alfanzina, Lagoa

A Casa da Cisterna começou a ser construída em Maio de 1943, pelo avô materno da minha mãe, num terreno chamado Alfanzina. Originalmente, a parte de Alfanzina pertencente à nossa família, era dos bisavós do meu bisavô, que foi quem veio a herdar a propriedade.

Na empreitada de construção estiveram envolvidos dois pedreiros e o meu bisavô, na época com 33 anos, e que era o responsável por todos os trabalhos. No fim da obra foi ainda contratado um carpinteiro, para executar portas e janelas. Mas os trabalhos acabaram por envolver toda a família. O meu bisavô passou 6 meses a amassar barro, o que lhe valeu a alcunha de “Barrento”. Parte desse barro servia de cola às pedras (decorria a II Grande Guerra, pelo que não havia cimento em Portugal), outra parte era depois colocada em formas, pela mão da minha bisavó, e posta a secar, para fazer os tijolos. As paredes da casa chegavam a ter 50 cm de largura, o que tornava a casa muito fresca. A massa do reboco era uma mistura de cal e areia. No ano da construção toda a parte de trás da casa, virada a Nordeste, ficou rebocada e caiada. A frente ficou em bruto, com um reboco tosco, e só em 1958, aquando da construção do armazém, se aplicou o reboco final e se pintou com a característica cor azul-mar.

A família, à época constituída por pai, mãe e duas filhas, veio habitar a nova residência no final de Outubro de 1943, quando foi concluída a primeira fase da construção. Nessa altura a habitação era composta por uma casa de fora (divisão semelhante a um hall, mas maior e com outras funcionalidades), uma cozinha e um quarto, à direita. Frente à casa de fora surgia um corredor que ligava ao quarto principal e à sala de família, e que terminava na porta principal da casa, virada a sueste e ao mar. No telhado, com acesso pelo lado sudoeste, havia um sótão que servia de palheiro. No início de 1944 foi construída a alpendorada para a burra, o galinheiro e instalações para os coelhos, bem como um quarto de arrumos, que servia de armazém, e que ficava ao fundo da alpendorada. No ano de 1947, em Abril, construiu-se a cisterna. Em 1958, ano em que os meus avós se casaram, foi acrescentado à casa um armazém, no lado da estrada, o que permitiu transformar o quarto de arrumos noutro quarto de dormir. Em 1963 a casa adquiriu o aspeto com que permaneceria por muitos anos, com a construção do alpendre, onde ficava a casa de banho e o forno. A casa de banho era constituída por uma sanita (com ligação a uma pequena fossa) e por um chuveiro manual (basicamente composto por uma balde terminado em chuveiro, que se enchia com água fervida ao lume, elevava-se com a ajuda duma corda e abria-se e fechava-se com uma pequena manivela lateral; o escoamento da água do chuveiro era direta para a rua). Frente ao alpendre existiam ainda uma pocilga e uma estrumeira.

Quando o meu bisavô morreu, a 5 de maio de 1980, a minha bisavó ficou na casa. Como não existiam números de portas, algumas casas tinham nomes, para facilitar a identificação. A nossa casa não tinha... Por essa altura, o carteiro decidiu nomeá-la Casa da Cisterna, devido ao grande impacto que a cisterna de 1947, ao fundo do enorme eirado, causava em quem descia em direção à praia. Em todos os envelopes e postais vinha escrito, de lado, com letra tosca, o nome que a casa adquiriu. E nós passámos a dar a morada com o batismo do carteiro incluído! A 29 de Outubro de 1998 a minha bisavó morreu, sendo que a casa passou a pertencer aos meus avós. Em Julho de 2004 terminaram as obras de recuperação e ampliação. Este foi, e será para sempre, o meu paraíso!

(fotos: 1956 / atualidade)

kwADBraga, kwADPorto, kwADFaro

9 de agosto de 2017

9 de agosto de 2017 por Manuela Alves comentários
Quando descobri, nos registos de casamento de 1851 da freguesia da Sé, o segundo casamento do pai da minha trisavó Ana Olinda de Lemos deparei-me com uma história familiar que me remeteu para o ano de 1833 e para um episódio vivido durante o Cerco do Porto.

Aguarela de Alfredo Roque Gameiro



Conta-nos Júlio Joaquim da Costa Rodrigues da Silva [1], que no dia 1.° de Janeiro de 1833 chegou à barra do Porto a expedição do general Solignac com o seu estado-maior e 200 belgas vindos de Ostende via Falmouth na Inglaterra. Estas zonas já tinham sido contaminadas pela epidemia de cólera e durante a viagem declararam-se a bordo casos da moléstia. Avisado o ministério e D. Pedro IV do que se passava, foi enviada uma ordem ao inspector de saúde do exército para inspeccionar o navio, informar de imediato o que encontrasse e proibir, se necessário, o desembarque. Inexplicavelmente este foi autorizado e realizou-se na Foz. Os doentes, transferidos para os hospitais militares do Porto, propagaram a doença para a população civil, a partir do bairro de St.° Ildefonso, onde viviam as lavadeiras dos referidos estabelecimentos.

As deficiências alimentares resultantes do cerco e as péssimas condições higiénicas ajudaram à progressão da epidemia que atingiu o máximo em meados de Fevereiro, mantendo-se estacionária nos meses de Março a ]unho, declinando rapidamente em ]ulho e extinguindo-se em Agosto. 

Numa população calculada em 80.000 habitantes terão morrido cerca de 3.261. A violência do surto epidémico parece ter surpreendido o governo liberal que inicialmente reagiu lentamente e com hesitação. É verdade que logo após a irrupção do surto de cólera e durante o cerco actuou drasticamente, apesar das dificuldades militares e da pobreza de recursos, estruturando os socorros públicos de ajuda à população. Para tal criou uma comissão de médicos em serviço permanente para aconselhar e pôr em execução medidas necessárias como: instalação de hospitais para os doentes, organização da assistência ao domicílio, limpeza das ruas, prisões e habitações, enfim tudo o que fosse urgente para exercer a vigilância sanitária. Não obstante, a eficácia demonstrada foi tardia e não explica o erro inicial. É possível que a situação crítica do ponto de vista militar tenha levado a autorizar o desembarque dos belgas com receio de que uma recusa tivesse efeitos negativos no recrutamento de tropas mercenárias na Europa. (…)[2]

A epidemia atingiu, pois, muitas famílias portuenses que viram falecer desta doença alguns dos seus membros. Assim aconteceu na minha.

Joana Rosa da Graça, minha 5ª avó materna, faleceu a 13  de Junho de 1833, vítima da cólera no hospital improvisado  de S. Pedro de Alcântara, estabelecido na Quinta do Monte de Santa Catarina e que fora pertença dos Frades da Congregação do Oratório. E não fosse o seu viúvo pretender casar de novo, eu teria ficado na ignorância de um história de família com o seu quê de singular, pelo menos aos meus olhos de hoje, já que no passado tal situação seria relativamente vulgar.
E com quem casa o meu 5º avô em 1851?
Com Joaquina Rosa da Graça, irmã mais velha da sua primeira mulher, e com quem tivera filhos desde Agosto de 1834, o que significa que iniciou este relacionamento logo após a morte da primeira mulher. Os filhos são legitimados na altura do casamento, conforme consta do respectivo registo:
Vítor Rodrigues Cardoso, nascido em 4.8.1834  e casado em Miragaia, em 1859;
Eduardo Rodrigues Cardoso de Lemos, nascido em  5.3.1836
José Joaquim da Graça Rodrigues Cardoso, nascido em 3.4.1837. casado em 1857 no Rio de Janeiro, onde era caixeiro, e aí falecido em 1868;
Cristina Augusta, nascida em 15.9.1838

Na participação do óbito de José Joaquim aparece ainda  um José Rodrigues Cardoso de Lemos, que não averiguei quem fosse...

Partilho aqui esta história familiar, menos pelo interesse que possa ter em si mesma para quem não é da família , mas porque a considerei interessante por outros dois motivos:

1º o saber não ocupa lugar e a minha gente  ( e não só...) ficará a saber um pouquinho mais...
2º em genealogia nunca a investigação está acabada... novos documentos poderão vir a enriquecer esta história...
3º os mais imaginativos poderão criar estórias - que até possam servir de "hipóteses" para que se tornem histórias!


[1] Lusíada. História. Lisboa. II Série, n.° 1 (2004) Imaginario Social das Epidemias em Portugal no Seculo XIX, p. 95-125
[2] É certo que os liberais não foram os únicos a errar neste quadro político e militar. O governo miguelista só muito tarde se apercebeu do perigo de contágio (…) que a capital corria devido aos contactos com Aveiro e outros portos da Europa já atingidos (…)Assim, assoberbado com a preeminência das acções militares, reagiu tardiamente acabando por organizar hospitais para os doentes de cólera e tomar medidas de emergência para travar a propagação da epidemia semelhantes às do Porto.Ver o artigo citado para a extensão da epidemia a outras regiões de Portugal.

kwADPorto

1 de agosto de 2017

1 de agosto de 2017 por Manuela Alves comentários
Um dos efeitos colaterais da investigação genealógica é o desejo de conhecer os locais que foram o chão dos nossos antepassados, alguns deles completamente desconhecidos e sem qualquer reminiscência nas memórias familiares transmitidas oralmente.


Desenho de Eduardo Salavisa - Rua de Santa Maria, Guimarães



Agora que uns regressaram de férias e outros estão de partida e, enquanto esperamos pelos vossos textos, inspirados na evocadora fotografia do João Gonçalves, sugerimos o tema que dá o título a esta postagem.  A vossa participação enriquecerá o nosso blogue e, também, as vossas memórias para as gerações que nos seguem...

Mãos à obra, registando visual e oralmente o vosso turismo genealógico.... Ficamos à espera, no local do costume, o mail do Genealogia FB.


por Manuela Alves comentários
«A análise das epidemias mais importantes do século XIX demonstram a existência por parte das elites e da população duma clara consciência das suas implicações sociais, culturais e políticas para a sociedade portuguesa. A resposta colectiva dada aos desafios provocados pela doença permitiu evitar as formas de discriminação social e de hostilização relativamente a grupos humanos em risco de marginalização e suspeitos de serem os responsáveis directos e/ ou indirectos do mal.»

Neste resumo, feito pelo autor, de um pequeno-grande texto de 30 páginas,  está sintetizado o interesse para os que investigam a história da família, ajudando-os a compreender os dramas vivenciados pelos seus antepassados.

O imaginário social das epidemias em Portugal durante o século XIX - Júlio Joaquim da Costa Rodrigues da Silva,  Professor Associado da F.C.H.S. da Universidade Lusíada de Lisboa.



30 de julho de 2017

30 de julho de 2017 por GenealogiaFB comentários
Colecção de assentos encontrados "aqui e ali" e que, pela sua invulgaridade, linguagem, ou simples nota de humor - ou ainda por abrirem uma janela para as mentes do passado - achamos por bem reunir. Outros mais se seguirão, na melhor oportunidade. (Clicar nas imagens para aumentar).


Era homem

«Luísa Paula que assim se apelidava e depois de sua morte se descobriu ser homem e não mulher como se inculcava o qual se chamaria Luís cujo sobrenome se ignora como também a sua naturalidade, assim como se casado ou solteiro cujo morava na viela das Liceiras do Mendes...»
Partilhado por Manuela Alves; Fonte: ADPRT, tif 471, 1828

O Mosquito

Digitalizado e preservado para a posteridade.
Partilhado por Sarah Geoffrey, sem indicação de fonte

Nascidos a 30 de Fevereiro

Partilhado por Luís Salreta e Lia F Sete, sem indicação de fonte

Manuel & Manuel

O cansaço e as distracções podiam dar no casamento de um Manuel Rebelo com um Manuel dos Santos...
Partilhado por João Naia da Silva, sem indicação de fonte

A ira do visitador

O pároco era muito trapalhão e negligente, ficando muitos assentos incompletos. O visitador percorreu o livro deixando os seus comentários mordazes por baixo de muitos assentos. Na primeira imagem pode ler-se «A 20 baptizou o mesmo padre a Maria» e logo por baixo a nota do visitador: «e pregar no deserto». Na imagem seguinte, «No mesmo dia baptizei a Simoa filha de» a que o visitador replicou escrevendo: «e malhar em ferro frio». O livro está repleto deste tipo de observações deste bem humorado visitador.
Partilhado por José Pessoa; livro misto 1604 - 1612 de Loreto, Lisboa, tif 179 e 90

Encontro com João de Deus

E a juvenil irreverência dos seus dezassete anos no termo de encerramento de um Livro de Casamentos de S. Bartolomeu de Messines (1677-1699)
«S. Bartolomeu de Messines 31 de Setembro de 1847. João de Deus de Nogueira Ramos.
Estudante de Latim, depois de haver estudado Direito na Universidade!!!!!
Vós oh olhos que por acaso vierem um dia a passar por aqui; lembrai-vos que sempre houve gente desvairada ... .
...aqui, além, acolá, depois de amanhã, logo, depois, até sempre...
Ah! ah!...ah!...ah!...»
Partilhado por Maria Isabel Frescata Montargil, Livro de Casamentos de S. Bartolomeu de Messines (1677-1699)

Feito com gosto, parido com dores

«... apareceu uma criança à porta de Manuel Fragoso da Rua de S. Miguel, embrulhado em uns panos velhos metido em uma cesta e trazia um escrito do teor seguinte = Este menino foi feito com gosto parido com dores criam-no os senhores vereadores foi em xeprado [ensopeado?] chama-se Bento José= e não se continha mais no dito escrito e foi baptizado solenemente em o mesmo dia...»
Partilhado por Manuela Castelão. Fonte: Livro de baptismos de Ovar de 1727- 1733, Tif 0296.

7 casamentos

«... baptizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Aniceto que nasceu nesta freguesia (...) filho legítimo primeiro deste nome e do sétimo matrimónio de Joaquim dos Santos Correia...»
Partilhado por Samuel Tomé, sem indicação de fonte.

Comida pelos lobos

«Em o primeiro dia do mês de Fevereiro de mil oitocentos e vinte e sete no Adro da Igreja de Carvide foi sepultado parte do corpo de Maria filha de Manuel Heleno e de Maria Joaquina de idade de doze anos morta e comida pelos lobos no pinhal Manço(?) guardando gado. Para constar fiz este assento que assino»
Partilhado por Carlos Franquinho, leitura de Madalena Campos. Fonte: Óbitos de Carvide, Leiria (não está online).

Uma de muitas mortes de parto

«Teresa Maria Lourença do lugar de Covas desta mesma freguesia, mulher que foi de António Rodrigues, faleceu aos vinte e cinco de Agosto do ano de mil e setecentos e sessenta e três, só com o sacramento da penitência, e este sub conditione, por se duvidar se estava ainda viva porém assegurar o cirurgião que não dava sinais de vida, e morrer de parto trazendo duas crianças, e lhe morrer uma na barriga que levou consigo para a sepultura, e a outra escapou, e se baptizou, e por esta razão não deu lugar a sua tão repentina morte, a se lhe acudir mais cedo, pela qual causa também não fez testamento...»
Partilhado por Belo Marques, sem indicação de fonte



29 de julho de 2017

29 de julho de 2017 por GenealogiaFB comentários

Por Madalena Campos

Foi no “escritório velho”, como era designado, agora numa parte da casa que deixara de ser utilizada, de avô e bisavô do meu marido, que vim a perceber a que me dedicar com entusiasmo nos anos seguintes ao cessar da vida activa.

Fotografia de João Gonçalves


Tendo esse avô sido um homem que arquivava toda a correspondência recebida e expedida, havendo inúmera documentação desde o século XVII referente a prazos, heranças, compras, vendas, processos, diários, fotografias, revistas culturais antigas, recortes de jornais, passaportes, bilhetes de navios, pareceu-me haver em arquivo material suficiente, a constituir uma óptima fonte para continuar o trabalho dum tio padre, o Padre José Monteiro de Aguiar, que já tinha estudado a genealogia de duas casas da família, a do pai e da mãe, com dados que eram do conhecimento familiar, e por pesquisa presencial na Torre do Tombo.

A partir das genealogias dessas duas casas e consultando o etombo, parti à procura dos outros nomes de quem permitira a existência dos meus filhos, pela parte da avó paterna, tendo nessas outras fontes pessoais excelente complemento para perceber a que se dedicavam, com quem interagiam, até a traçar-lhes um perfil.

Foi aliciante ver que muitos desses nomes constavam dos documentos existentes nesse escritório e até outros nomes que fui encontrando nos assentos da freguesia e freguesias limítrofes, permitindo conhecer o relacionamento existente entre eles, em termos de parentesco, de amizade, negociais.

Houve na casa um homem a quem estiveram hipotecadas algumas quintas conhecidas, transmitidas a várias gerações. Um homem de negócios financeiros, efectuados em escritórios do Porto e Lisboa. Foi a esse homem a quem roubaram na ocasião da sua morte uma caixa de moedas de ouro existente perto do seu leito. Há um depoimento feito por filho, padre dominicano, que se encontrava no quarto, por onde passaram muitas outras pessoas, depoimento encontrado nesse escritório.

Há cartas de pais para filhos, de filhos para pais, ajudando a perceber os seus percursos. Diários em que são relatados acontecimentos especiais, como nascimento de filhos, falecimentos de esposas, júbilo por uns e dor por outros; fenómenos naturais ocorridos; caderninhos de receitas, uns, outros com formas de fazer face a maleitas várias, de orações, até de cantigas.

Foi graças a esse escritório que senti o gosto pela pesquisa genealógica de todos os membros da família, por todos os ramos, a que me tenho dedicado, para transformar o passado esquecido no presente em presente dando vida ao passado.


Texto inserido na série Do passado esquecido no presente ao presente dando vida ao passado

27 de julho de 2017

27 de julho de 2017 por GenealogiaFB comentários

Por Maria Isabel Frescata Montargil

Muitos anos passaram desde esta foto até ao dia em que me tornei sua neta… 
Eu, que avó de netos crescidos sou agora !
E, contudo, reconheceria sempre este rosto … a vivacidade, o brilho subjacente nos olhos embaciados. A voz …
Nos muitos dias, nas muitas noites com ela vividas, contava-me histórias de um mundo então já antigo . À luz do candeeiro de petróleo, que o “luxo” da electricidade ainda não existia. Histórias passadas lá longe, na vila; lá longe, na aldeia. Histórias que ouvira, de gente há muito desparecida. Histórias vividas junto ao castelo, salteadores terríveis que apavoravam gentes e povoações. Epidemias de funestas consequências por tempos de guerra e de que ouvira falar … Outras que vivera!
Allan Poe invejaria aquelas noites … Enquanto ajeitava as brasas a esmaecerem na fogueira (para quê a tenaz ? Os (calejados) dedos eram para tal óptimos), olhava-me. Num olhar de malícia e cumplicidade, que viveria para sempre comigo. Soltava uma gargalhada fina, a cortar a noite e os tempos ….



25 de julho de 2017

25 de julho de 2017 por Manuela Alves comentários

Casa do Largo, no Porto

              
Encontrei no Porto Desaparecido esta fotografia, proveniente do Arquivo Histórico Municipal do Porto,  que julgo ser a última da Casa do Largo, a casa dos meus bisavós,  onde eu nasci e, antes  de mim,  os meus tios avós desde 1911, e o meu tio materno Arnaldo José, em 1926.
Quando a casa do Largo da Cividade ou Largo do Corpo da Guarda, passou para a posse dos meus bisavós, em 1911, ainda não estava dividida. Isso só deve ter acontecido depois da morte da minha bisavó em 1920. E na parte dividida, à esquerda, por cima do estabelecimento de armador (funerário)  do meu bisavô José Maria da Silva passou a habitar a D. Lucília, professora primária, e seu marido, o coronel Machado.


2 registos da mesma casa com 30 anos de diferença - a casa foi comprada em 1908 ,pelo meu trisavô, teve obras e só passou a ser habitada pela sua filha única, Berta e sua família em 1911.

E como as memórias são como as cerejas, evocar o passado é também evocar as memórias dos vizinhos que povoaram os espaços dos nossos antepassados e quem sabe, dar pistas a seus eventuais descendentes que nos leiam. E cá deixo um exemplo:
A D. Lucilia era irmã da D. Irene Castro, também professora primária, casada com um advogado, pais do Professor Armando de Castro, da Faculdade de Economia do Porto e  do Dr. Raúl de Castro (e também do Amilcarzinho e da Ireninha, no tratamento familiar que era usado lá em casa). Ah mas há mais memórias. A Dra Isabel Machado, casada como Dr. Octávio Abrunhosa, professora e depois minha colega no Colégio de Nossa Senhora da Esperança, e mãe do Pedro Abrunhosa, era sobrinha do coronel Machado, casado com a D. Lucília (este casal não teve filhos).
E para terminar: na casa pegada, do lado direito vivia o ourives (creio) Guilherme Penafort de Campos, com estabelecimento no rés do chão, pai da amiga de infância da minha Mãe, a Lininha (Carolina) Campos. Esta veio a casar com o Dr. Raul de Castro.

E fica para outra altura uma história deste casal, que, fugido às perseguições da PIDE, esteve escondido  na nossa casa de Gaia, para onde tínhamos ido viver, quando a casa do Largo foi expropriada.


kwADPorto

23 de julho de 2017

23 de julho de 2017 por Maria do Céu Barros comentários
A Biblioteca Digital Hispânica é a biblioteca digital da Biblioteca Nacional de Espanha. Proporciona acesso livre e gratuito a milhares de documentos digitalizados, entre os quais se encontram livros impressos entre os séculos XV e XIX, manuscritos, desenhos, gravuras, folhetos, cartazes, fotografias, mapas, atlas, partituras, imprensa histórica e gravações sonoras.

Livro de Horas de Carlos V, manuscrito iluminado, séc. XVI


Possuí no seu acervo variadas digitalizações de documentos relacionados com Portugal, entre os quais fomos encontrar alguns de rara beleza e interesse. A página está muito bem organizada, de utilização muito fácil, e permite não só a visualização como também a descarga em formato pdf ou jpg. Tem a vantagem de estar em castelhano, língua que nós, hermanos deles, entendemos perfeitamente.

Deixamos aqui alguns exemplos do que por lá podem encontrar, começando pelo Códice de Trajes do século XVI, partilhado pelo João Luís Esquivel no Facebook e a partir do qual descobrimos este acervo.


O manuscrito contém ilustrações de indumentarias femininas, masculinas e cenas costumeiras de Espanha, América, Portugal, França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Hungria, Prússia.... Séc. XVI. Na página 18, encontram-se os trajes portugueses.





Nobiliario de Portugal de D. Duarte de Vergaura [Braganza?], datado de entre 1701 e 1800. A imagem é um recorte da pág. 16. Algumas folhas possuem desenhos de escudos de armas desenhados nas margens.


Voyage en Espagne et en Portugal, dans l'année 1774, é um curioso livro de viagens escrito pelo Major W. Dalrymple, que incluí uma relação da expedição dos espanhóis contra os algerianos. A viagem por Portugal começa na imagem 94, com a chegada do autor a Valença do Minho, à estalagem mais miserável do mundo, que dava pelo nome de Estalagem dos Espanhóis. Descreve o Minho, Braga onde havia belas igrejas e grandes casas,  e onde as mulheres traziam manta e vestiam saias de pano preto, ou de tecidos ingleses da mesma cor, o que lhes dava um ar bastante sombrio. Daí segue para o Porto e para o sul, descrevendo as cidades, vilas, paisagens, e tudo o que encontra, deixando as suas opiniões. 
O recorte ao lado está na imagem 71



Existem várias obras sobre Genealogia, como estes Apuntes genealógicos de familias de Portugal, dispuestos por orden alfabético y especialmente del apellido Goes, manuscrito do século XVII, de onde tiramos o brasão ao lado. Podem também consultar um Nobiliário do Conde D. Pedro, ordenado e ilustrado com notas e índices por João Baptista Lavanha, cronista mor de Sua Majestade, e vários outros.
Encontram ainda este Libro de armería del Reino de Portugal traduzido do português, com notas dos solares e seus fundadores, de José Alfonso Guerra y Villegas, 1678.

Nesta Descrição de España y Portugal : su historia, su geografía, su arte y sus costumbres de Alfredo Opisso, 1896, nas imagens 60/63fomos encontrar referências à proverbial hospitalidade portuguesa, seguida da gravura de uma vendedora de peixe.

O viajante que percorre as ruas de Lisboa ficará forçosamente surpreendido por duas particularidades: o grande número de estátuas e de monumentos comemorativos, umas e outros posteriores ao grande terramoto do século passado, e pelo maravilhoso silêncio que nelas reina, contrastando com o que sucede na nossa Espanha, onde tanto se vocifera, grita, gesticula e...perturba. Também é de notar o escassíssimo número que há de cafés e demais estabelecimentos desta classe, coisas que falam muito a favor da cultura e boa educação do povo lisboeta. A gente distingue-se pelas suas maneiras aprazíveis, a sua circunspeção e doce tom de voz, o qual contradiz radicalmente o falsíssimo conceito que temos formado no nosso país do carácter português.
É por isso que quando chegou o momento de partir não puderam dominar os nossos viajantes um certo sentimento de tristeza, tão carinhosa era a hospitalidade que se lhes tinha dispensado...

Nas imagens referidas, encontram uma bonita gravura do mosteiro da Batalha, a que o autor chama catedral.

Muito interessante também este livro com a correspondência apresentada ao parlamento inglês sobre o tráfico de escravos, 1840. Trata-se de uma tradução portuguesa dessa correspondência. Outro documento de interesse é o Tratado sobre la gente de la nación hebrea del Reino de Portugal ofrecido a los prelados que concurrieron en el Convento de Tomar, por los doctores que a aquella junta fueron llamados y presentado a Su Majestad con la resolución de la Junta, século XVI.

Sobre uma das páginas mais negras da nossa História, em 1708 as crueldades da Inquisição em Portugal já eram denunciadas fora de fronteiras, como se pode ler nesta descrição - An account of the cruelties exercis'd by the Inquisition in Portugal.

Estampa de D. Joana

Há leituras sobre diversos temas: mapas, papéis históricos, linhagens, fortalezas, crónicas, Histórias de Portugal... não faltando um livro sobre Arte de Galanteria, escrito por D. Francisco de Portugal, e oferecida às damas do palácio. A biblioteca possuí também estampas, gravuras e fotografias de personalidades portuguesas.

Rainha D. Leonor de Avis, mulher de D. João II

Jean-Baptiste-Joseph Breton de la Martinière, na sua conhecida obra L'Espagne et le Portugal, ou Moeurs, usages et costumes des habitans de ces royaumes, Volume V, imagem 589, dá-nos este retrato das mulheres portuguesas:
«As mulheres portuguesas são com efeito de uma vivacidade extrema. Elas têm muita fisionomia, uma cabeleira soberba, dentes muito brancos, um pescoço belo, pés pequenos e bem feitos. Mais afáveis, mais confiantes do que as castelhanas, elas assemelham-se mais às mulheres da Biscaia.»

L'Espagne et le Portugal, ou Moeurs, usages et costumes des habitans de ces royaumes, Vol. V


E com estas bonitas estampas de costumes portugueses fechamos este post. Visitem a Biblioteca Digital Hispânica, mas façam-no com tempo, pois é muito provável que se percam entre tantas maravilhas.



Algumas imagens foram editadas para efeito de publicação neste post. A tradução de algumas passagens é livre.

22 de julho de 2017

22 de julho de 2017 por Manuela Alves comentários
Há pouco tempo, tive ensejo de visitar e apreciar uma exposição de fotografia em que participavam dois amigos meus. O tema, “O Passado esquecido no Presente”, atraía-me e a exposição não me desiludiu. De todas as fotografias expostas, uma delas impressionou-me muito por tudo o que evocava e que muito me dizia.

Fotografia de João Gonçalves - Galeria no Flickr e no Facebook

E logo ali nasceu uma ideia que foi germinando e que agora partilho convosco.

Já temos aqui, na secção Rubricas, belíssimos textos, criados espontaneamente pelos membros do grupo e que conservamos orgulhosamente guardados no blogue. Agora lançamos um desafio para esta época de férias, desta vez aberto também aos seguidores do blogue, para que escrevam e nos enviem os vossos textos, inspirados  na fotografia acima reproduzida do João Gonçalves, candidatos  a serem publicados neste espaço do blogue

Os únicos requisitos são:
- O texto estar relacionado com genealogia
- Ser original, estar identificado e não exceder o tamanho de A4.

Os vossos textos devem ser enviados para o email do blog.

Não nos atrevemos a chamar a esta iniciativa um concurso literário, pois somos apenas um grupo de “carolas” da genealogia, mas podemos chamar-lhe um certame de talentos, já que isso é coisa que não falta aqui.


João Gonçalves, autor da fotografia, a quem agradecemos a partilha, apresenta-se:

Desde sempre tive um gosto especial pela fotografia. Ao longo do tempo fui aprendendo com os erros, fui seguindo o trabalho de outros fotógrafos, tentando aplicar as técnicas, expondo os meus trabalhos nas redes sociais, onde ia obtendo criticas, que me foram ajudando a melhorar. Mas foi na Exploração Urbana que encontrei “a minha praia”. A exploração de locais abandonados, um fascínio que me acompanha desde pequenino, aliada à fotografia, uma união perfeita, em que de cada lugar tento transmitir uma história, sensações, ambientes,… e mostrar a beleza da ruina, do abandono, do caos.
https://www.flickr.com/photos/jg-instants_of_light/ e https://www.facebook.com/JGInstantsOfLight/

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