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24 de outubro de 2015

24 de outubro de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
A leitura dos registos paroquiais mais antigos não é fácil. Para além dos problemas frequentes inerentes ao estado das páginas e da tinta, assim como à péssima caligrafia de alguns párocos, as abreviaturas, quando mal interpretadas, podem impedir a correcta identificação dos indivíduos. Há ainda inúmeras expressões arcaicas, outras em latim, que vamos encontrando e cujo significado nem sempre é evidente. 
Existem guias, como o que já aqui  publicamos ("Abreviaturas Paleográficas Portuguesas", de E. Borges Nunes), e listas muito úteis, como esta, publicada no blog Notas Soltas da História do Algarve, que abaixo se transcreve, e à qual vamos acrescentando mais termos, com a colaboração de António José Mendes, listando abreviaturas e expressões frequentemente encontrados nos paroquiais.




Abreviaturas

AbreviaturaSignificado
10bro / 10.broDezembro
7bro / 7.broSetembro
8bro / 8.broOutubro
9bro / 9.broNovembro
D.orDoutor
def.to / def.tadefunto / defunta
Dez.orDesembargador
FrFrei
L.doLicenciado
m.tomuito
P.ePadre
p.roprimeiro
R.doReverendo
tend.roTendeiro (profissão)

Abreviaturas de nomes e apelidos

Abreviatura Significado
A.o / Aff.oAfonso
Ag.º Agostinho
Alv.º / Allv.ºÁlvaro
Alves / Alvres / AlzÁlvares
An.tesAntunes
An.to / An.taAntónio / Antónia
Andr.eAndrade
Afonso
Aºseca Afonseca
Ar.ºAraújo
B.arBaltazar
B.eu / B.meu / Bart.oBartolomeu
B.orBelchior
C.na / C.ªCatarina
C.taCosta
Con.trasContreiras
D.asDomingas
D.esDomingues
D.oDiogo
D.os / D.asDomingos / Domingas
D.rteDuarte
DaºsecaDa Fonseca
DizDias
F.doFernando
Fg.do / Fig.doFigueiredo
Figr.aFigueira
Fon.ca Fonseca
Fr.ª / Ferr.ªFerreira
Fr.co / Fr.ca / Fran.co / Fran.caFrancisco / Francisca
Fr.doFernando
Fr.raFerreira
F.roFevereiro
Frz / FrizFernandes
G.ar Gaspar
G.º / Gon.coGonçalo
G.ro / G.raGuerreiro / Guerreira
Glz / GlizGonçalves
H.e Henrique
Ign.oInácio
J.mo / Hier.moJerónimo
Joaq.m / Joaq.na Joaquim / Joaquina
L.coLourenço
M.a Maria
M.ca /M.ça Mendonça
M.cas / Maz / MasMascarenhas
M.da / Marg.daMargarida
M.elManuel
Mad.raMadeira
Mag.daMadalena
Mag.es Magalhães
Marg.da / Mg.daMargarida
Mart.oMartinho
Mas.cas Mascarenhas
Mdz Mendes
Mg.lMiguel
Mir.daMiranda
MizMartins
Miz.ªMisericórdia
N.esNunes
Oliv.raOliveira
P.º Pero ou Pedro
P.raPereira
PizPires
R.oRodrigo
Rib.roRibeiro
Roiz / RizRodrigues
S.bam / Seb.amSebastião
Seq.ra / Siq.ra Sequeira
Sz.ª Sousa
V.ª Vila
V.a / V.ra / Vr.aVieira
V.e / V.teVicente
Vas.cos Vasconcelos
X.erXavier
xp.to / Jhü Xpõ / Xpão / XpaãosCristo / Jesus Cristo / Cristão / Cristãos 
Xp.vão / X.vao / Xp.am / Xpto.vamCristovão

Expressões

ExpressãoContextoSignificado
AlmocreveProfissãoO que anda com bestas de carga e transporte (Dicionário, 1848)
Assistente(...) natural e morador em Tavira, e agora assistente nesta dita freguesia de Quelfes (...) Assistente significa uma residência temporária ou que na altura em que a expressão foi utilizada, se previa ser de natureza temporária.
Assistente (...) assistente em casa de (...) Residência temporária, ou que na altura se pensava ser temporária, em casa de um familiar ou conhecido.
Banhos (...) recebi (...) por palavras de presente, antes de corridos os banhos, por virtude uma provisão do senhor doutor Lopo Soares de Castro, provisor sede vacante deste bispado, a Manuel Rodrigues Porto, viúvo, com Maria Leitão, viúva (...) [1634]Periodo em que é feita a publicação de editais nas igrejas dos nubentes, assim como nos locais onde estes tenham residido, anunciando publicamente o noivado, o qual se realizaria se não houvessem impedimentos. O não cumprimento desta formalidade exigia a dispensa pelo Provisor ou Vigário Geral do bispado.
Cerieiro ProfissãoPessoa que trabalha ou negoceia em cera
CordoeiroProfissãoO que faz cordas (Dicionário, 1848)
Cum facultate in scriptio superioris (...) tiveram as benções matrimoniais nesta Ermida de Nossa Senhora do Rosário de Olhão cum facultate in scriptio superioris (..) [1691]Com autorização superior por escrito. Neste caso, o casamento foi efectuado numa ermida da localidade de residência dos nubentes, em vez de ser efectuado na igreja paroquial da freguesia, o que requereu autorização do Provisor e/ou Vigário Geral do bispado.
Espúrio António, filho espúrio de Maria Álvares (...)Filho ilegítimo
EstanqueiroProfissãoPessoa que arrematou o estangue d'alguma mercadoria ou tem loja de tabaco. (Dicionário, 1848)
FeitorProfissãoAdministrador e negociador (de fazenda alheia, etc.), caseiro, rendeiro. (Dicionário, 1848)
Grave, gravidade"Pessoa grave" ;  "que sempre se trataram com gravidade"Gravidade - t. (termo) de moral: ar serio, decoro no gesto, nas palavras, no proceder. ( "Novo Diccionario da Lingua Portuguesa", de Francisco Solano Constancio, Paris, 1877)
MeirinhoProfissãoOficial de justiça, tinha como função executar prisões, citações, penhoras e mandatos judiciais.
Oficial de ImaginárioProfissãoEscultor de talha em madeira para fins religiosos (estátuas de santos, retábulos de altares, etc.).
SangradorProfissãoO que sangra por oficio (Dicionário, 1789)
Servo / Serva (...) Manuel de Brito, servo de Marcos de Brito casou com Inês Domingues, serva do dito Marcos de Brito (...) [1720]Escravo / Escrava
Subjecto / Subjecta(...) João de Brito, subjecto do Capitão Manuel de Sarrea Teles, e viúvo de Lúcia Raposo, subjecta do Capitão Garcia Palermo (...) [1711]Escravo, Escrava
Tempore prohibito (...) recebi por palavras de presente (...) a Vicente Lopes com Catarina Rodrigues, ambos solteiros, sendo tempore prohibito com licença do senhor provisor (...) [1673]Determinados periodos do calendário religioso (como por exemplo, a Quaresma ou o Advento) em que a celebração de casamentos exigia a dispensa pelo Provisor ou Vigário Geral do bispado.
Tempore prohibito cum facultate superioris(...) se receberam tempore prohibito cum facultate superioris por palavras de presente in faccie ecclesiae (...) [1691]O mesmo que tempore prohibito, indicando que foi obtida dispensa superior para que o casamento fosse efectuado.
Tendeiro ProfissãoO que tem tenda e vende nela (Dicionário, 1789).

Mais expressões:

À estação da missa 
Momento da celebração durante o qual se prestava informação de interesse geral, liam-se decretos, assuntos relacionados com as visitas pastorais, recitava-se doutrina, etc., e onde também, por vezes, se realizavam casamentos.
Exemplos:
"e foram recebidos por mim nesta igreja à estaçam"
"e também me constou do Reverendo Vigário todos os domingos a dava por pública excomungada na estação que fazia a seus fregueses."

Baptismo sob condição, sub conditione
O Baptismo "sub conditione" era efectuado pelo pároco em duas circunstâncias:
a) quando o presbítero desconhecia se a criança já havia sido baptizada (situação que se verificava nas crianças expostas)
b) quando a criança havia sido baptizada (normalmente pela parteira) por se encontrar em perigo de morte e o pároco tinha dúvidas sobre a validade do Baptismo, designadamente se haviam sido cumpridos os procedimentos canónicos daquele Sacramento.
Nos casos de crianças em perigo de morte, o Baptismo podia ser celebrado com um rito breve, reduzido ao essencial, fórmula e infusão com água, podendo administrá-lo “qualquer pessoa que tenha a devida intenção”.
O Código de Direito Canónico estipula que a forma do baptismo sob condição seja usada quando há dúvida sobre a realização do baptismo ou da sua validade:
Cânon 845 § 1. Os sacramentos do baptismo, confirmação e ordem, já que imprimem carácter, não podem ser repetidos.
§ 2. Depois de feita diligente investigação, permanecendo dúvida prudente se os sacramentos mencionados no § 1 foram recebidos de facto, ou se o foram validamente, sejam conferidos sob condição.
Cânon 868 § 2. Em perigo de morte, a criança filha de pais católicos, e mesmo não-católicos, é licitamente baptizada mesmo contra a vontade dos pais.
Cânon 869 § 1. Havendo dúvida se alguém foi baptizado ou se o baptismo foi conferido validamente, e a dúvida permanece depois de séria investigação, o baptismo lhe seja conferido sob condição.
(por Nuno Barbosa de Madureira)

Beneficiado
Padre que goza de Benefício, ou seja tem uma "tença" instituída por algum benfeitor.

Grande Diccionario Portuguez, ou Thesouro da Lingua Portugueza,
Frei Domingos Vieira, Porto, 1871, Vol 1, pág. 756, 
disponível na Internet

Amenta ou Ementa
1 - Reza por um defunto.
2 - O que se paga ao padre pelas preces, em dia de finados.
Exemplo num registo de óbito: "amenta annual e carneiro 1600r"

Postiço
Exposto; que foi adoptado; adoptivo; criança abandonada, desamparada; enjeitada

Enxupiado, enxopiado, enxofrado -ver Ensopear
Exemplo: foi enxupiado em casa for fulano/fulana
BTH - Entrada dos engeytados da Villa de Guimarães e seu termo desde 1745 a 1830

Ensopear
Mergulhar parcialmente, correspondendo ao baptismo por imersão. 
Adaptado de “Constituições do Arcebispado de Braga”, Tít. 1, Constit. 4ª, Lisboa, 1538: 
Quando uma criança foi baptizada em casa, por estar em perigo de vida, cessando o dito perigo, será a dita criatura levada à igreja paroquial, onde o sacerdote se informará do modo que se teve no dito baptismo. E se achar que tudo se fez devidamente, lhe fará os exorcismos acostumados, e lhe porá o óleo e a crisma.
Defendemos estreitamente que nenhum sacerdote baptize a criatura senão por imersão, imergindo-a uma só vez na água, a qual fará dizendo juntamente as palavras do baptismo, excepto em 4 casos, nos quais se fará a aspersão: no primeiro, quando for a pessoa adulta e crescida; no segundo se, verosivelmente, a criatura corresse, por se meter debaixo da água, notável dano por sua enfermidade, porque então bastará lançar-lhe alguma água na cabeça descoberta ou no rosto; no terceiro, quando a criatura não pode sair do ventre da mãe, senão a cabeça ou algum outro membro, que, em tal caso, se deve fazer o baptismo no membro que aparece, por aspersão; no quarto, quando, em caso de necessidade, se não pode ter tanta água que baste para fazer a imersão. 




Originalmente publicado em 26/1/2015

18 de outubro de 2015

18 de outubro de 2015 por Manuela Alves comentários
Da Idade Moderna para a Contemporânea, a imagem da mulher veiculada pelas elites intelectuais passou da perversidade à patologia. Se no Barroco a mulher era encarada como  aliada do demónio que era necessário confinar, controlar, disciplinar nos seus actos e pensamentos, preservando os homens da sua influência maligna, no século XIX, quando, gradualmente, a influência dos médicos se sobrepõe à dos teólogos, a mulher é cada vez mais a doente, a histérica, o ser frágil dominado pelo irracional que necessita do homem tutelar, com este texto  inicia Maria Antónia Lopes, investigadora da Universidade de Coimbra, uma incursão no mundo dos recolhimentos femininos a que deu o sugestivo título de:

Dominando corpos e consciências em recolhimentos portugueses (séculos XVIII - XIX)

por Manuela Alves comentários
Situado extramuros da cidade do Porto, fora da Porta do Olival, o Recolhimento da Rainha Santa Isabel do Anjo foi fundado pela viúva D. Helena Pereira, em 1672, com o apoio dos poderes episcopal, municipal e régio. A instituição destinava-se ao acolhimento de mulheres desamparadas (orfãs, jovens donzelas, senhoras casadas e viúvas). O principal objectivo deste trabalho foi aferir a vocação assitencial do Recolhimento, a partir do estudo do seu universo social. Por conseguinte, depois de uma parte introdutória de delimitação do objecto de estudo, problemática, conceitos, fontes e metodologias, no primeiro capítulo analisam-se questões relacionadas com a fundação e com o suporte económico da comunidade. O segundo capítulo incide nas vivências do quotidiano da instituição, enquanto que o terceiro se centra na análise do universo das recolhidas e das suas redes familiares/sociais, sendo igualmente abordadas questões relacionadas com os conceitos de pobreza e fragilidade femininas.
 Fonte Sinopse de Elisabete Maria Soares de Jesus, ob. cit.
Legenda Apresentava, logo a seguir ao Cerco do Porto, o aspecto que o Barão de Forrester nos deixou e que (...) reproduzimos.O Recolhimento do Anjo é a habitação do lado esquerdo sendo a Igreja e o campanário, os edifícios mais altos do conjunto.
Fonte Imagem e texto legenda  https://marabo2012.wordpress.com/

Poder, caridade e honra : o Recolhimento do Anjo do Porto : 1672-1800 -  Jesus, Elisabete Maria Soares de

17 de outubro de 2015

17 de outubro de 2015 por Manuela Alves comentários
Esta dissertação de Mestrado, com o título em epígrafe, da autoria de João Augusto Neves Baptista, despertou o nosso interesse por dois motivos : por contemplar um tema de inegável importância para a contextualização das nossas pesquisas sobre a história familiar e por colocar, de forma pertinente, o problema das fontes documentais a que poderemos recorrer, bem assim como dos seus limites.
Convém recordar que um dos objectivos deste blog é colocar, ao alcance dos seus leitores, instrumentos de investigação pessoal,  acessíveis a percursos de vida variados, muitas vezes longe de formações escolares especializadas, mas que garantam, dentro de um limite aceitável, rigor e respeito pelas fontes de conhecimento. O saber não ocupa lugar nem nunca é tarde para aprendermos...

Matosinhos entre a Terra e o Mar - As estruturas sócio-profissionais na 2ª metade do século XVII 
Baptista, João Augusto Neves, Porto, 2000

14 de outubro de 2015

14 de outubro de 2015 por Manuela Alves comentários
Diversificada nos seus protagonistas, no tempo e nos espaços, esta relação luso-italiana distingue-se pela sua perenidade e fecundidade. O aprofundamento dos conhecimentos sobre este tema é, pois, do maior interesse, e este livro vem dar um novo contributo para a compreensão desta relação secular. Os estudos agora publicados mostram-nos indivíduos ou grupos pouco conhecidos que ganham uma nova visibilidade e que tornam mais rico e complexo o nosso olhar sobre a história comum de portugueses e italianos, assim sintetiza João Paulo de Oliveira e Costa, director do CHAM, a importância dos estudos reunidos sob o título "Relações luso-italianas na Idade Moderna"


Desses estudos, destacamos e partilhamos dois artigos de inegável interesse genealógico:

DAS SOCIEDADES COMERCIAIS DE JUDEUS E ITALIANOS ÀS SOCIEDADES FAMILIARES DE CRISTÃOS NOVOS. EXEMPLOS - MARIA JOSÉ FERRO TAVARES

OS PERESTRELLO: UMA FAMÍLIA DE PIACENZA NO IMPÉRIO PORTUGUÊS (SÉCULO XVI) - NUNZIATELLA ALESSANDRINI

11 de outubro de 2015

11 de outubro de 2015 por GenealogiaFB comentários
Interessante este contributo vindo do Brasil sobre as relações entre cristão-novos de origem madeirense ou açoriana (mais abrangente que o título deixa supor) e o Brasil colonial. Como escasseiam os temas de carácter genealógico sobre a Madeira e os Açores, muito por culpa da falta de registos paroquiais disponíveis on line, ao encontrar esquecido no meu computador este ficheiro, pareceu-me boa ideia partilhá-lo. Oxalá sejam da mesma opinião.




«A Diáspora cristã-nova açoriana e madeirense para o Brasil Colonial e seus reflexos no Rio Grande do Sul»
Sérgio Mota e Silva
In AÇORIANOS NO RIO GRANDE DO SUL Edições Est e Caravela, pág. 78 - 99, Porto Alegre, RS, 2005, de Santa Inèze Domingues da Rocha.


O texto é uma cópia do que foi publicado no blog  Judaísmo Humanista, onde não se indica autor nem obra. Agradecemos a Sérgio Mota e Silva por nos ter alertado para a correcta autoria e fonte do texto. 

kwADAçores

6 de outubro de 2015

6 de outubro de 2015 por Manuela Alves comentários
O interesse da Paula nos artigos da autoria de Pedro de Azevedo, publicados no Archivo Historico Portuguez Vol. IX 1914 e Vol. X 1916, que existem na Biblioteca Municipal do Porto, chamaram-me a atenção para o interesse da sua divulgação junto de todos aqueles que investigam as suas origens familiares e que também nem sempre dispõem facilmente do acesso às fontes.

Os volumes onde foram publicados não estão disponíveis online, no entanto podem ser consultadas aqui as fotocópias (pdf pesquisável) desses artigos de Pedro de Azevedo. Estes textos tratam de familiares do Santo Ofício, todos de Vila Real, suspeitos de serem, ou descenderem, de cristãos-novos, com transcrições parciais de processos consultados.

Da introdução feita pelo autor, ressaltamos, em grafia actualizada, o excerto seguinte:


"Em continuação das minhas pesquisas sobre a família do romancista Camilo, compulsei grande número de processos dos familiares do Santo Oficio, naturais e residentes de Vila Real e deles retirei o que havia sobre indivíduos recusados e suspeitos. Por estes processos vim a ganhar a convicção de que o aparecimento numa família de familiares, cavaleiros de ordens militares ou eclesiásticas, tanto seculares como regulares, e de bacharéis em direito, não prova que ela fosse de origem cristã-velha.
Um comissário do Santo Oficio que se deixasse subornar por interesses pessoais ou materiais podia dirigir o inquérito de forma que, um individuo mais que suspeito no sangue fosse dado por limpo, o que é confirmado por casos que se amontoam, quanto mais nos apartamos do século XVI, período em que ainda estavam na lembrança as origens cristãs e judaicas de cada um.
Para aumentar a confusão sucede, que no século XVI e principio do século XVII não havia disposição que proibisse a entrada nas ordens religiosas e na nobreza a cristãos-novos e como mais tarde era ignorada esta circunstância, dava-se como prova da limpeza de sangue de uma família a existência nela de eclesiásticos e cavaleiros.
A ciência ainda não tirou bem a limpo a questão da mestiçagem de raças e a consequente mistura de qualidades a elas inerentes. Quanto a Portugal, o que se pode afirmar, é que depois do século XV se deu uma forte inquinação de sangue israelita, porque não tendo a Inquisição destruído todos os hebreus aqui residentes em grande número, nem tão pouco tendo eles emigrado em proporção notável, segue-se que aqui ficaram aderindo de corpo e alma à religião cristã. Temos ainda hoje entre nós algumas famílias notáveis que mal sonham na existência dos seus orientais antepassados. Nos distritos orientais (Bragança e Guarda) ainda se conserva a lembrança de famílias puras e judias, porém no resto do país já ela se obliterou.
Os extractos que fiz dos processos de habilitações de Vila Real provam o que digo em geral."
Pedro de Azevedo

Do Archivo Historico Portuguez, estão digitalizados 4 volumes, disponíveis online através do archive.org:
Volume I - 1903 : Volume IV - 1906 : Volume V - 1907 : Volume VI - 1908

kwADVilaReal

4 de outubro de 2015

4 de outubro de 2015 por Paula Peixoto comentários

De acordo com o princípio que norteou a criação deste blog, publicamos aqui alguns trabalhos elaborados por colaboradores para seu uso próprio e que, generosamente, decidiram partilhar. 
O nosso muito obrigada à Cláudia Susana Pinto, que disponibilizou os seus índices, trabalhos que aqui se publicam. Estes índices não estão completos, mas serão actualizados ao longo do tempo.


Sanfins do Douro

CONCELHO FREGUESIA REGISTOS DATAS

Alijó

Sanfins do Douro
Óbitos 1903
Óbitos 1911-1917


NOTA: OS índices podem conter alguns erros.
kwADVilaReal

18 de setembro de 2015

18 de setembro de 2015 por GenealogiaFB comentários
Abreviaturas hispânicas, números, pontos ortográficos e alfabetos maiúsculos e minúsculos góticos.
Clicar nas imagens para aumentar.


Partilhado por António Filipe Rebola Rosado.

por Maria do Céu Barros comentários
Há dias tivemos uma discussão muito interessante no grupo do Facebook associado a este blog, sobre organização, tratamento e arquivo de fotografias. A partir de uma ideia da Laura Santos, foram surgindo outras experiências e documentação que, dado o seu interesse e utilidade, achamos por bem partilhar aqui.

Fotografia do arquivo de Rafael Baker Botelho

Para além das ideias que surgiram, aprendemos que se deve ter em atenção os materiais utilizados. Os gases libertados pelo papel fotográfico podem reagir com os materiais usados para acondicionar as fotografias. Como se lê neste excelente artigo, cuja leitura aconselhamos:

Os materiais para acondicionamento de fotografia são essencialmente o papel e o cartão e o plástico (poliéster, polipropileno e polietileno). O cartão e o papel devem ter o pH neutro (6.5 – 7.5), ter um elevado teor de celulose, e serem isentos de lenhina, de reserva alcalina, de ácidos, e de colas prejudiciais.
As embalagens de plástico devem ser isentas de plastificantes. O poliéster é o material mais recomendado para a maioria dos acondicionamentos, com excepção de negativos com superfícies delicadas, dos materiais à base de vidro, de ferrotipos e filmes antigos.

Nesta Publicação do Arquivo Público do Estado de São Paulo abordam-se problemas e soluções. Embora seja um artigo mais técnico, é de leitura recomendada para quem quiser aprofundar mais este tema.

Os materiais adequados podem ser comprados nas papelarias, ou nas lojas online especializadas.

Organizar as fotos antigas da família - por Laura Santos

Organizar as fotos antigas da família foi para mim inicialmente um quebra-cabeças. Pensei bastante. Eu não queria gastar dinheiro ou gastar muito pouco, não queria estragar as fotos com colas e queria um sistema que facilmente pudesse ser reformulado caso a ordem das fotos não fosse a melhor. Também não queria os vulgares álbuns que têm uma capacidade muito limitada e as fotos eram muitas. Tive que ter em consideração que as fotos antigas têm diversos formatos e até espessuras. Por outro lado queria um sistema que me permitisse tomar notas de cada foto recuperando datas e dedicatórias. Encontrei esta forma que aqui documento e que tenho adotado sempre que preciso. 

Distribui as fotos de forma temporal , por categorias e até por formatos, da forma que me pareceu melhor.



Fiz ranhuras diagonais para entalar os cantos.





Por fim coloquei as folhas com fotos em micas e reuni-as num dossier.


Uma experiência na conservação de fotos antigas - por Rafael Baker Botelho

Sobre conservação de fotografias familiares, deixo aqui algumas imagens do que fiz a partir da leitura de manuais de conservação e de um curso que fiz em 2012.

VANTAGENS:
1) Preço - meus gastos se limitaram à aquisição do papel de ph neutro e cantoneiras "archival safe" (plástico e cola adequados à preservação de papéis e fotografias);
2) Flexibilidade - sendo o papel vendido por folhas do tamanho de uma cartolina, cortei-o nos mais variados tamanhos, de modo a acomodar adequadamente cada fotografia;

3) Facilidade de aquisição - o material utilizado (papel neutro, cantoneiras apropriadas, lápis, régua, tesoura, estilete e cortador de papel) é de fácil aquisição, usualmente disponível em lojas de papelaria e de materiais artísticos, além daquelas próprias para conservação. Lembro que, normalmente, o material adequado para conservação ("acid free", "archival safe") pode ser encontrado naquelas lojas que se dedicam ao "scrap book".


DESVANTAGENS:
1) Horas de trabalho - como cada envelope é feito sob medida e eu não sou dos mais prendados em habilidades manuais, despendi muitas horas marcando, cortando e dobrando. É preciso se munir de muita paciência ou angariar ajuda entre os habilidosos;
2) Falta de acesso imediato às imagens - para se visualizar cada fotografia, é preciso abrir individualmente os envelopes. No meu caso, o problema foi suavizado porque recebi as fotografias de minha avó já separadas em "coleções" por ramo familiar pelo meu avô. Mantive essa organização e as numerei, montando uma tabela no Excel com todas as informações que tenho sobre as fotos em colunas. Assim, quem quiser ver a coleção "Botelho Reis" (primos de meu avô), poderá pegar a pasta correspondente e somente terá que abrir um a um os envelopes ali guardados. Como quase todos os indivíduos estão identificados, é possível que o interessado vá diretamente àqueles envelopes em que o indivíduo está retratado;


3) Espaço - como explicado acima, a separação por envelopes individuais aumenta o volume de material a ser guardado. Além disso, tentei separar cada "coleção" em pastas, para facilitar a organização e o acesso. Se tiver que me mudar para um lugar pequeno, não sei bem como farei...


17 de setembro de 2015

17 de setembro de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
As visitas pastorais enquadravam-se num sistema criado para, de acordo com as exigências tridentinas, vigiar e corrigir a diferentes níveis o comportamento das populações. Eram, portanto, um mecanismo de fiscalização periódica utilizado pelos bispos para avaliar o estado das paróquias da sua área de jurisdição.  

Jules Breton - Plantation d'un calvaire, 1858, Palais des beaux-arts de Lille, Lille

De acordo com o Direito da igreja,  ao tríptico da falta - pecado oculto, pecado público e heresia - correspondia um mecanismo de intervenção articulado em três vertentes: a confissão, o elemento disciplinar da visita pastoral e a inquisição.

No pecado oculto, ou seja, a falta que ocorria na esfera privada e, portanto, longe dos olhos da comunidade, apenas intervinha o fiel e o sacerdote (confissão e penitência). Já no pecado público e heresia, aqueles que mais preocupavam a igreja, a intervenção ficava a cargo do visitador, uma vez que, sendo do conhecimento geral, representavam uma ameaça para toda a comunidade.

A sua acção não se limitava à vistoria dos livros, porventura o facto que nos é mais visível, já que, a cada passo, nos deparamos com a assinatura dos visitadores nos livros paroquiais, por vezes acompanhada de uma reprimenda dirigida ao pároco. Para além de investigar  aspectos como a conservação da igreja e alfaias litúrgicas, a visita pastoral indagava sobre os pecados públicos, perpetrados quer por fiéis quer por laicos, através da denúncia dos seus vizinhos, e fazia executar penas não só espirituais, mas também temporais, mesmo sobre leigos, podendo, para tal, recorrer à ajuda do “braço secular”. Para além disto, as devassas que resultavam do processo visitacional assumiam um valor jurídico, podendo desencadear um processo judicial no auditório eclesiástico.

Advertência do visitador ao pároco de Veiga de Lila :
«V.o em Vis.ão de 13 de Maio de 1799 
Este livro é um testemunho da "esbalhice" do R. Par.º,  o pouco que cuida no desempenho das suas obrigações. 
Já deixar só folhas em br.co como a 4 aonde aceitei  de estar em br.co; ainda este foi rubricado há 2 anos,  e já está mais sujo do que os findos na Ig.ja de  seus viz.os. Pelo que mando com as penas da (conta?)  que este e todos os mais se conservem em um gavetão  ou armário, que para isso se faça na Sacristia, e dela  não seja tirado em tempo algum.» 
A fls. 11 do Livro 1 de Baptizados de Veiga de Lila

Antes de se deslocar, o visitador deveria avisar os párocos do dia da sua visita, ordenando-lhes que no primeiro domingo ou dia santo, à estação da missa, lessem o edital da visitação e advertissem os seus fregueses que, assim que ouvissem repicar os sinos, fossem para a igreja. Os párocos deveriam, igualmente, admoestar os seus fregueses para que denunciassem os pecados dos quais tivessem conhecimento.

No edital constavam os pecados públicos e, em casos especiais, outros delitos que deveriam ser denunciados durante a inspecção, contemplando, sobretudo, comportamentos sexuais desviantes, delitos morais, comportamentos heréticos e supersticiosos, assim como diversas transgressões à lei natural e aos preceitos da Igreja, nomeadamente o desrespeito pelas obrigações ligadas ao culto.

Para prova do rigor disciplinar, basta ler alguns artigos sobre a matéria do foro comportamental que se encontram nas Constituições Sinodais de 1637. Há alguns artigos com teor completo e outros incompletos.

II. Se há algua pesoa que fizese, ou guardase algua cerimonia judaica ou da feita dos mouros, ou qualquer outros  infieis (...);
III. Se há algua pesoa que por algua via tinha pacto com o demonio ou que o invoque ou que use da arte magica ou de encantamentos, ou de esconjuros, agouros ou sortes para adivinhar, ou que seja feiticeiro ou bruxa, ou que faça fumadouros, ou quaes quer superstições para ligar ou desligar ou para qualquer outro effeito ou mesinhas ou beberagens para algua mulher mover ou naó conceber (...);
IV. Se há algum benzedeiro ou benzedeira de gente, ou de gado, ou que diga que corta braço ou que cure de olhado, ou lance nominas, faça outras superstiçoes para curar de feridas ou de outros males (...); (…)
XI. Se há alguas pesoas que tenhaó illicita conversaçaó e incestuosa com parentes seus ou por consanguinidade, ou por afinidade dentro no quarto grau (...);
XII. Se há alguas pesoas que vivaó como casados, sem serem recebidos em face da igreja ou depois de o serem com nossa licença, vivaó da sobredita maneira antes de se correrem os banhos, e de receberem as bençoens na igreja: ou se há alguns casados que estejam apartados sem autoridade da igreja ou que naó façaó vida marital: ou alguns homens que dem má vida a suas mulheres;
XIII. Se há algua pesoa solteira, casada, ou viuva que tenha algua conversaçaó escandalosa ou que alcovitase ou desse alcouce em sua casa;
XIV. Se há algua pesoa que seja culposa em o pecado nefando, ou infamada delle (...);
XV. Se há alguas pesoas q. estejaó em odio, ou se deixem de fallar de falla publica e sensaçaó christaa;
XVI. Se há algua pessoa que dè tabolagem de jogo em sua casa, de cartas, dados ou de jogos prohibidos e que leve  por isso algum preço; (…)
XIX. E finalmente se há algua pesoa que persevere com escandalo em algum pecado mortal, de que naó queira emmendar- se.

Terminada a fase da devassa e registados pelo escrivão todos os depoimentos, o visitador teria agora de sentenciar os culpados (a denominada “pronúncia”).

Ao seu dispor, o visitador tinha todo um conjunto de sanções de natureza espiritual e temporal, que aplicaria consoante a gravidade do delito e o número de reincidências. Nos casos em que o delito era considerado ligeiro e havia confissão, os pecadores apenas pagavam uma multa. Nos delitos graves, os acusados poderiam ser alvo de penas, como a de prisão ou de degredo por maior ou menor período de tempo. Se os sentenciados reconhecessem a sua falta, assinariam um termo de culpabilidade, caso contrário podiam interpor um recurso para o tribunal eclesiástico declarando-se inocentes.

O sacrosanto, e ecumenico Concilio de Trento em latim e portuguez, Tomo I

Após um preâmbulo semelhante ao do livro dos capítulos, com as necessárias alterações em função da sua especificidade, os livros de devassas apresentam os depoimentos das testemunhas interrogadas, antecedidos pela indicação do seu nome, idade, lugar de residência, assim como, por vezes, a profissão e o seu estado civil. Caso a testemunha não denunciasse qualquer pecado apenas se acrescentaria a expressão “não disse nada”. Ao denunciante, no final da sua inquirição, era-lhe perguntado sobre o grau de parentesco ou relações de convivência com as pessoas que acabara de denunciar. Terminado o inquérito, o delator – mesmo que só o fizesse colocando uma cruz – e o visitador assinavam o depoimento.

Percebe-se, por aqui, a importância dos livros de devassa para a investigação genealógica. Infelizmente, na maioria das dioceses do território continental perdeu-se a quase totalidade dos documentos. Com excepção das dioceses de Braga, Coimbra e Lisboa, onde os fundos existentes actualmente conservam uma parte substancial da documentação originalmente produzida, em todas as outras dioceses a situação é desastrosa. De facto, a documentação sobre visitas pastorais relativa às dioceses de Miranda, Lamego, Viseu, Leiria, Portalegre, Elvas, Évora e Faro perdeu-se quase integralmente. Restam apenas alguns raros exemplares de livros de "devassas" e de “termos” nas dioceses de Miranda, Viseu, Portalegre e Faro, e para estas e todas as outras um conjunto variado de livros de "capítulos". Em relação a esta serie é ainda possível que alguns exemplares se encontrem dispersos pelos actuais arquivos paroquiais, local onde eram originalmente conservados. Note-se que, nalguns casos, a documentação se encontra dispersa por variadas instituições (em Viseu, por exemplo, há documentos no museu Grão Vasco, no Arquivo Distrital e no actual arquivo do cabido de Viseu).

Para a diocese de Braga, podem consultar no Arquivo Distrital de Braga a série Termos das Visitas e Devassas. A documentação existente não se encontra disponível para consulta online. No caso da que está depositada no Arquivo Distrital de Braga, existe um inventário das Visitas e Devassas (pdf).

Através de dissertações e teses, e outros trabalhos de investigadores, podemos aprender mais sobre esta temática e, inclusive, ver alguns exemplos do tipo de pecados públicos denunciados nas visitas. Segue-se uma lista de documentos deste tipo que julgamos ser de interesse para quem desejar aprofundar este tema.

1 - Visitas Pastorais ao Concelho da Lourinhã no séc. XVII (pdf) - Maria dos Anjos dos Santos Fernandes Luís
2 - Crime e Castigo: "Pecados Públicos" e Disciplinamento Social na Diocese e Viseu (1684-1689) (pdf) - João Rocha Nunes
3 - As Visitas Pastorais na Diocese do Porto (1675-1800) (pdf) - Lisbeth Marilim Santos da Silva
4 - Os Livros das Visitas Pastorais da Região Portuense (pdf) - Eugénio dos Santos
5 - Devassas: Uma Análise Das Denúncias Contra As "Mal Procedidas" (Prostituição, Concubinato e Vivência Religiosa nas Minas Gerais do Séc. XVIII   (Google Books)- Lisa Baptista de Oliveira
6 - Uma Instrucção aos Visitadores do Bispado de Coimbra (Séc. XVII?) (pdf)- José Pedro Paiva
7 - Freguesia e Paróquia de Gondifelos (Word) - A. Martins Vieira, Boletim Cultural << III série • nº2  CM V.N De Famalicão, pp. 38-39
8 - Inquisição e Visitas Pastorais, dois mecanismos complementares de controle social? (pdf) - José Pedro de Matos silva
9 - Sob os Auspícios do Concílio de Trento: Pombal entre a Prevaricação e o Disciplinamento (1564-1822) (pdf) - Ricardo Jorge Carvalho Pessa de Oliveira

Fontes:

14 de setembro de 2015

14 de setembro de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
Recolher informações de arquivos 

A pesquisa online, para além de ser mais confortável e não ter horário (está sempre acessível), tem também a vantagem de permitir o download dos registos para juntarmos à nossa árvore. Há, no entanto, ainda muito trabalho a ser feito nessa área pelos arquivos. Irá encontrar frequentemente registos paroquiais que não se encontram ainda disponíveis na Internet. Nesse caso terá de se dirigir ao arquivo onde esses registos estão depositados. Antes de o fazer, leia as regras de consulta de documentos, do arquivo ao qual pretende dirigir-se, no respectivo site online.

É permitido o uso de telemóveis ou máquinas fotográficas nas salas de consulta, mas poderá também solicitar, e pagar, fotocópias dos registos que lhe interessarem, caso deseje uma cópia. 

Fontes

Como é comum dizer-se entre genealogistas, a Genealogia sem fontes é mitologia. Documente tudo com as respectivas fontes pois só assim o seu trabalho será credível.

A descrição da fonte deve incluir, no mínimo, os seguintes elementos:
- Título: o nome pelo qual é conhecida documentação, ou obra consultada
- Autor
- Repositório: o local onde se encontra a documentação (Ex: Arquivo Distrital do Porto)
- Referência ou cota da obra no arquivo
- N.º das folhas, ou páginas, onde pode ser encontrada a informação.

Pode ler mais sobre fontes em Referências às fontes em programas de Genealogia..

Bases de dados

Depois de iniciarmos a nossa pesquisa genealógica, rapidamente nos vemos confrontados com uma quantidade crescente de dados. Os avós vão duplicando de geração em geração e frequentemente, sobretudo quanto mais se recua, dada a escassez de informações para essas épocas, é necessário seguir também os colaterais pois os seus baptismos, casamentos e óbitos podem conter informações que ajudam a completar a dos nossos antepassados directos.

Por esse motivo, há que pensar em formas de organizar os dados que vamos recolhendo. Existem ferramentas que permitem fazê-lo, algumas grátis em versões mais simples, outras é necessário comprar. Uma das mais populares, mas também mais simples, é o MyHeritage Family Tree Builder, que possuí uma versão grátis, fácil de usar, mas existem outras, como o Legacy, também bastante utilizado, com a vantagem de ter uma boa tradução em português, ou o My Family Tree. Há ainda software Open Source, como o Gramps. A escolha da ferramenta depende muito do utilizador, mas todas elas permitem a exportação e importação da base de dados (formato GEDCOM), pelo que não é difícil mudar de programa se encontrar outro de que goste mais.

Introdução de dados no Legacy (clique na imagem para aumentar)

Vista da árvore de costados no Legacy

Entre os diversos programas existentes, grátis ou não, aqui fica uma lista daqueles que são utilizados pelos membros do grupo do Facebook GenealogiaFB que responderam a um inquérito realizado em 6/8/2015, por ordem de popularidade. Podem obter informações sobre cada um destes programas através de uma pesquisa no Google.

MyHeritage Tree Builder
MyHeritage Online
Legacy 
PAF 
FamilySearch 
Gramps 
MS Office (Excel, Access, Word, etc.) 
RootsMagic
Ancestry
TMG
My Family Tree
Family Tree Maker
MacFamilyTree
Brother's Keeper
Webtrees
GeneWeb
Family Historian
The Complete Genealogy Builder
Cumberland Family Tree
AutoCAD
TribalPages
GenoPro 

Precauções a ter com os serviços online

Se optar por utilizar um serviço online para construir a sua árvore, tenha em conta que a informação que partilha nesse serviço poderá já não ser apenas sua propriedade. Alguns serviços online utilizam os dados e imagens, lá colocados pelos utilizadores, para atrair outros potenciais clientes, tornando-os, ou parte deles, públicos na web, ficando assim acessíveis a qualquer pessoa através dos motores de pesquisa. Podem, inclusive, vender parte desses dados a parceiros. 

Tenha também em atenção que, no caso de serviços online grátis, poderá existir um limite para o número de pessoas que pode introduzir na árvore. Atingido esse limite, terá de pagar para continuar a utilizar o serviço.

A fim de evitar surpresas desagradáveis, leia bem os Termos de Uso do serviço online. 

Algumas recomendações para a utilização de serviços online:

- Certifique-se de que pode tornar toda a sua árvore privada, ou seja, não acessível a pessoas que não possuam uma senha de acesso, ou que não tenham sido convidadas para a sua árvore.

- Não promova ninguém a administrador da sua árvore, a menos que tenha absoluta confiança nessa pessoa.

- Embora os serviços online não disponibilizem publicamente dados relativos a pessoas vivas, não inclua endereços completos, números de telefone, ou outros dados que permitam a localização das pessoas, ou sejam susceptíveis de violar a sua privacidade. A mesma regra se deve aplicar para as pessoas falecidas, no mínimo, há menos de 100 anos. 

- Os serviços online também permitem a importação e exportação dos dados. Utilize a exportação de dados para ficheiro GEDCOM frequentemente. Ficará assim com uma cópia de segurança, sempre actualizada, no seu computador. Esse ficheiro poderá ser usado para importar os dados para outros programas de genealogia.

- Se desejar proteger também as fotografias que partilha, pode adicionar uma marca de água a cópias das mesmas. Existem aplicações que permitem fazê-lo em série, algumas grátis. As marcas de água não impedem a manipulação das fotos por terceiros, mas dificultam, o que, normalmente, desincentiva a cópia e reutilização.

- Não assuma que os dados de outras árvores online estão correctos. Faça a sua própria pesquisa e certifique-se de que está bem documentada. Há milhares de árvores online que se estendem até aos primórdios da Idade Média - algumas até ao bíblico Adão - que carecem de qualquer fundamento científico. Desconfie também dos nobiliários pois é frequente encontrarem-se erros. 

- Use o seu bom senso. Assim como não gostará que o seu trabalho e esforço sejam plagiados por terceiros, outros também não gostarão se o fizer. Seja cortês, contacte as pessoas e peça autorização para utilizar os seus trabalhos, não esquecendo de lhes atribuir o devido mérito nas suas próprias publicações. Partilhe com elas outros dados que possua e que lhes possam interessar. A comunicação entre genealogistas, amadores ou profissionais, é essencial. É através dela que chegamos frequentemente a dados que, de outro modo, permaneceriam obscuros.


Veja também:
Dicas para Principiantes

Originalmente publicado em 28/7/2014
Actualizado em 12/11/2022

12 de setembro de 2015

12 de setembro de 2015 por Maria do Céu Barros comentários
Lista das Paróquias do Bispado de Lamego por Nome, Orago e Arciprestado, ordenado pelos Arciprestados que correspondem aos Concelhos.
Aos do norte do Distrito de Viseu há que somar Mêda e Foz Coa, da Guarda.

Autor: Victor Ferreira, Fórum Geneall 19.9.2006

Documento Word

kwADViseu

27 de agosto de 2015

27 de agosto de 2015 por Paula Peixoto comentários
A chancelaria régia era a repartição responsável pela redacção, validação (mediante a aposição do selo régio) e expedição de todos os actos escritos da autoria do próprio Rei. Os serviços da chancelaria régia podiam também reconhecer e conferir carácter público a documentos particulares que lhe fossem submetidos para validação.



CHANCELARIA RÉGIA DE D. AFONSO VI (1658-1684)
Livro de Registo de Perdões e Legitimações Índice

ÂMBITO E CONTEÚDO:
Na chancelaria medieval portuguesa o termo registo reporta-se aos livros ou rolos onde se registava um cadastro ou tombo de propriedades, uma relação de instituições, pessoas ou povoações obrigadas para com o rei em tributos ou serviços, um inventário das instituições eclesiásticas em que o rei detinha o direito de padroado, os registos das inquirições ordenadas pelo rei, e os registos de chancelaria propriamente ditos, em que se verifica sincronicidade entre a expedição de um diploma e o respectivo registo. A imprecisão que se verifica na Idade Média quanto ao conteúdo de um registo de chancelaria cessa por completo no final dessa época e, a partir dos séculos XV e XVI, já se reporta apenas aos registos de diplomas que eram feitos em simultâneo à sua expedição. Nem todas as cartas que passavam pela Chancelaria eram aí registadas, especificando o segundo Regimento da Chancelaria-Mor - em texto que iria passar quase directamente para as ordenações Filipinas (Liv. I, Tit. 19, do escrivão da chancelaria do Reino - no Titulo da casa do registro e ordem "que se nisso há-de ter, que cada hum dos ditos quatro escrivães terá três livros em papel de marca maior encadernados em couro hum para nele se registarem as cartas de doações Padrões officios afforamentos e mercês o outro para cartas de perdões e legitimações e outro para cartas de priuilegios e de aprezentações de igreias e outras místicas, os quais livros serão assinados e numerados pello Chanceller mór"
In ANTT
kwADLisboa

1 de agosto de 2015

1 de agosto de 2015 por Manuela Alves comentários
Os móveis e as roupas
Os móveis da casa eram escassos.
O estrado constituía uma peça comum, a zona de estar, nos paços ou nas casas remediadas. sobre os estrados, as esteiras e as almofadas onde pousavam ou se reclinavam os corpos, as mãos das mulheres na dança das agulhas ou do bordado. Nas paredes ricas, penduravam-se guadramecins no Verão, alcatifas no Inverno. E em quase todas as casas, painéis figuravam Cristo, Nossa Senhora ou os santos.

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